Louis Armstrong é com toda certeza um dos músicos mais icônicos do século 20, influenciando vários músicos de jazz e conquistando o coração de milhões com seu toque único de trompete, sua voz incomum e grave e uma personalidade muito carismática.
Um aspecto desse ícone da música foi que ele foi um dos primeiros músicos famosos a admitir abertamente seu amor pela maconha, mas como a cannabis estava envolta em controvérsias na época, essa informação veio à tona várias décadas depois.
Armstrong, que começou sua carreira na década de 1920, viveu uma época em que a maconha ainda era um produto legal. Inclusive, ainda não era listada como uma droga.
Conhecido como “Satchmo” ou “Pops”, nasceu em New Orleans no dia 4 de agosto de 1901. Seu pai o abandonou muito jovem e sua mãe dedicou boa parte de sua vida à prostituição. Foi nesses ambientes de music-hall onde ele cresceu e começou a sentir o gosto da música. Adolescente problemático (inclusive atirou no padrasto), sua vida mudou quando conheceu o professor Peter Davis. Foi ele quem o apresentou ao mundo da música e o ensinou a tocar trompete, o instrumento que acompanharia Pops por toda a vida.
Durante a década de 1920, Louis conheceu a maconha e continuou com ela pelo resto de sua carreira. Ele a chamava afetuosamente de “the gage”, uma gíria comum para a cannabis naquele ambiente.
“Esse era o nosso apelido para a maconha… Sempre vimos a cannabis como um tipo de remédio, um trago fácil com pensamentos muito melhores do que aqueles cheios de álcool”, disse Armstrong ao seu biógrafo Max Jones.
A peça instrumental “Muggles” é dedicada à maconha. Muggle, ou Mug, era a palavra com a qual os músicos referiam-se aos baseados.
Armstrong foi preso por fumar maconha em frente ao Cotton Club (Califórnia).
“Vic (Berton, seu baterista) e eu estávamos fumando um baseado, rindo e nos divertindo muito juntos. Então dois detetives apareceram, apontaram para o carro dele e disseram: Vamos pegar a ponta, rapazes”.
Os detetives confessaram a Armstrong que o prenderam porque o líder de uma banda rival tinha ciúmes do talento de Pops. Os detetives eram fãs da música de Armstrong e o deixaram “apenas” nove dias na prisão.
Uma das histórias mais engraçadas, embora possivelmente inverídicas, é a que conecta Pops com o presidente Richard Nixon, o mais infame que os EUA já tiveram.
Em 1953, Pops e Nixon se encontram no aeroporto japonês. Nixon, então vice-presidente, gritou ao vê-lo “Satchmo! O que você está fazendo aqui?” Pops explicou que viajou pela Ásia como “embaixador” dos Estados Unidos. Então Nixon, rindo, disse “Embaixador? Os embaixadores não passam pelos clientes normais”, pegou sua mala e seguiram pelo corredor das autoridades. O que Nixon não sabia é que a mala continha um precioso carregamento de maconha de três libras. Muito mais tarde, um congressista compartilhou essa anedota e perguntou a Nixon sobre a relação entre Armstrong e a maconha, na qual Nixon respondeu: “Louis fuma maconha?!”.
Em 1954, sua esposa Lucille foi presa por carregar apenas 14,8 gramas de maconha. Especula-se que a erva pertencia a Armstrong. Seja como for, foi uma quantia ridícula que colocou a pobre Lucille na prisão. O incidente levou Armstrong a escrever uma comovente carta pró-legalização que dizia:
“Meus nervos relaxam com um bom baseado gordo de cannabis. Não posso me permitir ficar tenso, pensando que a qualquer momento eles vão me prender e me levar para a cadeia por uma bobagem menor como a maconha”.
Ainda em 1954 foi publicada uma de suas biografias, a qual foi censurada por seu editor: todas as partes sobre a maconha foram retiradas. Ele prometeu escrever uma segunda parte, mas devido a esse incidente nunca a terminou.
Apesar de tudo, em 1971, pouco antes de morrer, ele concordou em sentar-se com Max Jones e conversar sobre o assunto. Ele diz que foi forçado a desistir da maconha, apesar de seus benefícios medicinais.
