Molécula da felicidade: a anandamida e sua relação com o THC e o CBD

Molécula da felicidade: a anandamida e sua relação com o THC e o CBD

O sistema endocanabinoide do corpo é muito amplo e tem implicações importantes. A anandamida, um endocanabinoide, é possivelmente uma das moléculas mais relevantes neste contexto. Mas o que ela faz? Como o THC e o CBD a afetam? E, o mais importante, o que podemos alcançar com ela?

A anandamida ocorre naturalmente no nosso corpo, pois é um dos tantos endocanabinoides. Mas que efeitos têm? Aparentemente, vários. Parece que essa molécula produz efeitos incalculáveis ​​no corpo, e se conseguirmos tirar proveito disso, poderemos desenvolver uma grande quantidade de novos tratamentos.

Sabemos que certos fitocanabinoides da planta de cannabis estimulam os níveis de anandamida no corpo, abrindo caminho para uma aplicação controlada.

O que são endocanabinoides?

Antes de nos aprofundarmos na anandamida, vamos ver o que são os endocanabinoides. Eles são canabinoides criados naturalmente pelo corpo humano. “Endo” significa endógeno, isto é, “do corpo”. Algumas pessoas podem se surpreender ao ler que o corpo tem seu próprio sistema para criar e usar canabinoides, conhecido como sistema endocanabinoide (SEC), e que desempenha um papel crítico em nossa saúde e bem-estar.

O SEC tem sido associado à memória e cognição, ao controle motor, manutenção da homeostase, regulação do crescimento celular, etc. Embora ainda não seja totalmente compreendido, pode ser um dos sistemas essenciais do corpo.

O SEC consiste em dois receptores principais: CB1 e CB2. Esses receptores estão presentes em quase todas as partes do corpo. A anandamida, um dos endocanabinoides naturais do corpo, tem forte afinidade por esses receptores.

O que é anandamida?

A anandamida é um endocanabinoide natural. Seu nome é derivado de uma palavra sânscrita que significa “felicidade” ou “alegria”, por isso é conhecido como “molécula da felicidade”. Apesar de ter um efeito forte, só é produzido em pequenas quantidades, conforme a necessidade. Pesquisas indicam que algumas pessoas podem ter deficiência de endocanabinoides, o que explicaria a existência de certas doenças.

Apesar do nome, não devemos presumir que uma quantidade elevada de anandamida seja sempre boa. Como acontece com todos os processos corporais, o equilíbrio é fundamental. Existem alguns estudos que indicam que o excesso de anandamida (que resulta em uma superestimulação dos receptores CB1) pode interromper o sistema de recompensa do cérebro e aumentar as chances de desenvolver doenças como a obesidade.

A anandamida não é solúvel em água, o que significa que não pode ser decomposta nela. Para fazer isso, o corpo produz amida hidrolase de ácido graxo (FAAH) e monoacilglicerol lipase (MAGL). Se não fosse por essas enzimas, a anandamida estaria constantemente presente em nosso corpo.

Deve-se notar que, em geral, a anandamida de ocorrência natural não causa um efeito perceptível, mas pode ser responsável por um sentimento de alegria, euforia e exaltação.

  • Anandamida e homeostase

Acredita-se que a anandamida influencia a homeostase, que é o processo pelo qual o corpo mantém algumas funções estáveis. A homeostase é, por exemplo, o que resfria o corpo quando está quente e o aquece quando está frio. Sem ela, estaríamos perdidos. A anandamida não é o único endocanabinoide que influencia a homeostase, mas é uma parte do SEC, que ajuda a regular todo o organismo.

  • Anandamida e o sistema de recompensa

Pesquisas sobre anandamida e o sistema de recompensa descobriram que um aumento na anandamida (que estimula os receptores CB1) altera os hábitos alimentares e afeta a livre escolha. Também foi observado que, ao aumentar as concentrações de anandamida, os participantes do estudo optaram pela opção mais fácil que requeria menos esforço.

A consequência é que a anandamida influencia o sistema de prazer e recompensa do corpo, assim como a dopamina.

Fitocanabinoides: como o THC e o CBD afetam a anandamida?

Você deve estar se perguntando: mas onde a maconha se encaixa em tudo isso? A cannabis tem o seu próprio sistema canabinoide e os canabinoides que ela produz são conhecidos como fitocanabinoides. Sabe-se que há pelo menos 113, e possivelmente muito outros mais. Muitos desses (senão todos) interagem com o SEC do corpo humano, cada um produzindo um efeito diferente.

Hoje vamos nos concentrar nos dois mais famosos: THC e CBD. Apesar de serem os canabinoides mais abundantes na planta de cannabis, eles interagem com a SEC de maneiras muito diferentes, resultando em efeitos muito diferentes.

  • Anandamida e THC

O delta-9 tetrahidrocanabinol, mais conhecido como THC, é provavelmente o mais famoso de todos os canabinoides. Ele que produz o famoso “barato”. O THC interage diretamente com os receptores CB1 e CB2 do corpo. Em certo sentido, ele imita a anandamida, por isso é capaz de se ligar aos mesmos receptores . Esta é a razão de seu forte efeito; é como uma grande dose de anandamida.

Devido à proeminência do SEC (com receptores encontrados em todo o corpo), os efeitos do THC são diversos e versáteis. Além disso, embora as enzimas no corpo quebrem facilmente a anandamida, elas acham muito mais difícil fazer o mesmo com o THC. É por isso que os efeitos do THC podem durar horas, enquanto os da anandamida têm vida relativamente curta.

  • Anandamida e CBD

O CBD funciona de maneira muito diferente do THC. Quase não tem afinidade com os receptores CB1 e CB2; na verdade, parece bloqueá-los, o que significa que, em todo caso, limita sua captação. Pode ser por isso que o CBD parece “neutralizar” os efeitos intoxicantes do THC.

O CBD também inibe a produção de FAAH e MAGL, as enzimas que o corpo usa para quebrar a anandamida. Ao fazer isso, aumenta indiretamente a concentração de anandamida disponível para os receptores CB1 e CB2, o que significa que haverá mais. É assim que o CBD produz sentimentos de serenidade, felicidade e bem-estar, sem causar euforia. Enquanto o THC inunda o corpo com uma substância química semelhante à anandamida, o CBD oferece maior acesso à própria anandamida. É também por isso que THC, CBD e todos os outros canabinoides e compostos trabalham melhor juntos.

