O sistema endocanabinoide do corpo é muito amplo e tem implicações importantes. A anandamida, um endocanabinoide, é possivelmente uma das moléculas mais relevantes neste contexto. Mas o que ela faz? Como o THC e o CBD a afetam? E, o mais importante, o que podemos alcançar com ela?
A anandamida ocorre naturalmente no nosso corpo, pois é um dos tantos endocanabinoides. Mas que efeitos têm? Aparentemente, vários. Parece que essa molécula produz efeitos incalculáveis no corpo, e se conseguirmos tirar proveito disso, poderemos desenvolver uma grande quantidade de novos tratamentos.
Sabemos que certos fitocanabinoides da planta de cannabis estimulam os níveis de anandamida no corpo, abrindo caminho para uma aplicação controlada.
O que são endocanabinoides?
Antes de nos aprofundarmos na anandamida, vamos ver o que são os endocanabinoides. Eles são canabinoides criados naturalmente pelo corpo humano. “Endo” significa endógeno, isto é, “do corpo”. Algumas pessoas podem se surpreender ao ler que o corpo tem seu próprio sistema para criar e usar canabinoides, conhecido como sistema endocanabinoide (SEC), e que desempenha um papel crítico em nossa saúde e bem-estar.
O SEC tem sido associado à memória e cognição, ao controle motor, manutenção da homeostase, regulação do crescimento celular, etc. Embora ainda não seja totalmente compreendido, pode ser um dos sistemas essenciais do corpo.
O SEC consiste em dois receptores principais: CB1 e CB2. Esses receptores estão presentes em quase todas as partes do corpo. A anandamida, um dos endocanabinoides naturais do corpo, tem forte afinidade por esses receptores.
O que é anandamida?
A anandamida é um endocanabinoide natural. Seu nome é derivado de uma palavra sânscrita que significa “felicidade” ou “alegria”, por isso é conhecido como “molécula da felicidade”. Apesar de ter um efeito forte, só é produzido em pequenas quantidades, conforme a necessidade. Pesquisas indicam que algumas pessoas podem ter deficiência de endocanabinoides, o que explicaria a existência de certas doenças.
Apesar do nome, não devemos presumir que uma quantidade elevada de anandamida seja sempre boa. Como acontece com todos os processos corporais, o equilíbrio é fundamental. Existem alguns estudos que indicam que o excesso de anandamida (que resulta em uma superestimulação dos receptores CB1) pode interromper o sistema de recompensa do cérebro e aumentar as chances de desenvolver doenças como a obesidade.
A anandamida não é solúvel em água, o que significa que não pode ser decomposta nela. Para fazer isso, o corpo produz amida hidrolase de ácido graxo (FAAH) e monoacilglicerol lipase (MAGL). Se não fosse por essas enzimas, a anandamida estaria constantemente presente em nosso corpo.
Deve-se notar que, em geral, a anandamida de ocorrência natural não causa um efeito perceptível, mas pode ser responsável por um sentimento de alegria, euforia e exaltação.
Anandamida e homeostase
Acredita-se que a anandamida influencia a homeostase, que é o processo pelo qual o corpo mantém algumas funções estáveis. A homeostase é, por exemplo, o que resfria o corpo quando está quente e o aquece quando está frio. Sem ela, estaríamos perdidos. A anandamida não é o único endocanabinoide que influencia a homeostase, mas é uma parte do SEC, que ajuda a regular todo o organismo.
Anandamida e o sistema de recompensa
Pesquisas sobre anandamida e o sistema de recompensa descobriram que um aumento na anandamida (que estimula os receptores CB1) altera os hábitos alimentares e afeta a livre escolha. Também foi observado que, ao aumentar as concentrações de anandamida, os participantes do estudo optaram pela opção mais fácil que requeria menos esforço.
A consequência é que a anandamida influencia o sistema de prazer e recompensa do corpo, assim como a dopamina.
Fitocanabinoides: como o THC e o CBD afetam a anandamida?
Você deve estar se perguntando: mas onde a maconha se encaixa em tudo isso? A cannabis tem o seu próprio sistema canabinoide e os canabinoides que ela produz são conhecidos como fitocanabinoides. Sabe-se que há pelo menos 113, e possivelmente muito outros mais. Muitos desses (senão todos) interagem com o SEC do corpo humano, cada um produzindo um efeito diferente.
Hoje vamos nos concentrar nos dois mais famosos: THC e CBD. Apesar de serem os canabinoides mais abundantes na planta de cannabis, eles interagem com a SEC de maneiras muito diferentes, resultando em efeitos muito diferentes.
Anandamida e THC
O delta-9 tetrahidrocanabinol, mais conhecido como THC, é provavelmente o mais famoso de todos os canabinoides. Ele que produz o famoso “barato”. O THC interage diretamente com os receptores CB1 e CB2 do corpo. Em certo sentido, ele imita a anandamida, por isso é capaz de se ligar aos mesmos receptores . Esta é a razão de seu forte efeito; é como uma grande dose de anandamida.