“Costumávamos dizer que a maconha é mais um remédio do que uma droga. Mas com toda a bagunça ao seu redor. Mas os custos que tivemos de pagar foram tão altos (em termos de multas e prisão) que no final tivemos que dizer ‘adeus’ e deixá-la. Mas embora todos nós tenhamos ficado com a idade de Matusalém, em nossa memória, haverá muitas lembranças lindas e confortáveis com a Maria para sempre”.
O estado de Massachusetts (EUA) quer dar um importante passo à frente em sua legislação sobre a maconha e permitir que as lojas sem uma “vitrine” levem a maconha até a porta do consumidor.
Durante uma reunião de três horas na terça-feira, a Comissão de Controle da Cannabis (CCC) do estado aprovou algumas mudanças “polêmicas” em seu projeto de regulamentação, permitindo que varejistas independentes de maconha recreativa que não tenham uma loja “vitrine” entregue produtos na porta dos clientes.
A entrega em domicílio já era permitida, no caso de pacientes, e em lojas cadastradas que atendessem a determinadas características. Esta lei abriria um leque de possibilidades, bem como o delivery de maconha para uso adulto, tanto para essas empresas quanto para pequenos varejistas que não precisam ter uma loja física. A intenção por trás dessas mudanças é que as lojas possam competir melhor com o mercado ilegal.
Na primavera passada, o CCC começou a aceitar requerimentos para o que agora é conhecido como uma licença de “correio” para a entrega de maconha para adultos. Mas esse tipo de licença só permitia a terceiros fazer compras em dispensários. A nova licença de entrega permite que um operador atue como uma empresa independente, comprando seu estoque de fornecedores atacadistas e armazenando em seu próprio armazém.
Essa lei é contrariada pelos dispensários que já possuem licença por acharem nesses agentes que não precisam ter todas as autorizações do estado, nem mesmo uma loja física, para exercer a concorrência direta contra eles. Segundo o porta-voz da Associação dos dispensários, trata-se de uma lei “muito decepcionante”.
Embora o CCC não tenha estabelecido um limite para o número de veículos que um licenciado poderia ter, os comissários também votaram pela proibição do modelo de estoque chamado de “caminhão de sorvete”, o que significa que todos os produtos transportados devem estar vinculados a um pedido individual específico. “Para evitar que as entidades operem como depósitos móveis ou lojas de varejo”. Quer dizer, não vai passar um caminhão de erva com música para atrair os maconheiros. O que por um lado, é uma pena.
O principal motivo pelo qual deveríamos legalizar a maconha é porque temos o direito de aproveitar a vida e a liberdade de escolha de fazermos uso responsável do que bem entendermos. No entanto, isso pode ser um argumento insuficiente para alguns. Aqui deixamos algumas razões mais bem fundamentadas.
Por que devemos legalizar a maconha?
1 – Garantir a justiça social
Quando a maconha é perseguida, não é para caçar o homem branco rico que mora no condomínio de luxo ou no bairro de classe alta. A proibição é uma ferramenta de repressão para matar preto, pobre e moradores da periferia. A ilegalidade da maconha beneficia apenas os corruptos e grandes traficantes de drogas que, com o dinheiro obtido pela venda de drogas, também promovem outros crimes mais pesados. A legalização, seguida de uma política tributária justa e razoável, garantiria que o dinheiro gasto com maconha pudesse se direcionado para a construção e melhorias de escolas ou ajudasse os desempregados.
2 – Porque a planta é medicinal por si só
Escutamos muito que ainda precisamos de mais pesquisas para poder afirmar até que ponto a maconha tem propriedades medicinais. No entanto, seu uso milenar para estes fins, e a eficácia provada por vários estudos, mostram que várias doenças ou condições podem ser tratadas com a maconha.
Pode ser menos milagrosa do que pensamos, mas certamente é muito mais segura e eficaz do que outras drogas que se enquadram na categoria de medicamentos e, acima de tudo, menos perigosas do que outras substâncias legais e ilegais.