Pesquisa sobre o potencial terapêutico da anandamida

Devido aos profundos efeitos que a manipulação da anandamida pode gerar, a ciência está estudando as aplicações que tais efeitos podem ter, especialmente em um contexto clínico.

Ainda é cedo, mas os resultados são muito promissores e, como a legislação sobre a maconha continua a se espalhar pelo mundo, esses resultados virão cada vez mais rápido. Nos últimos anos, a atenção mudou do THC para o CBD, pois seu caráter não intoxicante o torna uma substância versátil e segura para estudar. Mas por outro lado, também gerou interesses de grandes laboratórios que querem apenas manipular e não se importam com a liberdade da planta e daqueles que sofrem a repressão da proibição.

A seguir, veremos alguns estudos interessantes sobre a anandamida e como sua manipulação poderia beneficiar os humanos. Deve-se notar que muitos desses estudos foram feitos sem CBD, mas os mecanismos são semelhantes. Portanto, ainda não foi confirmado que o CBD pode ser usado como uma forma de modular a anandamida.

  • Anandamida e vício

A pesquisa pré-clínica indica que a anandamida pode desempenhar um papel importante em ajudar as pessoas a superar o vício. Em um estudo com ratos, os pesquisadores deram-lhes inibidores FAAH e MAGL, de modo que a anandamida não se decompôs tão facilmente, levando a um aumento em sua concentração. Descobriu-se que a abstinência de opioides é menos grave em camundongos com um nível mais alto de anandamida, indicando uma possível via para o tratamento do vício.

  • Anandamida e inflamação

Em um estudo com ratos, eles foram inoculados com periodontite experimental (inflamação das gengivas). Depois disso, a anandamida foi injetada em suas patas traseiras. Em ratos que receberam o endocanabinoide, a ativação dos receptores CB1 e CB2 reduziu os marcadores associados à periodontite, mesmo em um ambiente estressante.

A relação entre os endocanabinoides e a resposta inflamatória tem despertado grande interesse, mas este é apenas um dos muitos exemplos que indicam uma relação positiva.

  • Anandamida e neuroproteção

Parece que a anandamida também influencia a neuroproteção, ou seja, a proteção contra a degradação e a morte das células; algo que parece estar relacionado aos receptores CB2. Portanto, especula-se que o SEC poderia desempenhar um papel crítico no combate a doenças neurodegenerativas. Os mecanismos que permitem que isso ocorra ainda não estão muito claros, mas parece ter a ver com a apoptose, que é a morte celular programada.

  • Anandamida e crescimento tumoral

Ao se ligar aos receptores CB1, a anandamida pode inibir o crescimento da proteína K-Ras, que está envolvida no desenvolvimento e proliferação celular. Em um estudo com ratos, os pesquisadores conseguiram retardar o crescimento de certos tumores com a aplicação de Met-F-AEA, um análogo estável da anandamida. Este estudo foi realizado in vivo, o que significa que as células estavam presentes nos ratos, ao invés de isoladas fora deles (ex vivo). Isso oferece a possibilidade de expandir esse tipo de pesquisa sobre o crescimento de tumores em humanos, pelo menos no que diz respeito às proteínas K-Ras.

Como aumentar o nível de anandamida

Existem várias maneiras muito simples de aumentar o nível de anandamida no corpo, e nem todas consistem em fumar maconha. Na verdade, existem alimentos e suplementos que contêm anandamida. Mas também não é necessário consumir esses produtos, pois também existem atividades que têm o mesmo efeito:

Exercício: todo mundo sabe que praticar exercícios físicos melhora o bem-estar. Em geral, além de se sentir bem e estar em forma, esse efeito é atribuído às endorfinas. No entanto, constatou-se que as concentrações de anandamida aumentam cerca de meia hora após o exercício físico. Portanto, se você for correr ou nadar, não apenas ficará em forma, mas também aumentará sua contagem de endocanabinoides.

Chocolate: acredita-se que o chocolate tenha propriedades que retardam a decomposição da anandamida e fazem com que uma quantidade maior dela seja produzida. Se essa teoria for verdadeira, isso significa que o chocolate dobra o aumento da anandamida.

Mas, para tirar o máximo proveito do chocolate, ele deve ser muito puro. Uma barra de chocolate ao leite não serve. Para realmente aumentar seus níveis de anandamida, você terá que comer nibs de cacau para dar a seu corpo o que ele deseja. Dessa forma, você também reduzirá o consumo de açúcar.

Ser da África Ocidental: de acordo com um estudo, as nações que se consideram as mais felizes compartilham a mesma mutação genética. Os povos de Gana, Nigéria, Colômbia e México obtiveram as notas mais altas a este respeito. Eles também têm a maior prevalência de A em seus FAAHs, o que ajuda a prevenir o colapso da anandamida. Mas se você não for desses países, pode ter que fazer algumas das coisas desta lista.

Trufas negras: esta é a única outra fonte alimentar conhecida que aumenta a produção de anandamida. Essas trufas exclusivas e caras podem não ser do tipo que dão onda, mas isso não significa que não possam fazer você feliz. Colhidas com a ajuda de porcos bem treinados, estas iguarias gastronómicas podem ser mais do que um mimo culinário. Talvez sejam tão apreciados por suas propriedades de aumento da anandamida e a consequente sensação de bem-estar que produzem.

Kaempferol: esse é um flavonoide que está presente em certas frutas e vegetais frescos, como maçãs, tomates, uvas, cebolas, brócolis e batatas. Este composto inibe a FAAH, aumentando o nível de anandamida disponível.

Se amar: isso mesmo, amor próprio. Parece que a produção de ocitocina também estimula a produção de anandamida. Na verdade, os dois compostos poderiam trabalhar juntos para ajudar a criar laços sociais. Existem várias maneiras de produzir oxitocina, e as mais fáceis são físicas. Fazer sexo ou receber uma massagem estimula a produção de oxitocina e anandamida. As interações não físicas também podem produzir isso até certo ponto, mas as interações táteis são a forma mais eficaz de obter anandamida por meio da ocitocina.