Devido à proeminência do SEC (com receptores encontrados em todo o corpo), os efeitos do THC são diversos e versáteis. Além disso, embora as enzimas no corpo quebrem facilmente a anandamida, elas acham muito mais difícil fazer o mesmo com o THC. É por isso que os efeitos do THC podem durar horas, enquanto os da anandamida têm vida relativamente curta.
Anandamida e CBD
O CBD funciona de maneira muito diferente do THC. Quase não tem afinidade com os receptores CB1 e CB2; na verdade, parece bloqueá-los, o que significa que, em todo caso, limita sua captação. Pode ser por isso que o CBD parece “neutralizar” os efeitos intoxicantes do THC.
O CBD também inibe a produção de FAAH e MAGL, as enzimas que o corpo usa para quebrar a anandamida. Ao fazer isso, aumenta indiretamente a concentração de anandamida disponível para os receptores CB1 e CB2, o que significa que haverá mais. É assim que o CBD produz sentimentos de serenidade, felicidade e bem-estar, sem causar euforia. Enquanto o THC inunda o corpo com uma substância química semelhante à anandamida, o CBD oferece maior acesso à própria anandamida. É também por isso que THC, CBD e todos os outros canabinoides e compostos trabalham melhor juntos.
Pesquisa sobre o potencial terapêutico da anandamida
Devido aos profundos efeitos que a manipulação da anandamida pode gerar, a ciência está estudando as aplicações que tais efeitos podem ter, especialmente em um contexto clínico.
Ainda é cedo, mas os resultados são muito promissores e, como a legislação sobre a maconha continua a se espalhar pelo mundo, esses resultados virão cada vez mais rápido. Nos últimos anos, a atenção mudou do THC para o CBD, pois seu caráter não intoxicante o torna uma substância versátil e segura para estudar. Mas por outro lado, também gerou interesses de grandes laboratórios que querem apenas manipular e não se importam com a liberdade da planta e daqueles que sofrem a repressão da proibição.
A seguir, veremos alguns estudos interessantes sobre a anandamida e como sua manipulação poderia beneficiar os humanos. Deve-se notar que muitos desses estudos foram feitos sem CBD, mas os mecanismos são semelhantes. Portanto, ainda não foi confirmado que o CBD pode ser usado como uma forma de modular a anandamida.
Anandamida e vício
A pesquisa pré-clínica indica que a anandamida pode desempenhar um papel importante em ajudar as pessoas a superar o vício. Em um estudo com ratos, os pesquisadores deram-lhes inibidores FAAH e MAGL, de modo que a anandamida não se decompôs tão facilmente, levando a um aumento em sua concentração. Descobriu-se que a abstinência de opioides é menos grave em camundongos com um nível mais alto de anandamida, indicando uma possível via para o tratamento do vício.
Anandamida e inflamação
Em um estudo com ratos, eles foram inoculados com periodontite experimental (inflamação das gengivas). Depois disso, a anandamida foi injetada em suas patas traseiras. Em ratos que receberam o endocanabinoide, a ativação dos receptores CB1 e CB2 reduziu os marcadores associados à periodontite, mesmo em um ambiente estressante.
A relação entre os endocanabinoides e a resposta inflamatória tem despertado grande interesse, mas este é apenas um dos muitos exemplos que indicam uma relação positiva.
Anandamida e neuroproteção
Parece que a anandamida também influencia a neuroproteção, ou seja, a proteção contra a degradação e a morte das células; algo que parece estar relacionado aos receptores CB2. Portanto, especula-se que o SEC poderia desempenhar um papel crítico no combate a doenças neurodegenerativas. Os mecanismos que permitem que isso ocorra ainda não estão muito claros, mas parece ter a ver com a apoptose, que é a morte celular programada.
Anandamida e crescimento tumoral
Ao se ligar aos receptores CB1, a anandamida pode inibir o crescimento da proteína K-Ras, que está envolvida no desenvolvimento e proliferação celular. Em um estudo com ratos, os pesquisadores conseguiram retardar o crescimento de certos tumores com a aplicação de Met-F-AEA, um análogo estável da anandamida. Este estudo foi realizado in vivo, o que significa que as células estavam presentes nos ratos, ao invés de isoladas fora deles (ex vivo). Isso oferece a possibilidade de expandir esse tipo de pesquisa sobre o crescimento de tumores em humanos, pelo menos no que diz respeito às proteínas K-Ras.
Como aumentar o nível de anandamida
Existem várias maneiras muito simples de aumentar o nível de anandamida no corpo, e nem todas consistem em fumar maconha. Na verdade, existem alimentos e suplementos que contêm anandamida. Mas também não é necessário consumir esses produtos, pois também existem atividades que têm o mesmo efeito:
Exercício: todo mundo sabe que praticar exercícios físicos melhora o bem-estar. Em geral, além de se sentir bem e estar em forma, esse efeito é atribuído às endorfinas. No entanto, constatou-se que as concentrações de anandamida aumentam cerca de meia hora após o exercício físico. Portanto, se você for correr ou nadar, não apenas ficará em forma, mas também aumentará sua contagem de endocanabinoides.
Chocolate: acredita-se que o chocolate tenha propriedades que retardam a decomposição da anandamida e fazem com que uma quantidade maior dela seja produzida. Se essa teoria for verdadeira, isso significa que o chocolate dobra o aumento da anandamida.