3- Criação de novos empregos
Ao que tudo indica, estamos chegando em uma das maiores crises do século 21. A maconha também faz parte de uma indústria bilionária que cria milhares de empregos, direta e indiretamente. Por que não apostar nesse tipo de indústria ou invés de insistir em uma guerra falida?
4 – É mais segura
Tudo o que é legal geralmente é regulamentado por órgãos competentes que zelam pela nossa saúde. Se a maconha for legalizada, ela deve passar por esse tipo de regulamentação para ser vendida em pontos licenciados, pois o que consumimos será saudável de acordo com o padrão e, além disso, terá a certeza da procedência e qualidade do produto.
5 – Não é uma “porta de entrada para drogas mais pesadas”
Se alguém ainda está preocupado com o fato de a maconha levar à cocaína, ao crack ou à heroína, não tema: o mito da “porta de entrada” já foi desmentido há anos. Não por nós, mas por pesquisas que mostram que esse argumento não passa de um “mito político”. Além de existirem estudos que mostram que, além de não ser essa tal “porta de entrada”, é uma “porta de saída” de drogas mais pesadas.
Embora se acredite que o uso habitual da maconha entre os jovens não seja recomendado, pode-se dizer que a maconha não afeta a inteligência em termos gerais, apesar do mito do maconheiro preguiçoso. Outro mito que também já se desfez, graças à ciência.
A presença de formigas nas plantas de maconha só pode significar uma coisa: perigo. As formigas formam grandes colônias e usam qualquer coisa para alimentar ou armazenar em seu formigueiro. Elas podem ser vistas geralmente carregando sementes e todos os tipos de restos de plantas, tanto secas quanto verdes. Mas também são grandes necrófagas e, às vezes, caçadoras de outros insetos. Não são comuns que nas plantas de maconha causem danos diretos, exceto para algumas espécies que esperamos não ver por muito tempo, que comem tanto as folhas quanto o caule. Mas as formigas comuns podem causar danos indiretos.
Formigas em plantas de maconha e sua simbiose com algumas pragas
As formigas também podem ser grandes criadoras de certos insetos. Os dois mais comuns são pulgões e cochonilhas. São capazes de transportar literalmente grandes colônias de pulgões e cochonilhas para plantas saudáveis. E procuram sempre plantas com grande movimento de seiva no interior, como é o caso da maconha. Os pulgões se alimentam principalmente da seiva das plantas, que é muito abundante na cannabis. Depois que as formigas levam seu rebanho para áreas de alta concentração de seiva, elas começam a sugá-la para se alimentar.
Quando os pulgões digerem a seiva, eles a transformam em um melaço que as formigas amam e coletam para levar ao formigueiro. Não só cuidam das formigas para que lhes deem uma deliciosa iguaria, mas também as protegem de pulgões predadores naturais, como a joaninha. Além disso, estão sempre dividindo a colônia de pulgões para transportá-los para novas áreas da planta onde podem continuar a se reproduzir e fornecer cada vez mais melaço. Uma planta atacada por uma infestação de pulgões logo começa a perder vigor, suas folhas enrolam e depois secam. Sem falar que, como qualquer praga, o pulgão é um transmissor de vírus se vier de uma planta doente.
O mesmo acontece com a cochonilha, um inseto altamente reconhecível que se fixa aos caules e folhas das plantas. A cochonilha produz um melaço semelhante aos dos pulgões. Elas têm maior dificuldade de movimento do que os pulgões, e as formigas não têm problemas em transportá-los para plantas saudáveis, colocando-os no caule e nos galhos. São mais difíceis de detectar, pois costumam ser de cor marrom-acinzentada e em plantas arbustivas, a busca se torna mais complicada e deve-se prestar muita atenção para localizá-las entre a densa massa de folhas e caules.
Se, após verificar a planta e não ver nenhum sinal de praga instalada, também não confie. Pode ser apenas uma visita de inspeção, existem variedades que são especialmente sensíveis a pragas de pulgões, enquanto outras são muito tolerantes. Em um cultivo, é comum que uma planta concentre mais ataques de pragas do que outra. Afinal, as pragas têm suas preferências. É sempre interessante nestes casos fazer um tratamento preventivo, é sempre melhor prevenir do que remediar.