Fitocanabinoides: você também pode fumar maconha para aumentar seus níveis de anandamida. Se você gosta de fumar, experimente uma erva rica em THC para imitar o efeito da anandamida. Se, por outro lado, você quer apenas relaxar e está em busca de algo mais macio, pegue uma cepa carregada de CBD. Ao inibir a degradação da anandamida, você a aumentará naturalmente. Combine isso com um pedaço de chocolate amargo e algumas trufas, e quem sabe o que pode acontecer?

Anandamida: temos muito que aprender sobre esta molécula

É claro que a anandamida e o SEC desempenham um papel crítico em nossa saúde e bem-estar. Da saúde mental ao bem-estar físico, a manipulação do SEC pode ter implicações muito significativas para os humanos.

Mas que papel a maconha desempenha em tudo isso? Embora abundem as especulações (não sem algumas evidências bastante convincentes), é muito cedo para tirar conclusões definitivas. O que sabemos é que, ao influenciar a anandamida e outras partes da SEC, os canabinoides atuam como manipuladores seguros desse sistema, o que significa que podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento de tratamentos futuros.

Referência de texto: Royal Queen

Dicas de cultivo: como estabilizar uma variedade de maconha

Dicas de cultivo: como estabilizar uma variedade de maconha

Os procedimentos para estabilizar cepas de cannabis são muitas vezes mal compreendidos, até mesmo por cultivadores que produzem cepas comerciais. A estabilidade se refere à variabilidade e previsibilidade encontradas na prole de uma geração: quando uma cepa é instável, a variabilidade será alta e a previsibilidade baixa; com uma variedade estável, acontecerá o oposto. No post de hoje, vamos falar um pouco sobre a estabilização de uma variedade de maconha. Continue lendo para saber mais!

Variabilidade e previsibilidade

Variabilidade, neste caso, refere-se a gama de diferentes fenótipos que se expressarão ao hibridizar duas cepas diferentes; previsibilidade refere-se à proporção de distribuição esperada dos diferentes fenótipos. Ao cruzar plantas estáveis, a herança mendeliana dita que: 50% da prole poderão ser parecidas com ambos os pais igualmente, 25% expressarão traços mais próximos da mãe e 25% mais próximos do pai.

Normalmente, os breeders (criadores) irão estabilizar uma ao longo de várias gerações. Primeiro, uma mãe e um pai saudáveis são selecionados e criados para produzir descendentes híbridos que serão de previsibilidade variável dependendo da estabilidade dos pais. Portanto, se a mãe e o pai são considerados estáveis, espera-se que seus filhos expressem três fenótipos conforme descrito acima.

Estável X Raça pura

É importante notar que “estável” não significa “raça pura”. Uma linhagem de raça pura é aquela que produzirá descendentes consistentes de um fenótipo dominante (com poucos ou nenhum espécime diferente de seus irmãos); na cannabis, são normalmente encontrados entre as variedades landraces e cultivares tradicionais. Além disso, os breeders podem usar o termo raça pura para se referir a características únicas que sempre ocorrerão (como uma cor roxa, por exemplo), em vez de se referir para a expressão fenotípica geral.

Pais estáveis ​​geralmente produzem descendentes homozigotos previsíveis, embora com um maior grau de variação do que o encontrado em linhagens de raça pura. No entanto, se um ou mais pais são instáveis, cruzá-los resulta em uma variedade de descendentes heterozigotos que podem expressar qualquer número de características imprevisíveis, e que não corresponderão às proporções mendelianas previsíveis.

Os traços dominantes em cada pai/mãe são recombinados para fornecer a base genética para a próxima geração. O cruzamento inicial de dois pais não relacionados é conhecido como híbrido filial-1 (f1). Normalmente, os melhores exemplares de híbridos f1 serão cruzados para produzir a geração f2, que geralmente é ainda mais instável que a f1.

Cruzamento e retrocruzamento

Com várias gerações cruzando irmãos e irmãs dos mesmos pais – selecionando com base em características que você desejar ​​- um maior grau de consistência e, portanto, previsibilidade pode ser alcançado. Os traços desejados tornam-se dominantes e sempre aparecerão, enquanto os traços indesejáveis ​​são gradualmente eliminados do pool genético e não são mais expressos.

Para algumas características, o cruzamento de plantas com as gerações anteriores (retrocruza) permite que as características se estabilizem mais rapidamente. Muitos cultivadores acreditam erroneamente que algum grau de retrocruzamento é necessário para estabilizar qualquer linhagem, mas na realidade esta técnica só é necessária para certas características.

Depressão de consanguinidade

Após o cruzamento e possivelmente o retrocruzamento por várias gerações, os traços desejados devem começar a se expressar em todos os indivíduos. No entanto, após muitas gerações limitando e reduzindo essencialmente o pool genético de modo que apenas as características desejadas se expressam, a escassez de material genético resultante pode levar a um nível de endogamia que é prejudicial à saúde geral e à sustentabilidade da cepa.

Simplificando, se dois pais aparentados carregam o mesmo alelo recessivo, que é defeituoso ou deletério, as chances de duas cópias idênticas passarem para a prole são muito maiores do que com pais não aparentados. Se dois indivíduos portadores desses alelos defeituosos se reproduzem, a característica indesejável será dominante e se reproduzirá em todas as gerações subsequentes da linhagem.

Consanguinidade para melhorar a diversidade

Por esta razão, quando as linhagens começam a experimentar uma endogamia severa (conhecida como depressão de consanguinidade), é comum a introdução de um novo pai não aparentado em um processo conhecido como endogamia.

A depressão por endogamia ocorrerá mais lentamente se houver abundância de material genético a partir do qual formar novos descendentes. Portanto, com populações menores, a depressão por endogamia pode ocorrer rapidamente.

Referência de texto: Sensi Seeds

Maconha e espiritualidade: uso da planta em diversas religiões do mundo

Maconha e espiritualidade: uso da planta em diversas religiões do mundo

A maconha oferece introspecção espiritual. Portanto, não nos surpreendemos que muitas religiões do mundo usaram, ou usam, a planta de várias maneiras. Os hindus fazem bhang nos dias sagrados, os citas costumavam fazer saunas de fumaça dentro de suas tendas como rito fúnebre e os muçulmanos sufis consumiam a erva para iluminar o espírito.

A natureza psicoativa da maconha muda a maneira como vemos as coisas. Estimula nossas faculdades criativas, permite-nos considerar aspectos de um ponto de vista diferente e inspira grandes questões existenciais. Portanto, não é surpreendente que religiões de todas as idades tenham usado a cannabis para promover uma conexão mais estreita com o divino.