Mas, para tirar o máximo proveito do chocolate, ele deve ser muito puro. Uma barra de chocolate ao leite não serve. Para realmente aumentar seus níveis de anandamida, você terá que comer nibs de cacau para dar a seu corpo o que ele deseja. Dessa forma, você também reduzirá o consumo de açúcar.
Ser da África Ocidental: de acordo com um estudo, as nações que se consideram as mais felizes compartilham a mesma mutação genética. Os povos de Gana, Nigéria, Colômbia e México obtiveram as notas mais altas a este respeito. Eles também têm a maior prevalência de A em seus FAAHs, o que ajuda a prevenir o colapso da anandamida. Mas se você não for desses países, pode ter que fazer algumas das coisas desta lista.
Trufas negras: esta é a única outra fonte alimentar conhecida que aumenta a produção de anandamida. Essas trufas exclusivas e caras podem não ser do tipo que dão onda, mas isso não significa que não possam fazer você feliz. Colhidas com a ajuda de porcos bem treinados, estas iguarias gastronómicas podem ser mais do que um mimo culinário. Talvez sejam tão apreciados por suas propriedades de aumento da anandamida e a consequente sensação de bem-estar que produzem.
Kaempferol: esse é um flavonoide que está presente em certas frutas e vegetais frescos, como maçãs, tomates, uvas, cebolas, brócolis e batatas. Este composto inibe a FAAH, aumentando o nível de anandamida disponível.
Se amar: isso mesmo, amor próprio. Parece que a produção de ocitocina também estimula a produção de anandamida. Na verdade, os dois compostos poderiam trabalhar juntos para ajudar a criar laços sociais. Existem várias maneiras de produzir oxitocina, e as mais fáceis são físicas. Fazer sexo ou receber uma massagem estimula a produção de oxitocina e anandamida. As interações não físicas também podem produzir isso até certo ponto, mas as interações táteis são a forma mais eficaz de obter anandamida por meio da ocitocina.
Fitocanabinoides: você também pode fumar maconha para aumentar seus níveis de anandamida. Se você gosta de fumar, experimente uma erva rica em THC para imitar o efeito da anandamida. Se, por outro lado, você quer apenas relaxar e está em busca de algo mais macio, pegue uma cepa carregada de CBD. Ao inibir a degradação da anandamida, você a aumentará naturalmente. Combine isso com um pedaço de chocolate amargo e algumas trufas, e quem sabe o que pode acontecer?
Anandamida: temos muito que aprender sobre esta molécula
É claro que a anandamida e o SEC desempenham um papel crítico em nossa saúde e bem-estar. Da saúde mental ao bem-estar físico, a manipulação do SEC pode ter implicações muito significativas para os humanos.
Mas que papel a maconha desempenha em tudo isso? Embora abundem as especulações (não sem algumas evidências bastante convincentes), é muito cedo para tirar conclusões definitivas. O que sabemos é que, ao influenciar a anandamida e outras partes da SEC, os canabinoides atuam como manipuladores seguros desse sistema, o que significa que podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento de tratamentos futuros.
Ainda existem muitas lendas que envolvem a maconha. No post de hoje, queimaremos 15 dos mitos mais comuns sobre a cannabis.
Embora alguns lugares tenham legalizado a maconha até certo ponto, e outros em breve farão o mesmo, ainda existem muitas lendas em torno desta planta. A maioria contradiz a ciência, mas os proibicionistas continuam a usá-los para sustentar seus argumentos preconceituosos.
Em contrapartida, também existem mitos excessivamente otimistas que apresentam a maconha como uma substância milagrosa com quase nenhum aspecto negativo; o que também é prejudicial para a imagem desta planta.
Queimando 15 mitos sobre a maconha
Vamos nos aprofundar nos quize principais mitos que cercam a maconha, levando em consideração os preconceitos que existem em ambos os lados. Assim como muitos grupos proibicionistas se dedicam a distorcer a realidade, apoiadores excessivamente otimistas também criaram suas próprias lendas. Com a ajuda de uma abordagem imparcial, enfrentaremos os mitos mais difundidos sobre a maconha, na esperança de obter uma imagem mais transparente dessa planta.
Mito 1: O CBD não é psicoativo
Ao contrário do que muitos dizem (inclusive médicos e “profissionais” da maconha) o CBD é psicoativo, sim. Um produto químico é considerado psicoativo quando atua primariamente no sistema nervoso central e altera a função cerebral, resultando em alterações temporárias na percepção, humor, consciência ou comportamento. É verdade que o CBD não possui o efeito intoxicante do THC e não resulta em alterações cognitivas óbvias ou efeitos de abstinência. No entanto, o CBD atravessa a barreira hematoencefálica e afeta diretamente o sistema nervoso central, resultando em alterações de humor e percepção.
Mito 2: O uso de maconha aumenta os níveis de criminalidade
Por padrão, a proibição da cannabis transformou seu consumo, cultivo e venda em crime. Essa situação, logicamente, coloca a planta no mercado ilegal junto com outras drogas mais pesadas, como cocaína e heroína. Embora a violência do crime organizado domine esse ambiente, o uso de maconha por si só não leva ao crime; o crime é culpa da proibição.