COMO SE LIVRAR DAS FORMIGAS
Como já dissemos, é raro que a presença de formigas em plantas de maconha não esteja relacionada principalmente a pragas de pulgões e cochonilhas. Se as virmos pairando ao redor do substrato ou subindo pelo caule, a primeira coisa que devemos fazer é verificar minuciosamente a planta inteira. Veremos especialmente as pontas de crescimento e sob as folhas. Alguma folha ligeiramente enrolada ou caída por falta de rega pode ser um claro sintoma da presença de pulgões nas nossas plantas. Verificaremos também todos os galhos e o caule próximo ao solo, onde é mais provável que encontremos a cochonilha.
Para combater as formigas, temos basicamente duas opções. Uma é indireta, que consiste em tratar a praga que certamente encontraremos na planta. O pulgão não é a praga mais difícil de tratar e uma ou duas aplicações de óleo de neem ou sabão de potássio podem ser suficientes. Embora um dos inseticidas mais eficazes e ecológicos da atualidade seja a terra de diatomáceas. São microalgas fossilizadas e trituradas com alto teor de cristais de sílica. Em contato com insetos, perfuram seu exoesqueleto e os matam. É também um nutriente que as plantas apreciam, pois fortalece as paredes celulares e as tornam mais resistentes ao calor e à seca.
Também podemos tratar as formigas diretamente, com a referida terra de diatomáceas borrifada no substrato, ou com um remédio natural. Você pode fazer uma maceração com alho e água e borrifar próximo às plantas. Ou uma mistura de água e limão, pois os produtos ácidos os desencorajam de se aproximar. Ou ainda embrulhar uma seção do caule da planta com fita adesiva de forma que a área que gruda fique voltada para fora. Assim ficarão presos ao tentar escalar o caule, tendo que trocar a fita de vez em quando.
Quanto mais o sistema endocanabinoide é estudado, mais ficamos fascinados por seu papel vital na saúde e nas doenças.
O sistema endocanabinoide (SEC)
Em essência, o sistema endocanabinoide é um sistema de sinalização que permite que as células do nosso corpo se comuniquem. A comunicação entre células, tecidos e sistemas é vital para todos os organismos multicelulares. Quanto mais complexos e evoluídos forem os organismos, maior será a importância das comunicações celulares. A configuração básica necessária para comunicação ou sinalização celular é semelhante àquela para outras comunicações. Temos que saber a mensagem que queremos enviar (uma molécula de sinalização) e para quem queremos enviá-la (que tenha os receptores apropriados). As células normalmente se comunicam por meio de sinais químicos. Esses são tipos diferentes de moléculas (os canabinoides são um de muitos) produzidos por uma célula emissora e liberados no espaço extracelular. Ali, podem flutuar, como mensagens em uma garrafa, para células vizinhas ou permanecer em circulação.
Nem todas as células podem “ouvir” uma determinada mensagem. A célula deve ter o receptor apropriado para poder detectar um determinado sinal. Quando uma molécula sinalizadora entra em contato com seu receptor, ocorre uma reação que desencadeia uma mudança dentro da célula. As moléculas de sinalização são frequentemente chamadas de ligantes, um termo genérico para moléculas que se ligam especificamente a outras moléculas (como receptores). Uma molécula de sinalização e um receptor se reconhecem graças a uma estrutura molecular 3D única. Basicamente, um receptor se liga a uma molécula se sua estrutura se encaixar no local de ligação do receptor, da mesma forma que uma chave se encaixa em uma fechadura. Se encaixar, as portas se abrirão, caso contrário, nada acontecerá. Se uma molécula sinalizadora e um receptor coincidirem, uma cascata de reações ocorrerá posteriormente, o que acabará por levar a uma mudança na célula, como a alteração na expressão de um gene ou mesmo a indução de um novo processo, com divisão celular, apoptose, etc. Esse tipo de comunicação não só permite que as células respondam às mudanças no ambiente extracelular, se adaptem a essas mudanças e prosperem, mas também troquem sinais entre células, tecidos, órgãos e por todo o corpo. Esses princípios básicos da comunicação intracelular são importantes, pois também são fundamentais para a compreensão do sistema endocanabinoide.