Se você parar para pensar sobre isso, a verdadeira essência da realidade faz tremer a mente. Não há respostas convincentes que expliquem por que existimos. Nos encontramos navegando em um universo infinito. Contra todas as probabilidades, nosso veículo cósmico desenvolveu uma fina camada atmosférica que permitiu que a vida se desenvolvesse e se ramificasse em milhões de espécies de fungos, plantas e animais.

E então o ser humano apareceu. Somos criaturas estranhas. De alguma forma, ao longo do caminho, um animal parecido com um macaco bípede se deu conta de si mesmo. Este fato não só nos ajudou a desenvolver a linguagem e a capacidade de autorreflexão, mas também deu origem a pensamentos abstratos sobre outros mundos, seres superiores e super inteligentes.

O desenvolvimento das religiões

Milhares de anos atrás, nossos ancestrais estavam mais bem sintonizados com a natureza mística da realidade. Sem distrações modernas, grande parte de suas vidas foram governadas por fenômenos naturais, a vontade dos deuses e superstições espirituais. Os humanos ao redor do mundo desenvolveram suas crenças como uma estrutura para dar sentido ao misterioso mundo ao seu redor.

Alguns estudiosos acreditam que as religiões derivam de processos evolutivos. Os estudiosos mais rebeldes propõem origens mais controversas. Terence McKenna apresentou sua teoria do macaco chapado; que é a ideia de que o consumo de cogumelos com psilocibina deu origem a pensamentos abstratos sobre deuses e reinos espirituais.

Outros pesquisadores, como o psicólogo evolucionista Robin Dunbar, atribuem a origem das religiões a uma adaptação sociológica. Dunbar argumenta que as crenças se desenvolveram como uma “adaptação em nível de grupo”, que funcionou como “uma espécie de cola para manter a sociedade unida”.

Independentemente de como as religiões se originaram, está claro que a maconha desempenhou um grande papel em muitos sistemas de crenças do mundo antigo. Mas o uso espiritual da cannabis continua até hoje. Continue lendo e descubra como diferentes religiões usaram a maconha ao longo da história, em suas celebrações, rituais e oferendas.

Maconha na espiritualidade chinesa antiga

A China Antiga foi o berço do uso histórico da maconha. Antes do surgimento de outras religiões mais estruturadas, os habitantes dessa área tinham uma visão xamânica e animista do mundo. A evidência disso é encontrada nas práticas religiosas da cultura Yangshao no Vale do Rio Amarelo. Lá, tumbas datadas de 4500-3750 a.C. contêm bens mortíferos indicando uma crença na vida após a morte.

Os sistemas de crenças da China antiga tinham traços de animismo, que é o culto das personificações da natureza. Com o tempo, esses sistemas arcaicos adquiriram uma estrutura maior que deu origem a um panteão composto por mais de 200 deuses. As pessoas daquela época também acreditavam fortemente no sobrenatural, com ênfase especial em fantasmas, adoração de ancestrais, espíritos de dragão e adivinhação.

Os xamãs também existiam na China antiga. Conhecidas como “wu”, essas figuras místicas supostamente controlavam o clima e eram capazes de se comunicar com os espíritos, e passavam muito tempo coletando ervas mágicas para tratar doenças.

O uso exato da cannabis neste mundo de espíritos, deuses e magia permanece um mistério. No entanto, as evidências indicam que a maconha e a espiritualidade estavam de alguma forma associadas. Arqueólogos descobriram folhas, brotos e buds de cannabis em tumbas de 2.500 anos localizadas em Yanghai, a noroeste da China atual. Surpreendentemente, a estrutura celular e os tricomas desses espécimes permaneceram intactos por milênios.

A presença da maconha nessas tumbas sugere um uso espiritual da planta, o que aumenta a probabilidade de ter sido consumida nos sistemas xamânicos e animistas da China antiga. Embora também seja possível que os achados mais preservados tenham se deteriorado há milhares de anos, tornando impossível determinar exatamente como e onde a erva foi usada espiritualmente.

O Taoísmo e a Maconha

O princípio básico do Taoísmo é seguir o fluxo. A ideologia taoísta vê o universo como uma grande força conciliadora e emaranhada. O próprio “tao” é a fonte, a substância e a energia fundamental que move e anima todas as coisas. Se olharmos apenas para essa abordagem, parece que eles fumaram muita erva para chegar a essa conclusão.

A ascensão do taoísmo remonta pelo menos ao século IV a.C. Os historiadores atribuem ao antigo filósofo e escritor chinês Lao Tzu (que pode não ter existido) o estabelecimento dessa religião. Aqueles que governam suas vidas pelo Taoísmo procuram viver de forma natural, simples e espontânea. Esses discípulos também valorizam os Três Tesouros: compaixão, frugalidade e humildade.

Os taoístas praticam a alquimia com a intenção de alcançar a imortalidade e participam de rituais, exercícios e jornadas espirituais, que acreditam alinhá-los com as forças cósmicas e expandir sua existência biológica.

Dado que a China antiga é o berço do uso histórico da cannabis e as práticas taoístas são tão abstratas e psicodélicas, faz sentido pensar que a maconha fazia parte dessa religião. Parece que os taoístas não ficavam exatamente enojados com a erva.

Algumas seitas até personificaram a cannabis em uma divindade. Durante a Dinastia Tang, o culto de Magu (Senhora do Cânhamo) associava esta xian taoísta (imortal) ao elixir da vida. Segundo a lenda, Magu ocupou o monte sagrado Tai, onde seus discípulos coletaram cannabis no sétimo dia do sétimo mês, em sincronia com os banquetes taoístas.

Textos taoístas também mostram a importância da maconha dentro dessa visão de mundo. A Wushang Biyao Encyclopedia (que se traduz como “Segredos Essenciais Supremos”), escrita em 570 d.C., documenta o uso de cannabis em queimadores de incenso durante rituais, bem como a tendência taoísta de fazer experiências com fumos psicotrópicos.

Xintoísmo: espiritualidade canábica desde o Japão antigo

O Japão tem uma longa história com a planta de cannabis. Os povos indígenas desta ilha usavam para fazer roupas e cestos, além de consumir suas sementes. Portanto, não é nenhuma surpresa que a antiga religião do xintoísmo respeitasse muito a maconha.