Quando um mercado legal é estabelecido, as lojas licenciadas e tributadas retiram o negócio da maconha dos comerciantes do mercado ilegal, enfraquecendo o poder do crime organizado.
Além disso, fumar maconha não aumenta a probabilidade das pessoas cometerem crimes. É verdade que muitos criminosos usam cannabis (e outras substâncias em geral), mas a correlação não implica causalidade.
Ao contrário da crença popular, a legalização da maconha não parece ter contribuído para um aumento na taxa de crimes violentos. Curiosamente, muitos proibicionistas ignoram o grande número de crimes violentos relacionados ao uso de álcool, apesar de seu status legal.
Mito 3: A maconha é uma porta de entrada para drogas mais pesadas
Todos nós já ouvimos essa frase na escola. Naquele momento em que grupos antidrogas aparecem diante de centenas de crianças para espalhar a mensagem de que “basta uma tragada em um baseado de maconha”. Embora suas intenções possam ser boas, essas organizações costumam agrupar todas as drogas, transmitindo a ideia de que, uma vez que você experimenta uma, você perde a cabeça e acaba experimentando todas as outras drogas que ver pela frente. Isso não é verdade.
Milhões de usuários de maconha em todo o mundo desfrutam da erva regularmente, sem nem mesmo pensar em drogas mais pesadas. Além disso, muitas pessoas começam a usar drogas pesadas sem experimentar primeiro a maconha. Por fim, sabemos que, antes de fumar um baseado, toda pessoa sempre tem livre acesso ao álcool e tabaco.
Mito 4: A maconha é uma droga perigosa
A alegação de que a cannabis é uma “porta de entrada” é frequentemente baseada no argumento de que, como as drogas pesadas, ela aprisiona o usuário em um ciclo de dependência. No entanto, essa planta difere marcadamente dos mecanismos de dependência de substâncias como o álcool ou a cocaína. Ao contrário dessas drogas, a maconha geralmente não causa vícios graves e sintomas de abstinência.
Mito 5: A maconha não vicia
Embora muitos usuários fumem maconha sem desenvolver dependência, é possível se tornar dependente em certas circunstâncias. Definir exatamente esse vício (dependência física ou dependência psicológica) e seu alcance é complexo; mas é uma possibilidade. Embora alguns defensores da maconha tentem negar isso, a ciência afirma que a cannabis não é uma substância perfeita e totalmente inofensiva.
Embora a maconha possa ajudar as pessoas de muitas maneiras, o transtorno por uso de cannabis é uma coisa real. Ao aumentar os níveis de dopamina e enfraquecer o sistema dopaminérgico com o uso de longo prazo, a maconha pode influenciar os centros de recompensa do cérebro e criar um ciclo de dependência.
No entanto, essa característica não é exclusiva da maconha. Segundo o médico e especialista em vícios Gabor Mate, todos os vícios estão ligados a traumas, e podem se manifestar como uso de maconha, materialismo e obsessão por todos os tipos de fatores externos. Portanto, os proibicionistas da maconha podem ter problemas para usar esse argumento como uma razão para manter a proibição.
Mito 6: É possível ter uma overdose de maconha
Todos os anos, muitas vidas são perdidas para o álcool, tabaco, cocaína, heroína e outras drogas. No entanto, ninguém morre apenas por usar maconha. Por quê? Porque os canabinoides (compostos vegetais ativos) não interagem com a zona do cérebro que regula a respiração.
Overdoses de opioides, por exemplo, ocorrem quando os receptores nos centros respiratórios do cérebro ficam sobrecarregados, criando um efeito depressivo que torna a respiração difícil e pode levar à morte. A maconha não tem o mesmo efeito, razão pela qual nenhuma morte foi registrada exclusivamente atribuída ao uso de cannabis, e a maioria das instituições considera a possibilidade muito remota.
Teoricamente, para ocorrer uma overdose de maconha, teria que fumar entre 238 e 1.113 baseados (15–70 gramas de THC puro) em um único dia, algo praticamente impossível.
Mito 7: Usuários de maconha são preguiçosos
Quem usa maconha enfrenta toda uma série de estereótipos. Além dos rótulos de “viciados” e “drogados”, ser julgado como preguiçoso é provavelmente o mais comum. É verdade que fumar maconha às vezes faz com que as pessoas prefiram deitar no sofá a sair para correr.
No entanto, muitas pessoas ativas e atléticas usam cannabis. Joe Rogan construiu um império em seu podcast enquanto estava sob efeito da erva. Michael Phelps esmagou seus concorrentes na piscina enquanto fumava um bong. Milhares de pessoas bem-sucedidas em todo o mundo consomem maconha em seu tempo livre, da mesma forma com que outras chegam em casa depois do trabalho e abrem uma garrafa de vinho para relaxar.
Mito 8: Diferença entre os efeitos de uma Indica e uma Sativa
A cultura canábica gasta muito tempo desmascarando mitos, mas as pessoas envolvidas neste setor (principalmente autointitulados “profissionais”) também podem ser vítimas de desinformação. Nas últimas décadas, qualquer pessoa com um mínimo de interesse pela maconha falava na diferença entre variedades “indicas” como relaxantes e variedades “sativas” como energéticas.