O papel do sistema endocanabinoide é muito complexo. Afeta a maioria dos sistemas do nosso corpo e os receptores canabinoides se manifestam (em diferentes níveis) na maioria dos tipos de células. Portanto, não é uma tarefa fácil explicar sua função específica, uma vez que regula a bioquímica da maioria das 37 trilhões de células que se estima existirem em nosso corpo. Diferentes investigações mostraram que o sistema endocanabinoide funciona como um mecanismo de SOS que é ativado quando nosso corpo fica desequilibrado por algum motivo. Por exemplo, é ativado quando sofremos uma lesão física, quando encontramos micróbios patológicos e também quando sentimos dor emocional ou ficamos estressados.
Agora entendemos que o SEC serve como um mecanismo geral de proteção que começa em nível celular, se espalha para os tecidos, órgãos e o corpo para trazer nosso bem-estar geral. O SEC é ativado quando a homeostase celular está desequilibrada. É como a primeira linha de defesa que se produz e que ativa todos os demais mecanismos necessários para recuperar a homeostase o mais rápido possível.
O que é estresse e quanto é demais?
A vida na sociedade moderna apresenta muitos desafios ao nosso sistema endocanabinoide e isso pode levar ao esgotamento do suprimento de endocanabinoides e outros sistemas. Se olharmos para um dia qualquer, levantarmos, prepararmos as crianças para a escola, ou nós mesmos para trabalhar, com pressa, trânsito, trabalho duro e estressante, relações de trabalho, meio ambiente poluído, comida inadequada, água, ar, etc… É evidente que em um único dia nosso SEC enfrenta mais desafios do que em um mês ou vários anos de muitas sociedades antepassadas. Se nosso sistema endocanabinoide for constantemente desafiado por um longo período de tempo, esse mecanismo vital de SOS pode começar a funcionar mal. Ele pode funcionar mal por não produzir endocanabinoides quando precisamos deles, ou produzir endocanabinoides quando não precisamos deles. Geralmente, essa é uma das primeiras fases no desenvolvimento de uma doença crônica, a primeira peça de dominó a cair em uma estrutura complexa de dominós, levando aos sintomas e ao desenvolvimento da doença.
A maioria dos especialistas concorda que muitas, senão todas, as condições médicas crônicas carregam um elemento de estresse em sua gênese, razão pela qual o estresse é realmente considerado a epidemia do século 21.
A reação de lutar ou fugir sempre fez parte de nossa fisiologia e serviu muito bem à humanidade na maior parte de seu desenvolvimento histórico. Esse antigo mecanismo de luta ou fuga ajudou a nos manter seguros, permitindo-nos extrair energia quando precisávamos nos defender ou escapar de uma situação perigosa. Ele também serve como um mecanismo de proteção SOS de muitas maneiras semelhantes ao SEC.
Quando nossa mente percebe uma situação estressante, ela comunica esse estresse à nossa glândula pituitária para liberar hormônios para as glândulas supra renais, que, por sua vez, liberam mais hormônios para se comunicar com outras células e órgãos do corpo. Essa resposta de luta ou fuga ativa o sistema nervoso simpático, inibe o sistema nervoso parassimpático e mobiliza as energias necessárias para superar esses fatores de estresse. Isso é conhecido como eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA). Ao perceber o estresse, a glândula adrenal produzirá hidrocortisona (entre outras), conhecida como hormônio do estresse. O aumento da produção de hidrocortisona resulta em maior disponibilidade de glicose, pois é um hormônio mobilizador de energia que torna mais fácil lutar ou fugir, mas a hidrocortisona também suprime os processos metabólicos altamente exigentes do sistema imunológico, o que, todavia, aumenta a disponibilidade de glicose.
Nosso corpo reage com respostas de fuga ou luta também em situações cotidianas, e essa exposição contínua ou repetitiva ao estresse não é algo que nossos corpos aceitam corretamente. Vemos um aumento impressionante na síndrome da fadiga crônica, insônia e esgotamento, para citar apenas alguns que foram associados à exposição prolongada ao estresse descontrolado.