Como religião indígena do Japão, o xintoísmo (ou “o caminho dos deuses”) é tão antigo quanto o próprio país. Sendo um sistema de crenças um tanto descentralizado, difere muito de outras religiões. Essa fé não foi fundada por ninguém, e adoração e pregação são raras. Em vez disso, o xintoísmo surge organicamente da cultura e do povo japoneses. Os seguidores do xintoísmo acreditam em espíritos sagrados chamados kami, que assumem a forma de elementos, organismos e estruturas da natureza, como montanhas, vento ou árvores.

O xintoísmo carece de moralidade objetiva estrita, não tem doutrina e o bem e o mal não existem, mas aceita que não existem pessoas perfeitas. Essa religião tem uma visão supersticiosa e espiritual do mundo. Embora considere as pessoas fundamentalmente boas, elas podem ser vítimas das ações de espíritos malignos.

Mas o que um humano mortal pode fazer contra tais adversários? Fumar maconha, é claro! Cannabis tem um significado espiritual no Xintoísmo. Seus discípulos veem a erva como uma planta de purificação capaz de afastar os maus espíritos. Os sacerdotes xintoístas agitam ramas de erva sobre as pessoas possuídas para exorcizar esses seres malévolos.

O Budismo e a Maconha

Os budistas têm opiniões diferentes quando se trata da maconha. Algumas seitas são mais tolerantes com seu consumo, enquanto outras se opõem completamente. Apesar dessas visões opostas, a erva desempenhou um papel importante na jornada do Buda; Sidarta Gautama, Buda, seguiu uma dieta de uma semente de cannabis por dia durante seis meses, em seu caminho para a compreensão.

O budismo se originou na Índia entre os séculos 6 e 4 a.C. Com o tempo, os ensinamentos do Buda se desenvolveram em um conjunto de tradições e práticas espirituais. Alguns dos pontos-chave do budismo são karma, renascimento, liberação do ciclo de renascimento e a obtenção do nirvana (a transcendência do sofrimento).

Os budistas também seguem uma série de crenças conhecidas como os Cinco Preceitos. O quinto preceito proíbe a intoxicação por álcool e drogas. Parece que essa regra deve remover completamente a cannabis da equação. No entanto, as páginas do Mahakala Tantra (uma escritura de oito capítulos) falam da prescrição de maconha e outras substâncias psicoativas para fins medicinais.

As três vertentes principais do budismo veem a cannabis de diferentes perspectivas.

  • Budismo Teravada

A escola budista mais antiga, a Teravada (Escola dos Anciãos), tem uma visão conservadora da maconha e leva o quinto preceito muito mais a sério, resultando em uma postura antidrogas mais firme do que as outras vertentes.

  • Budismo Mahayana

O Mahayana (Grande Veículo) aceita os primeiros ensinamentos e as principais escrituras budistas, mas adiciona suas próprias doutrinas e textos. O Mahayana dá ênfase especial ao ideal do bodhisattva (o caminho para a iluminação) e tem uma abordagem mais frouxa da cannabis. Seu código de ética ensina que tudo o que é benéfico para uma pessoa deve ser aceito; o que, no mínimo, indica uma tolerância em relação à maconha para uso medicinal.

  • Budismo Vajrayana

A escola Vajrayana (Carruagem do Diamante) afirma oferecer um caminho mais rápido para a compreensão e valoriza muito o conceito de Karma. Esta escola é a que tem a visão mais tolerante da maconha e de outros tabus. Ela encoraja seus discípulos a verem pureza em todas as coisas, incluindo o sexo e as drogas.

Antigo Egito: evidências de maconha e espiritualidade?

A espiritualidade egípcia antiga girava em torno de um panteão de deuses que controlavam a natureza e a sociedade. Seus seguidores divinizaram as forças e formas de vida do mundo ao seu redor, incluindo o clima e as características de alguns animais. Muitas de suas práticas espirituais visavam ganhar o favor dos deuses, enquanto outras se concentravam nos faraós, que se acreditava possuírem poderes divinos.

Os antigos egípcios usavam a maconha para fins industriais e terapêuticos, mas o uso cerimonial e religioso exato da erva permanece um mistério. No entanto, os arqueólogos encontraram evidências do uso de cannabis analisando faraós mumificados. Devido ao seu status divino, essas descobertas indicam que a erva era usada em um contexto religioso. Os pesquisadores também encontraram um nível significativo de THC, além de cocaína e nicotina, ao estudar uma múmia de 950 a.C. Também foi encontrado pólen de cannabis na múmia de Ramsés II, que morreu em 1213 a.C.

Hinduísmo e uso oral da cannabis

A maconha e a espiritualidade andam de mãos dadas quando se trata do hinduísmo, uma das religiões mais antigas do mundo, com crenças que datam de mais de 4000 anos. Os pontos-chave do sistema de fé hindu são reencarnação, karma, crença na alma (atman) e salvação que termina com o ciclo de renascimento (moksha).

Os hindus aceitam a maconha como um sacramento, uma oferenda e uma substância composta do sangue do deus Shiva, que é membro da trindade desta religião. Os textos sagrados dessa fé, conhecidos como Vedas, falam da santidade da maconha. Estas páginas descrevem cinco plantas sagradas. A cannabis pertence a esta categoria, e alguns hindus acreditam que um anjo da guarda habita suas folhas. Os Vedas também descrevem a cannabis como “libertadora” e “fonte de felicidade”.

O bhang também desempenha um papel importante nos festivais hindus. Essa bebida psicoativa, feita com maconha, leite e ervas saborosas, produz um estado alterado de consciência durante o Shivratri (a noite de Shiva) e o Holi (o festival das cores).

O Judaísmo e a Maconha

A religião monoteísta do Judaísmo tem muito em comum com o Cristianismo. Embora os judeus neguem Jesus como o Messias (uma das principais crenças que os separam dos cristãos), eles também enfatizam a importância do perdão, oração, jejum e obediência às leis de Deus.

O uso de maconha durante o antigo Judaísmo continua a ser debatido. Em 2020, arqueólogos israelenses encontraram vestígios da erva em artefatos de um santuário de Tel Arad do século 8 a.C. Alguns estudiosos acreditam que o termo “kaneh bosem”, uma planta usada no óleo sagrado da unção do Êxodo, se refere à cannabis. No entanto, outros estudiosos refutam esta tradução e argumentam que na verdade se refere à outra espécie de planta.