Desde então, a ciência da cannabis questionou essa ideia, que o neurologista e especialista em cannabis Dr. Ethan Russo chama de “absurda”. Essa categorização poderia ajudar os dispensários a comercializar a maconha, mas não serviria em uma analise rigorosa.
Algumas cepas indicas contêm terpenos energizantes, enquanto algumas sativas são relaxantes para a mente e o corpo. Além disso, plantas da mesma linhagem podem produzir efeitos diferentes quando cultivadas em ambientes diferentes.
No lugar de depender desta forma tão imprecisa de dividir a maconha, a investigação propõe deixar o termo “cepa” e substituí-lo por “quimiovar” (variedade química) para poder termos uma ideia mais precisa dos efeitos e diversidade química de uma planta.
Mito 9: Ressaca de maconha não existe
O debate entre usuários de álcool e maconha continua. Aqueles que defendem a erva costumam argumentar que pela manhã acordam descansados e prontos para a ação. Embora isso seja verdade, fumar 10 gramas na noite anterior pode causar ressaca.
A ressaca da maconha não se compara à devastação causada pelo consumo de álcool. pode influenciar como se sentirá no dia seguinte, causando confusão mental, letargia, olhos vermelhos e dores de cabeça. No entanto, se a erva for consumida com moderação, é possível acordar em ótima forma para realizar as tarefas do dia a dia.
Tal como acontece com a ressaca de álcool, um pouco de água e comida ajudam a voltar ao normal. Mas, ao contrário do álcool, leva muito menos tempo.
Mito 10: A maconha não causa sintomas de abstinência
Embora muitos usuários experientes gostem de acreditar que a maconha não causa sintomas de abstinência, isso infelizmente não é verdade. Como as ressacas, a abstinência da maconha é uma coisa real.
No entanto, semelhante a uma ressaca, os sintomas de abstinência da cannabis são bastante leves, especialmente em comparação com os do álcool, tabaco e outras drogas.
Usuários regulares que param de fumar podem apresentar os seguintes sintomas (que podem variar de pessoa para pessoa) por algumas semanas:
Irritabilidade
Dores de cabeça
Distúrbios de sono
Sintomas como os da gripe
Sentimento de tristeza e ansiedade
Felizmente, não duram muito e geralmente não são graves. Se desejar aliviar esses sintomas, é melhor manter-se hidratado, fazer uma alimentação saudável, praticar exercícios e técnicas de relaxamento, como a meditação.
Mito 11: Segurar a fumaça aumenta o efeito da maconha
À medida que os amantes da maconha envelhecem, perdem essa competitividade comum entre iniciantes. Os jovens maconheiros costumam se orgulhar de dar fortes tragadas, prender a respiração por um minuto e tolerar melhor a “onda” da erva.
Quando a novidade passa, esses usuários começam a relaxar e entender que cada pessoa gosta de maconha à sua maneira. Também percebem rapidamente que não leva muito tempo para segurar a fumaça e intensificar o efeito.
Na verdade, não há estudos que apoiem a ideia de que prender a respiração aumenta a quantidade de THC absorvida. Pelo contrário, é mais provável que não seja esse o caso.
Todo o THC passa imediatamente dos pulmões para o sangue. Se quiser ficar mais chapado, essa não é a melhor maneira.
Mito 12: A fome que a maconha dá não é real
Pois bem, é sim. A maconha tende a abrir o apetite porque o paladar e o olfato aumentam depois de ingerida, levando a comer mais. Assim são as coisas. Se você come muito depois que fuma, não é sua culpa. Culpe a ciência.
Mito 13: A maconha afeta mais os pulmões que o tabaco.
Sim, a maconha pode afetar os pulmões da mesma maneira que o tabaco. De fato, todos os tipos de toxinas que passam pelos pulmões podem causar doenças como o câncer. No entanto, o perigo do tabaco vai além da maconha, além da sua alta toxicidade, a quantidade de tabaco consumida é muito maior. Os fumantes consomem muito mais cigarros do que o usuário moderados de maconha. Portanto, não se trata tanto do que é melhor, e sim o quanto você fuma.
Mito 14: A maconha mata as células do cérebro
Um estudo de 2015 desmentiu a ideia de que a maconha produz mudanças radicais no cérebro de jovens que consomem maconha habitualmente. Também é verdade que são necessários mais estudos a esse respeito. Estudos também mostram que a maconha é neuroprotetora e induz a neurogênese.
Mito 15: Dirigir sob o efeito da maconha é tão ruim quanto dirigir alcoolizado
Não é verdade. Dirigir bêbado é muito pior. Não há relatos que indiquem claramente que dirigir após fumar um baseado causa tantos acidentes ou mais do que sob a influência do álcool.
Você quer dar um tempo no consumo da erva, precisa fazer algum exame ou por algum motivo seu médico recomendou isso? Hoje deixaremos algumas dicas sobre como parar de fumar maconha.