Estamos lidando com o problema?
Em um corpo saudável, o sistema de resposta ao estresse cuida de si mesmo, mas muitas vezes deixamos de notar os sinais de alerta do estresse crônico. Os sintomas podem variar de cansaço sentido por alguns dias após a recuperação de uma doença até a fadiga debilitante que sentimos diariamente que não desaparece apenas com o descanso, infecções recorrentes, dores de cabeça e problemas digestivos.
O que o SEC tem a ver com isso (interconexão HPA – SEC)?
O eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (eixo HPA ou HTPA) é um conjunto muito complexo de influências diretas e interações de retroalimentação entre os três componentes: o hipotálamo, a pituitária e as glândulas adrenais. Até as próprias glândulas supra renais são mais do que meros produtores de hidrocortisona, pois produzem mais de 50 hormônios diferentes (adrenalina, aldosterona, DHEA, testosterona, progesterona e outros). O SEC está intimamente relacionado às nossas respostas ao estresse de muitas maneiras, desde a percepção de uma situação e reações bioquímicas à dosagem de nossas respostas e comportamentos em situações extremas. Na verdade, o SEC está envolvido na percepção do estresse, na produção de neurotransmissores, na produção de hormônios do eixo HPA e na produção de hidrocortisona, nas funções dos circuitos de retroalimentação e praticamente em todos os aspectos das respostas ao estresse.
Pelo que pudemos decifrar até agora, o SEC é uma parte vital e integrante da percepção do estresse, em certo sentido, é uma interface entre a entrada de estímulos e as respostas em nível sináptico e comportamental. O SEC nos ajuda a definir o significado da situação, determinar o significado da ameaça e ajustar as respostas comportamentais corretas essenciais para a viabilidade de longo prazo, homeostase e resistência ao estresse do organismo.
Quando observamos as regiões do cérebro envolvidas no processamento do estresse, vemos que essas regiões também têm uma alta densidade de receptores de canabinoides. Sabemos que, além do hipotálamo e da glândula pituitária, a amígdala, o córtex pré-frontal e o hipocampo também respondem ao estresse e influenciam nossas reações e comportamento para enfrentá-lo. Todas essas regiões também são conhecidas por terem uma alta densidade de receptores canabinoides. Portanto, mesmo anatomicamente, vemos uma grande interconexão entre os dois sistemas. Uma vez que as regiões do cérebro envolvidas no processamento de estresse também estão bem equipadas com a máquina SEC e sabemos que os canabinoides modulam a transmissão sináptica, É claro que a reação neuronal após a exposição ao estresse pode ser modulada por reações adequadas do SEC. Nas sinapses neurais, os canabinoides funcionam como mensageiros retroativos, ligando-se a receptores pré-sinápticos que, por sua vez, medeiam a supressão da liberação de neurotransmissores, levando a uma redução transitória de curto ou longo prazo na transmissão sináptica. De certa forma, isso significa que os canabinoides reduzem o volume do “ruído cerebral” (reduzem a quantidade de mensagens que viajam de um neurônio para outro). Todos nós sabemos por experiência própria que, quando temos muitos fatores de estresse durante o dia e não os tratamos, temos essa sensação de ruído em nosso cérebro que muitas vezes não conseguimos eliminar na hora de descansar à noite.
Muitos elementos do SEC estão envolvidos nas respostas ao estresse, desde receptores a endocanabinoides, seus precursores e enzimas envolvidas. Portanto, podemos considerar o SEC como um moderador entre o mundo externo e o interno. Ele funciona por meio de muitos mecanismos diferentes, resultando no aumento ou supressão de neurônios em regiões do cérebro relacionadas à ansiedade, medo e estresse. Essencialmente, o SEC funciona como um mecanismo de frenagem usado para refinar nossas reações. O SEC geralmente é silencioso e aciona o freio quando há muita atividade.
Então, como essas intuições podem nos ajudar a lidar com o estresse?
Quando percebemos que nosso corpo não está enfrentando os desafios, é hora de agir.