Independentemente do antigo uso da maconha no Judaísmo, os rabinos modernos têm uma posição muito mista sobre a cannabis. Em 1978, o rabino ortodoxo Moshe Feinstein lembrou a seus discípulos que a cannabis é proibida pela lei judaica e que essa erva impede os fiéis de orar e estudar a Torá. Outros rabinos modernos assumem uma posição oposta. Alguns aceitam totalmente a maconha para uso medicinal e até afirmam que ela tem status kosher durante a Páscoa.

O Cristianismo e a Maconha

Como os judeus, os cristãos têm opiniões diferentes sobre a cannabis. As vertentes mais conservadoras, como os ortodoxos, católicos e algumas igrejas protestantes, se opõem ao consumo de maconha. Mas outros ramos protestantes apoiam a maconha para uso medicinal, incluindo a Igreja Presbiteriana, a Igreja Unida de Cristo e a Igreja Episcopal.

Alguns eruditos também afirmam que a Bíblia menciona a cannabis indiretamente: “Eis que vos tenho dado todas as plantas que dão sementes que estão na superfície de toda a terra e todas as árvores cujos frutos dão semente. Eles vão te servir de alimento”. Outros contradizem essa suposta justificativa para consumir erva com passagens da Bíblia como Pedro 5:8: “Sê sóbrio e vigia. Porque o diabo, teu adversário, como um leão que ruge, está procurando alguém para devorar”.

Alguns eruditos que estudam as escrituras levaram o argumento da cannabis um passo adiante. Baseados na ideia de “kaneh bosem”, dizem que Jesus e seus discípulos usavam a maconha como ingrediente em suas pomadas curativas.

Espiritualidade da Cannabis no Islã

Embora o Islã defenda práticas bastante conservadoras, a maconha está em uma área cinzenta. O Corão (o texto principal desta religião) usa o termo “haram” para proibir certos comportamentos, como o consumo de álcool. Embora o Profeta Muhammad (Maomé) reconhecesse que o álcool tem algumas aplicações medicinais, ele também afirmou que seu potencial para o pecado superava em muito qualquer benefício.

Então, por que ele não proibiu o uso de maconha? É possível que ele não soubesse de sua existência. Embora as pessoas na Índia e no Irã usassem cannabis como narcótico já em 1000 a.C., as pessoas do Oriente Médio não provaram haxixe até 1800 anos depois, dois séculos após a morte de Maomé.

No entanto, em um de seus hadiths (ditos), Maomé declara: “Se é muito inebriante, mesmo que um pouco, é haram”. É possível que, se ele soubesse sobre a maconha, a classificaria como haram junto com o álcool.

A maconha desempenhou um papel espiritual no ramo místico do Islã. Conhecido como Sufismo, os discípulos dessa prática levam um estilo de vida ascético. Eles renunciam às coisas mundanas e procuram purificar a alma por meio do jejum e da oração.

O santo sufi persa Qutb ad-Dīn Haydar se apaixonou pela maconha e ajudou a espalhar sua popularidade pelo mundo islâmico. Diz a lenda que Haydar encontrou cannabis enquanto caminhava no campo e descobriu a natureza divina e alegre desta planta. Depois do que parece ser um momento maravilhoso, Haydar voltou para seus discípulos e disse: “Deus Todo-Poderoso concedeu-lhes como um favor especial as virtudes desta planta, que dissipará as preocupações que obscurecem sua alma e iluminam seu espírito”.

Os estudiosos afirmam que Haydar queria manter os efeitos divinos da cannabis em segredo esotérico. No entanto, a notícia logo se espalhou. As coisas chegaram a um ponto em que o uso espiritual da maconha se espalhou pela Síria, Egito e Iraque, onde ela ficou conhecida como a “Senhora de Haydar”.

O culto cita aos mortos e o uso cerimonial da cannabis

Os citas! Qualquer pessoa com uma queda por história vai gostar de ler sobre essa civilização ao estilo Dothraki. Este povo nômade de guerreiros a cavalo habitava a estepe pôntica, uma região que se estende da costa norte do Mar Negro ao oeste do Cazaquistão.

Quando as tribos citas não estavam inventando novos arcos assassinos ou conquistando civilizações rivais, montavam “saunas de fumaça” para sentir os efeitos da planta. Mas o uso da maconha tem um aspecto sombrio, visto que foi usada durante cerimônias fúnebres. Depois dos enterros, os citas se purificaram sentando em tendas e enchendo-as de fumaça de maconha.

O escritor grego Heródoto escreveu um relato desse ritual: “… os citas pegaram algumas sementes desse cânhamo, eles escorregavam para baixo do pano e colocaram as sementes em pedras em brasa”. Ele também falou sobre os supostos efeitos dessa prática: “Os citas, carregados por essa fumaça, gritam”.

Maconha no paganismo germânico

O paganismo germânico abrange as religiões praticadas pelos povos germânicos desde a Idade do Ferro até a Idade Média. Rico em mitologia e folclore, essas pessoas adoravam um vasto panteão de deuses, incluindo Odin, Thor, Balder, Loki e Freyja. Para apaziguar a ira desses deuses, eles realizaram atividades sombrias, como sacrifícios humanos de várias maneiras.

Nesse sistema de crenças, não há muitas evidências ligando o uso da maconha às práticas espirituais. No entanto, seus discípulos podem ter associado a cannabis com Freyja, a deusa nórdica do amor e da fertilidade.

Movimento Rastafari: a maconha como sacramento

Não podemos escrever um artigo sobre cannabis e religião sem mencionar o movimento Rastafari. Também conhecido como rastafarianismo, esse sistema de crenças ligado a erva tem muito em comum tanto com o judaísmo quanto com o cristianismo. Seguidores desta fé consideram a Bíblia seu livro sagrado. Eles são monoteístas que adoram Jah (abreviação de Jeová), que é o nome de Deus na Bíblia. Mas a ideologia rastafari difere do cristianismo porque consideram Haile Selassie, o imperador da Etiópia entre 1930 e 1974, como a segunda vinda do Cristo.