Informação nunca é demais, inclusive se você decidir parar de fumar maconha. Antes de tudo, é necessário esclarecer que este artigo é meramente informativo e que, em caso de ter um consumo problemático, procure sempre a ajuda de profissionais.
COMO PARAR DE FUMAR MACONHA
Segundo especialistas, algumas das etapas essenciais para deixar o seu consumo são:
Crie novas rotinas para gerenciar o seu dia a dia; evite qualquer habito que lembre os atos de consumo e tenha iniciativa para realizar suas atividades.
Outra atividade necessária e indicada para parar de fumar maconha é se exercitar. Então, quando achar que é uma boa hora para fumar um baseado, pegue seus chinelos (e máscara) e saia para caminhar um pouco.
Você perceberá um aumento na capacidade e resistência pulmonar, e começará a sentir como seu corpo apreciasse substituir a fumaça pela atividade física.
O esporte também é capaz de regular a ansiedade causada pela interrupção do consumo e, além disso, é grátis. Você pode optar por fazer uma longa caminhada, correr por cerca de 30 minutos ou praticar esportes como ioga ou pilates que o ajudam a encontrar a calma de que tanto precisa.
E, é claro, peça ajuda às pessoas mais próximas de você e consulte centros de reabilitação sérios caso seja necessário.
Antes de parar, você também deve conhecer algumas dicas de redução de danos, como sempre ter laranja e grãos de pimenta à mão, para abaixar rapidamente uma “onda” turbulenta.
Outra dica, neste caso para evitar que seu corpo se acostume com a erva, é sujeitar seu corpo a uma limpeza, ou desintoxicação.
Idealmente, faça isso por dois dias a cada 30. Desta forma, não precisará aumentar sua dose para que ela continue fazendo efeito.
MÉTODOS CASEIROS PARA DEIXAR DE FUMAR MACONHA
Existem métodos caseiros para parar de fumar maconha ou derivados de cannabis em geral. Serve para o tabaco também. Para isso, é preciso usar recursos que, paradoxalmente, também vêm da natureza.
Valeriana: é uma erva que poderá te ajudar. Conhecida por suas propriedades calmantes, especialmente, útil para aliviar o nervosismo.
Pode ser tomado em infusão ou em comprimidos e é sempre aconselhável aceder à matéria vegetal e não aos produtos derivados da planta que se encontram nas lojas.
Ginseng: é uma planta medicinal cuja raiz traz inúmeros benefícios à saúde. Também é capaz de aliviar a ansiedade causada pela cessação do tabagismo. O ginseng reduz a liberação de dopamina, um dos hormônios responsáveis por produzir prazer quando você consome nicotina ou canabinoides.
Além disso, consumir ginseng faz os baseados não terem um gosto bom ou a causar uma sensação desagradável.
Alcaçuz: O alcaçuz não só ajuda a desintoxicar e eliminar toxinas, como também deixa um gosto ruim nos baseados e faz com que você tenha menos vontade de consumir. Também pode tomá-lo em uma infusão de alcaçuz, hortelã e erva-doce, que também ajudará a melhorar o desconforto intestinal.
Gengibre: outra raiz que vem em seu auxílio é o gengibre. Não só ajuda a reduzir a ansiedade e o nervosismo causados pela falta de consumo, como também melhora o desconforto digestivo. Uma infusão de gengibre pode ajudá-lo a se sentir visivelmente melhor e a evitar o nervosismo causado pela abstinência quando você para de fumar maconha.
Além disso, favorece a eliminação de toxinas. E é muito gostoso misturado com cascas de laranja e hortelã.
COMO PARAR DE FUMAR MACONHA POUCO A POUCO
O Instituto Americano de Abuso de Drogas (NIDA) garante que os transtornos por uso de maconha podem ser semelhantes aos causados pelo uso de outras substâncias. No entanto, esclarece que as consequências clínicas em longo prazo podem ser menos graves.
Em média, os adultos que buscam tratamento para parar de fumar maconha a usam quase todos os dias há mais de 10 anos. Além disso, eles tentaram parar, em média, mais de seis vezes.
Pessoas com transtornos por uso de cannabis, especialmente adolescentes, frequentemente também apresentam outros transtornos psiquiátricos. Eles também podem consumir outras substâncias e até ser viciados em outras drogas, principalmente cocaína e/ou álcool.
Os estudos disponíveis indicam que o tratamento eficaz de um transtorno de saúde mental com tratamentos padrão pode ajudar a reduzir o uso de maconha. Principalmente quem consome muito e quem tem transtornos mentais crônicos.
Normalmente, os tratamentos para largar a maconha incluem medicamentos e terapias comportamentais.
Os seguintes tratamentos comportamentais demonstraram ser eficazes:
Terapia cognitivo-comportamental: um tipo de psicoterapia que ensina às pessoas estratégias para identificar e corrigir comportamentos problemáticos a fim de aumentar o autocontrole. Consequentemente, parar de fumar maconha e tratar de uma variedade de problemas que geralmente acompanham esses comportamentos.
Controle de contingências: método terapêutico de controle que se baseia no controle frequente do comportamento a ser mudado e a concessão (ou eliminação) de recompensas tangíveis e positivas quando ocorre (ou não) o comportamento a ser mudado.