Alimentação
O primeiro passo será alimentar o SEC e verificar se isso é suficiente. Os alimentos que escolhemos comer, os suplementos dietéticos que tomamos e os vários alimentos e bebidas que consumimos têm um efeito ao longo do tempo no nível de endocanabinoides e nos receptores de canabinoides que o corpo humano pode produzir. As escolhas de estilo de vida que fazemos podem cuidar e alimentar o SEC ou prejudicá-lo. Sabemos que os ácidos graxos ômega-3 são precursores da produção de endocanabinoides, portanto, um fornecimento constante de ômega-3 será vital para um SEC saudável. Quando nossos corpos precisam produzir endocanabinoides e não têm os blocos de construção necessários, independentemente de quantos estímulos existam, nossas células não serão capazes de produzir endocanabinoides. Então, em essência, o sistema SOS está desligado. Aristóteles disse que a saúde vem dos intestinos, isso também é verdade no caso do SEC. Nosso microbioma está em comunicação e interação com o SEC e a comunicação ocorre nas duas direções.
Um microbioma saudável é essencial para um SEC funcionando corretamente, de várias maneiras. Um deles é que grande parte dos endocanabinoides são produzidos no intestino, o outro é a conexão cérebro-intestino, onde muitas das atividades neurais ocorrem graças a moléculas mensageiras enviadas por micróbios benéficos ou não, em nosso intestino. Portanto, no geral, é vital que tenhamos uma população microbiana saudável e benéfica em nosso intestino e em outras partes do corpo para que nosso SEC funcione corretamente. Algumas comidas, assim como o azeite de oliva extra virgem, contêm compostos fenólicos e outros compostos bioativos que podem estimular a expressão aumentada de receptores canabinoides. Portanto, uma dieta variada à base de vegetais será uma boa iniciativa para cuidar do SEC.
Fitocanabinoides
Se fizer escolhas alimentares e mudanças no estilo de vida não ajudar adequadamente, é hora de considerar os fitocanabinoides. O canabidiol, ou CBD, é o fitocanabinoide mais bem estudado na prevenção e controle do estresse. Muitos artigos de pesquisa estudaram o efeito do CBD na ansiedade, depressão, estresse e outros transtornos do humor. O denominador comum nesses estudos é que o CBD oferece alívio desses sintomas por meio de muitos mecanismos diferentes. Para sublinhar os dados dos laboratórios de pesquisa, os resultados de usuários de CBD em todo o mundo mostram resultados muito semelhantes.
O CBD pode ser usado como medida preventiva, já que funciona como uma molécula protetora, pois protege as células dos efeitos do estresse. Regula e ajusta o eixo HPA, ajudando a manter o bom funcionamento de nossa bioquímica mesmo em situações de estresse persistente ou imprevisível. Foi demonstrado que o CBD oferece proteção às glândulas supra renais, tireoide e cérebro durante períodos imprevisíveis de estresse, algo que todos já experimentamos em algum momento.
Por outro lado, se já sofremos de uma ampla gama de sintomas relacionados ao estresse, como fadiga, distúrbios do sono, problemas imunológicos, problemas de digestão e outros, o CBD também pode nos oferecer alívio. O CBD pode, até certo ponto, substituir os efeitos que nossos próprios endocanabinoides deveriam ter. Ele regula a quantidade de hidrocortisona e neurotransmissores que produzimos e pode nos fornecer a distância necessária para evitar situações estressantes. O uso do CBD como parte da estratégia de recuperação da exaustão e fadiga tem se mostrado muito eficiente. Ajuda na neurogênese de regiões cerebrais danificadas por estresse prolongado ou imprevisível, oferece proteção cardiovascular e modulação de todo o eixo HPA. O corpo pode se regenerar, quando podemos diminuir o volume para o do mundo ao redor, descansar, digerir e restaurar o equilíbrio. E os canabinoides podem ajudar significativamente nisso.
Nas palavras do Dr. Mechoulam: “os canabinoides vegetais são um tesouro farmacológico negligenciado” revelam-se muito adequados também para combater o estresse, a epidemia do século XXI.
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