Os rastas governam suas vidas de acordo com várias práticas importantes. Muitos adoradores comem comida I-tal, que é comida cultivada localmente e organicamente. A maioria dos Rastas segue as leis dietéticas ditadas no Levítico, evitando carne de porco e crustáceos, enquanto outros seguem uma dieta vegetariana ou vegana.

A maconha também é um elemento importante das práticas espirituais dos rastafáris, que fumam cannabis ritualisticamente. Frequentemente, consomem erva durante seus cultos. Nessas reuniões, relacionamentos são cultivados entre discípulos que pensam da mesma forma. Eles geralmente tocam tambores, fumam ganja e cantam louvores à Jah.

Rastas acredita que as passagens da Bíblia que parecem falar sobre a cannabis, sem dúvida, se referem a erva. Eles consideram esta planta como um sacramento que ajuda a produzir um sentimento de paz, amor e introspecção, e que facilita a descoberta da divindade interior.

Canteismo: uma religião baseada na maconha e na espiritualidade

Embora a maconha tenha desempenhado um papel secundário nas religiões do passado, alguns sistemas espirituais modernos fizeram da erva seu cerne teológico. A nova religião do canteismo usa a cannabis como sacramento para promover a comunidade e a conexão.

Fundado pelo ativista da cannabis Chris Conrad em 1996, o canteismo carece de dogma, tem rituais e códigos bastante imprecisos e funde maconha com espiritualidade. Num “culto” canteista acontece o seguinte: os participantes reúnem-se num domingo à tarde, todos trazem buds para partilhar e no altar colocam uma planta viva e um fio de cânhamo.

Para iniciar a cerimônia, os participantes sentam-se em círculo e recitam o credo. O líder declara: “Considero a cannabis e o cânhamo um sacramento que utilizo para me conectar com a minha comunidade e comigo mesmo”, ao que os participantes respondem: “É por isso que o partilhamos com gratidão e com profundo respeito pelos seus poderes resinosos”.

Referência de texto: Royal Queen

FBI está relaxando suas políticas de contratação contra a maconha para atrair novos candidatos a empregos

FBI está relaxando suas políticas de contratação contra a maconha para atrair novos candidatos a empregos

Pessoas que usaram maconha há mais de um ano agora podem se candidatar a um emprego no FBI, mas a maioria das agências federais ainda se recusa a contratar qualquer pessoa que já tenha utilizado a erva.

O Federal Bureau of Investigation (FBI) atualizou discretamente suas políticas de emprego anti-cannabis, tornando-se uma das primeiras agências federais a aceitar o fato de que a maioria dos americanos agora vive em um estado onde a maconha é legal de alguma forma.

Em um tweet recente, o escritório do FBI em Chicago notificou os candidatos a emprego em potencial que a agência havia acabado de atualizar sua política sobre a maconha para “continuar a atrair os candidatos mais qualificados”. Sob esta nova política, os candidatos estão proibidos de ter usado “cannabis em qualquer forma (natural ou sintética) e em qualquer local (nacional ou estrangeiro) no período de um ano anterior à data de sua solicitação de emprego”.

Ainda no mês passado, a política de emprego da agência excluía candidatos que haviam usado cannabis em qualquer momento nos 3 anos anteriores à data de inscrição. A política atualizada também inclui uma concessão para indiscrições juvenis, declarando que “o uso de maconha ou cannabis antes do aniversário de 18 anos do candidato não é um desqualificador para o emprego no FBI”.

No geral, as políticas de cannabis da agência são muito menos restritivas do que seus regulamentos para outras drogas ilegais. A política de contratação estabelece que “os candidatos não podem ter usado nenhuma droga ilegal, exceto maconha, nos dez (10) anos anteriores à data do pedido de emprego”. Os candidatos que já venderam, fabricaram ou transportaram drogas ilegais também são automaticamente desqualificados.

Mas, apesar dessas políticas atualizadas sobre a maconha, o FBI adverte que está “firmemente comprometido com uma sociedade e um local de trabalho sem drogas”. A agência ainda exige que seus funcionários se submetam a testes de drogas aleatórios, e qualquer pessoa com teste positivo para THC perderá o emprego. A única exceção a esta regra é para funcionários que têm uma prescrição válida para dronabinol, uma forma sintética de THC que foi autorizada pelo FDA.

Mesmo com a atualização, as políticas de emprego anti-cannabis do FBI ainda são bastante rígidas, mas empalidecem em comparação com as políticas de outras agências federais. A NASA e todos os ramos das forças armadas dos EUA proíbem seus funcionários e membros do serviço inclusive de usar produtos de CBD (incluindo xampus de cânhamo ou protetores labiais). Os federais também proíbem os pilotos de companhias aéreas comerciais de usarem CBD e irão demitir qualquer funcionário que usar maconha dentro ou fora do horário, mesmo que seja legal em seu estado de origem.

Em março deste ano, o escritório federal de gestão pessoal divulgou um memorando encorajando as agências federais a terem a mente mais aberta sobre a contratação de pessoas que usaram maconha no passado. Mas três semanas depois, a Casa Branca demitiu e suspendeu vários funcionários que admitiram já ter usado a planta.

Como um todo, os federais parecem empenhados em manter políticas rígidas de contratação contra a maconha, mas o setor privado já está se movendo para acabar com essas regras antiquadas. A Amazon anunciou recentemente que interromperia os testes de maconha em seus funcionários, e um número crescente de estados e cidades está começando a proibir a maioria dos empregadores de realizar testes para uso de cannabis.

Referência de texto: Merry Jane

Dicas de cultivo: como maximizar os terpenos de suas plantas de maconha

Dicas de cultivo: como maximizar os terpenos de suas plantas de maconha

A aplicação de técnicas para aumentar a produção de terpeno pode influenciar profundamente o perfil de aroma e sabor de uma variedade. Essas técnicas são facilmente aplicadas, mas produzem resultados consideráveis.

O que exatamente diferencia algumas variedades de maconha de outras? Basicamente, as variações genéticas produzem diferenças no padrão de cultivo, forma e velocidade de crescimento. A singularidade de uma variedade de maconha também é determinada pelo que sai dos tricomas, as pequenas glândulas em forma de cogumelo encontradas nas flores e folhas das plantas. Essas glândulas secretam uma resina carregada de canabinoides, como THC, CBD, CBN, entre outros. As diferenças entre as proporções de canabinoides é o que distingue algumas cepas de outras e seus efeitos. Mas os canabinoides não são a única substância presente nesta resina e responsável pelos efeitos da planta; os terpenos também são criados nos tricomas.