Terapia de estímulo motivacional: Uma forma sistemática de intervenção destinada a produzir uma mudança rápida na motivação interna. Essa terapia não visa tratar a pessoa, mas mobilizar seus recursos internos para a mudança e participação no tratamento.
Atualmente, os Estados Unidos, por exemplo, que está mais avançado que o Brasil nesse tema, não aprovam nenhum tipo de medicamento para o tratamento do transtorno por uso de maconha. Embora haja muita pesquisa neste campo.
Uma vez que os problemas de sono aparecem com destaque na abstinência da maconha, alguns estudos estão examinando a eficácia de medicamentos que combatem a insônia.
Também estão sendo estudados produtos químicos chamados inibidores FAAH, que podem reduzir os sintomas de abstinência ao inibir a degradação dos canabinoides do próprio corpo.
Estratégias futuras incluem o estudo de substâncias chamadas moduladores alostéricos. Eles interagem com os receptores canabinoides para inibir os efeitos recompensadores do THC.
Estude também o seu próprio corpo. Assim perceberá as mudanças que o seu corpo sentirá ao parar de fumar, e isso o motivará ainda mais.
E se você decidir retornar ao uso de cannabis lembre-se de fazê-lo sempre que for para trazer alegria e não para preencher lacunas que foram geradas pelos problemas de sua vida.
Se estiver precisando de alguém para conversar, principalmente se estiver passando por problemas com o consumo, mande uma mensagem privada em uma de nossas redes sociais. Boa sorte!
Os efeitos da maconha na serotonina podem explicar como a erva pode ajudar na ansiedade e na depressão.
Muitas pessoas ouviram que a maconha pode afetar a dopamina no cérebro. Mas e a serotonina? Esta é uma substância química cerebral importante que afeta tudo, desde o humor até o apetite e o sono.
Os cientistas determinaram que o sistema endocanabinoide (o sistema que compartilhamos com a maconha) e o sistema da serotonina estão conectados. Especificamente, os canabinoides podem alterar o nível de atividade dos neurônios da serotonina.
Estudos mostram que a maconha pode, de fato, aumentar a serotonina. Os cientistas acreditam que é por isso que a maconha pode ser benéfica para a depressão e ansiedade.
O QUE É SEROTONINA?
A serotonina é um dos muitos produtos químicos do cérebro conhecidos como neurotransmissores. O corpo usa neurotransmissores para enviar mensagens químicas dentro do sistema nervoso. Diferentes neurotransmissores são encontrados em diferentes regiões do cérebro e do corpo. Cada neurotransmissor está associado a diferentes funções.
A serotonina regula o humor, a emoção, o apetite e o sono. É encontrada no cérebro, no trato gastrointestinal e nas plaquetas sanguíneas. O sistema da serotonina é conhecido como sistema serotonérgico.
Muitos medicamentos conhecidos têm como alvo o sistema serotonérgico. Por exemplo, uma classe de antidepressivos conhecida como SSRIs inibe as enzimas que quebram a serotonina, aumentando assim os níveis de serotonina no cérebro.
Algumas drogas recreativas como LSD, cogumelos psilocibinos e MDMA (ecstasy) também funcionam visando a serotonina. Mas também existem alimentos que podem aumentar os níveis de serotonina.
O que você precisa saber é que, para produzir serotonina, nosso corpo precisa de uma substância chamada triptofano. Ele pode ser encontrado em laticínios, legumes, bananas, frango, ovos, arroz, cereais, massas e peru.
A luz solar também aumenta nossos níveis de serotonina, conforme demonstrado por vários estudos que indicam uma relação direta entre o número de horas de sol que recebemos e nosso humor e vitalidade. Outra forma de aumentar esses níveis é fazer exercícios, especialmente exercícios cardiovasculares, como correr.
COMO A CANNABIS AFETA A SEROTONINA?
A maconha ativa os receptores canabinoides, e a ligação entre os receptores canabinoides e o sistema da serotonina pode ajudar a explicar alguns dos efeitos da cannabis.
A ativação dos receptores canabinoides aumenta a serotonina e o bloqueio da serotonina obstrui muitas das funções do sistema endocanabinoide. Em um estudo de 2007, os cientistas descobriram que 20% dos neurônios de serotonina de camundongos tinham receptores canabinoides. Endocanabinoides como a anandamida também foram encontrados em áreas do cérebro associadas à serotonina. Curiosamente, os receptores canabinoides são encontrados não apenas nos próprios neurônios da serotonina, mas também nos neurônios inibitórios próximos. Isso significa que os canabinoides podem aumentar ou diminuir a atividade do sistema da serotonina.
Os pesquisadores também mostraram que os canabinoides (como os encontrados na maconha) podem aumentar a atividade da serotonina no cérebro. Em um estudo de 2004, os pesquisadores administraram THC em camundongos e aumentaram os níveis de serotonina. Quando bloquearam os receptores CB1, os níveis de serotonina caíram.
Além do THC, o CBD também está relacionado à serotonina. Acredita-se que muitos dos efeitos do CBD sejam devidos à ativação indireta dos receptores de serotonina. Os pesquisadores acreditam que os efeitos ansiolíticos, antidepressivos, antiepilépticos, neuroprotetores, antieméticos e de alívio da dor do CBD estão relacionados à ativação de um subtipo específico de receptor de serotonina.