Os terpenos são compostos aromáticos encontrados em toda a natureza que proporcionam os aromas característicos de frutas e plantas. Por exemplo, o terpeno pineno é responsável pelo cheiro agradável que percebemos quando caminhamos por uma floresta de pinheiros ou coníferas, e o limoneno fornece os aromas refrescantes às cascas de frutas cítricas. O perfil de terpeno de uma cepa influencia seu sabor e cheiro, tornando-o um fator importante a ser considerado pelos breeders ao cultivar e pelos amantes da maconha ao selecionar uma cepa para fumar.

No entanto, descobriu-se que os terpenos desempenham outro papel muito mais importante nas plantas de cannabis. Eles não apenas têm sua própria gama de efeitos medicinais, mas também influenciam os efeitos psicoativos, por meio do que conhecemos como “efeito entourage”. Por exemplo, o mirceno é capaz de aumentar os efeitos anti-inflamatórios do CBD e o limoneno tem a capacidade de aumentar seus efeitos antibacterianos.

Dados os benefícios adicionais que os terpenos oferecem, sua produção se tornou mais importante e hoje muitos cultivadores estão se concentrando em aumentar sua produção durante o cultivo. Aqui estão algumas dicas para maximizar os níveis de terpeno e obter uma erva mais aromática possível.

TUDO COMEÇA NOS GENES

Existem vários motivos pelos quais os cultivadores desejam maximizar os terpenos. Para cultivadores ocasionais, isso significa ter buds perfumados para melhorar as sessões. Para o produtor comercial, em países legalizados, significa conseguir um produto mais atraente no final da safra. Em ambos os casos, existe a possibilidade de potencializar os efeitos. Se você deseja cultivar a erva mais cheirosa, selecionar as sementes é um fator importante. Começar com cepas que foram desenvolvidas especificamente para a produção de determinado terpeno oferece uma grande vantagem.

Na hora de comprar sementes, leia atentamente a descrição das cepas e escolha um perfil de terpeno com as características que procura.

SOLO DE BOA QUALIDADE É ESSENCIAL

Se você cultivar no solo, vale a pena ir mais longe e ter certeza de que é da melhor qualidade. Você pode adquirir um solo de boa qualidade facilmente ou pode fazer sua própria mistura. O solo contém muitos nutrientes que as plantas usam para sobreviver e prosperar, e um solo de boa qualidade está associado à maconha com o melhor sabor e aroma. Cultivar maconha em solo onde os nutrientes estiverem esgotados produzirá resultados decepcionantes.

ESTRESSAR A PLANTA, MAS NÃO MUITO

Estressar um organismo biológico pode resultar em duas maneiras. Se uma quantidade apropriada de estresse for aplicada, o organismo se adaptará, ficará mais forte e sobreviverá. Por outro lado, se muito estresse for aplicado e o organismo não for capaz de se adaptar, ele morrerá. Para cultivar uma maconha rica em terpenos, você precisa aplicar a quantidade certa de estresse.

Métodos como o treinamento de baixo estresse são uma ótima opção ao procurar buds carregados de terpeno. Essa técnica envolve flexionar, transformar e manipular suavemente os galhos para forçar as plantas a crescerem em uma determinada forma. Em longo prazo, isso gera mais ramas principais, distribuídas de forma mais ampla. O resultado final é uma planta menor, que produz safras maiores e flores altamente aromáticas.

A defoliação, que consiste simplesmente em retirar algumas folhas, é outra técnica que aumenta o teor de terpenos. A remoção de folhas extras libera espaço na copa, permitindo que as flores recebam mais luz; e simultaneamente a planta é estressada, aumentando a produção de tricomas.

LEVE EM CONTA A ILUMINAÇÃO

A iluminação é um dos fatores mais importantes durante o cultivo e desempenha um papel especialmente crítico na produção de terpeno. Na natureza, uma das razões pelas quais os tricomas produzem resina é proteger as plantas da exposição excessiva à luz; portanto, esse comportamento pode ser explorado pelos cultivadores. Expor as plantas à luz UV-B por cerca de 2-3 semanas na fase de floração pode facilmente aumentar a produção de tricomas.

USE A TEMPERATURA CORRETAMENTE

Para atingir a produção ideal de terpeno, quase todos os fatores ambientais podem ser controlados; e a temperatura é um fator importante. Abaixar a temperatura durante a noite fará com que os tricomas trabalhem horas extras. Idealmente, reduza a temperatura em cerca de 5°C durante a noite. Obviamente, tome cuidado para não esfriar demais as plantas, pois isso pode afetar outros aspectos do cultivo.

NÃO SE ESQUEÇA DE FAZER LAVAGEM DE RAÍZES

Fazer a lavagem das raízes nas plantas pode contribuir para o aroma e sabor, pois remove o excesso de nutrientes. Os nutrientes podem se acumular nos buds e podem dominar o sabor natural da cepa. Durante as 2 semanas antes da colheita, regue as plantas com a água mais pura possível para enxaguar as raízes.

SEJA PRECISO COM A HORA DA COLHEITA

Os terpenos são compostos voláteis e realmente não têm dificuldade em se degradar ou quebrar. Se você colher muito tarde, mesmo que seja um pouco, pode começar a perder cheiros e sabores preciosos. Como indicador básico, use uma lupa para observar de perto os tricomas nos buds. Certifique-se de ler informações mais detalhadas sobre a colheita para saber a hora exata em que as plantas devem ser cortadas.

SEQUE E CURE CORRETAMENTE

Embora pareça que depois da colheita o trabalho esteja pronto, ainda há tarefas a serem feitas. Secar e curar adequadamente sua erva garante que seus cheiros e sabores não sejam perdidos. Seque a maconha por 2-3 semanas em um lugar fresco, pois o excesso de calor começará a degradar os valiosos terpenos. Tente manter o nível de umidade em torno de 50%.

Quando as plantas estão secas, é hora de curá-las. As condições ideais para este processo são baixas temperaturas, local escuro e umidade em torno de 55%. A cura vai melhorar muito o sabor e o cheiro de seus buds.

Referência de texto: Royal Queen

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