QUAIS SÃO OS EFEITOS NO CORPO?
Os cientistas acreditam que a ligação entre o sistema endocanabinoide e a produção de serotonina pode explicar muitos dos efeitos da maconha. A ligação entre os dois sistemas parece explicar os benefícios da maconha para ansiedade e depressão, bem como seus efeitos para melhorar o humor.
Isso ocorre porque a serotonina desempenha um papel importante no humor, nas emoções e na regulação do estresse. Os baixos níveis de serotonina podem estar associados a alguns distúrbios de saúde mental, como depressão e ansiedade. O efeito antidepressivo do CBD pode ser explicado por uma ligação ao sistema da serotonina. Em um estudo de 2016, os pesquisadores deram aos ratos um medicamento que imita o CBD. O medicamento bloqueou a enzima que decompõe os endocanabinoides, aumentando a quantidade de endocanabinoides no corpo. Isso levou a um efeito antidepressivo semelhante ao do CBD.
No entanto, quando os pesquisadores deram uma substância química que bloqueou a serotonina, esses efeitos desapareceram. Isso implica que os efeitos do CBD sobre o humor estão relacionados ao sistema serotonérgico.
BLOQUEIO, REPRESSÃO E ANSIEDADE
O bloqueio dos receptores canabinoides causa depressão e ansiedade.
Em 2006, um bloqueador do receptor de canabinoide chamado rimonabant foi introduzido no mercado como uma droga antiobesidade. Visto que os canabinoides desempenham um papel importante na regulação do apetite, pensava-se que a droga reduziria a fome. No entanto, esses bloqueadores também tiveram o efeito colateral indesejado de bloquear a serotonina. Eles causaram depressão e ansiedade nas pessoas que os tomaram, e foram retirados do mercado.
Em um estudo de 2015, os pesquisadores descobriram que camundongos geneticamente alterados sem receptores CB1 em seus neurônios serotoninérgicos mostraram ansiedade aumentada em comparação com camundongos normais.
Os canabinoides desempenham um papel importante no funcionamento dos antidepressivos. Em um estudo de 2011, os pesquisadores descobriram que o aumento dos níveis de canabinoides naturais poderia tornar os antidepressivos mais eficazes. Eles também descobriram que o bloqueio dos receptores CB1 impedia que os antidepressivos funcionassem totalmente.
Quase todos os cientistas especializados em consumo de drogas concluem que o neurotransmissor da dopamina é o causador dos estados de felicidade, calma e o que causa o barato.
Quando alguém usa maconha, o THC provoca um “banho de dopamina” no cérebro. No entanto, essas mesmas fontes admitem que isso não é algo exclusivo da cannabis, mas que todas as drogas, ou seja, aquelas substâncias que afetam o sistema nervoso central de uma forma ou de outra, geram esse “banho de dopamina”.
Devemos a manter a ideia de que é a dopamina e não outro causador que traz os efeitos agradáveis da maconha, já que todas as drogas ativam os mesmos neurotransmissores? Caso contrário, se a heroína, a cocaína, o ecstasy, os analgésicos e a cannabis ativam um “banho de dopamina”, por que os efeitos são diferentes e até opostos? É uma questão de grau?
A teoria do banho de dopamina há muito tempo é questionada. Em 2015, um grupo de cientistas do King’s College London divulgou os resultados de um estudo sobre os efeitos do THC e da dopamina. Eles concluíram que “há pouca evidência para sugerir que o uso de cannabis afeta a liberação de dopamina ou afeta os receptores de dopamina em voluntários humanos saudáveis”.
Então, de quem é a culpa os efeitos agradáveis da maconha? Você já ouviu falar na anandamida?
A anandamida é um neurotransmissor que produz um alto efeito de alegria e felicidade. É conhecida como a “molécula da alegria”. A palavra vem do sânscrito. “Ananda” significa “alegria” ou “prazer”. Este neurotransmissor é um endocanabinoide (“endo” significa “dentro”, neste caso dentro dos corpos) e tem um gêmeo fitocanabinoide (“fito” significa “na planta”). Portanto, a anandamida ocorre naturalmente em nosso corpo, enquanto o THC é encontrado na cannabis. Esses canabinoides apresentam forte afinidade para se ligarem aos receptores endocanabinoides CB1 e CB2. Mas é a ligação no CB1 que produz os efeitos eufóricos.
Como uma chave e uma fechadura, o THC se encaixa perfeitamente nas engrenagens do CB1 para criar, neste caso, “alegria”. Deve-se destacar que o chocolate, a corrida ou o yoga também “dão uma onda” para você, pois geram esse efeito neurotransmissor da anandamida, embora o efeito seja menos poderoso, é claro.
Embora a maconha produza calma, uma em cada cinco pessoas sentem o efeito oposto. Algumas enzimas desativam o efeito da anandamida e ao consumir maconha sentem-se mais ansiosas. Essas pessoas tendem a desfrutar menos do efeito da cannabis, como se pode pensar.
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