por DaBoa Brasil | mar 20, 2017 | Saúde
A hepatite C é uma das principais causas de doença hepática crônica em todo o mundo.É tipicamente associada com fadiga, depressão, dores nas articulações e lesões no fígado, incluindo cirrose e câncer de fígado.
Pacientes com diagnóstico de hepatite C frequentemente relatam o uso de maconha para tratar tanto os sintomas da doença e náuseas associadas com a terapia antiviral. [1-2] Um estudo de observação realizado por pesquisadores da Universidade de Califórnia em San Francisco (UCSF) descobriram que os pacientes com hepatite C que usam maconha foram significativamente mais propensos a aderir a seu regime de tratamento que os pacientes que não usam. [3] No entanto, não há testes clínicos para avaliar o uso de canabinóides para esta indicação que estejam disponíveis na literatura científica.
Dados pré-clínicos indicam que o sistema endocanabinóide pode moderar os aspectos da doença hepática crónica [4,5] e que os canabinóides podem reduzir a inflamação em modelos experimentais de hepatite. [6] Algumas outras críticas clínicas têm relatado uma associação positiva entre o uso diário da maconha e a progressão da fibrose hepática (acumulação excessiva dos tecidos) e esteatose (acumulação excessiva de gordura) em alguns pacientes com hepatite C.[7-9] No entanto, os relatórios de dados dos ensaios mais recentes dizem que fumar maconha não está associado com a promoção da doença hepática em pacientes com hepatite C.[10]
Os especialistas têm opiniões diferentes sobre o uso terapêutico dos canabinóides para o tratamento da hepatite C. Escrevendo na edição de outubro de 2006 da European Journal of Gastroenterology, pesquisadores do Canadá e da Alemanha concluíram que a maconha teria “potenciais benefícios de uma maior probabilidade de sucesso do tratamento [para pacientes com hepatite c] e parecem superar seus riscos.” [11] Por outro lado, alguns especialistas não aconselham o uso de maconha em pacientes com hepatite crônica até que se realizem mais estudos. [12-16]
Referências
[1] Schnelle et al. 1999. Os resultados de um inquérito normalizado sobre o uso médico dos produtos de cannabis… Forschende Komplementärmedizin (Alemanha) 3: 28-36.
[2] David Berstein. 2004. “A hepatite C – Estado atual da técnica e as direções futuras.” MedScape.
[3] Silvestre et al. 2006. O consumo de cannabis melhora a retenção e os resultados virológicos em pacientes tratados para a hepatite C. European Journal of Gastroenterology and Hepatology . 18: 1057-1063.
[4] Zamora-Valdes et al. 2005. O sistema endocanabinóide na doença hepática crônica (PDF). Annals of Hepatology 4: 248-254.
[5] Gabbey et al. 2005. Os endocanabinóides e doença hepática – opinião. Liver International 25: 921-926.
[6] Lavon et al. 2003. Um novo derivado canabinóide sintético inibe o dano inflamatório do fígado através da regulação de citocina negativa. Molecular Pharmacology 64: 1334-1344.
[7] Hezode et ai. 2005. Os diários da cannabis como fator de risco para a progressão da fibrose na hepatite C crônica. Hepatology 42: 63-71.
[8] Ishida et al. 2008. Influência do consumo de cannabis na gravidade da infecção por HCV. Clinical Gastroenterology and Hepatology 6: 69-75.
[9] Parfieniuk e Flisiak. 2008. O papel dos canabinóides em doenças hepáticas. World Journal of Gastroenterology 14: 6109-6114.
[10] Brunet et al. 2013. Fumar maconha não acelera a progressão da doença hepática em pacientes HIV-co-infectados com HCV: uma análise de coorte longitudinal. Clinical Infectious Diseases 57: 663-670.
[11] Fischer et al. 2006. O tratamento para o vírus da hepatite C e uso de cannabis em pacientes consumidores de drogas ilícitas: implicações e perguntas. European Journal of Gastroenterology and Hepatology 18: 1039-1042.
[12] Schwabe e Siegmund. 2005. op. cit.
[13] Hezode et al. 2005. op. cit.
[14] David Berstein. 2004. op. cit.
[15] Hezode et al. 2008. O uso diário de cannabis: um novo fator de risco para a gravidade da esteatose em pacientes com hepatite C crônica. Gastroenterology 134: 432-439.
[16] Purohit et al. 2010. O papel dos canabinóides no desenvolvimento do fígado gordo (esteatose). AAPS Journal 12: 233-237.
Fonte: Norml
por DaBoa Brasil | jan 16, 2017 | Política, Saúde
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do primeiro remédio à base de maconha no Brasil. Trata-se do Mevatyl, indicado para o tratamento de espasticidade -rigidez excessiva dos músculos- relacionada à esclerose múltipla.
O medicamento contém dois dos princípios ativos da planta usados medicinalmente, o tetraidrocanabinol (THC), em concentração de 27 mg/mL, e canabidiol (CBD), em concentração de 25 mg/mL, e será vendido apenas a maiores de 18 anos, em solução oral (spray). A aprovação foi publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (16).
O remédio, registrado em outros países com o nome Saitivex, será fabricado pela empresa britânica GW Pharma Limited –no Brasil, a detentora do registro do medicamento é a empresa Beaufour Ipsen Farmacêutica Ltda. O Mevatyl, por aqui, será comercializado com tarja preta em sua rotulagem e a sua dispensação ficará sujeita a prescrição médica por meio de notificação de receita.
De acordo com a agência, o medicamento, aprovado em outros 28 países, incluindo Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Suíça e Israel, é destinado a pacientes não responsivos a outros medicamentos antiespásticos.
A Anvisa ainda ressalta, em comunicado à imprensa, que o Mevatyl não é indicado para o tratamento de epilepsia, pois a presença do THC no composto pode causar agravamento de crises epiléticas.
“A Anvisa é um órgão muito criterioso. Se liberou a presença destas substâncias [canabidiol e tetrahidrocanabidiol] em um remédio é porque estes componentes têm a eficácia comprovada em tratamento de doenças cujos métodos tradicionais não se mostraram tão positivos”, diz o médico psiquiatra Sabino Ferreira de Farias Neto.
O psiquiatra, no entanto, alerta que o registro do medicamento não significa que a planta deva ser tratada como remédio. “Alguns componentes da maconha podem funcionar como medicamento, mas isso não significa que maconha é remédio. Não é.”
Para a advogada Margarete Brito, presidente da Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal, considera o registro um avanço na questão da utilização da maconha medicinal no Brasil.
“Agora que a gente tem um remédio registrado na Anvisa com alto [teor de] THC, acho que não tem mais como dizer que [este princípio ativo da maconha] não é remédio, que é perigoso”, afirma. “Isso vem para dizer que [a Cannabis sativa] é remédio, tem que ter mais pesquisa, tem que ter mais médico estudando isso”.
Novas regras da Anvisa
Em novembro, a Anvisa aprovou uma regra que abriu o caminho para o registro, produção e venda de medicamentos compostos por maconha no Brasil. Com a decisão, remédios a base de THC (tetrahidrocannabionol) e de canabidiol passaram a ser considerados como de venda sob controle especial.
A nova regra também regulamentou a concentração máxima dos dois derivados da maconha no remédio, que não poderia superar 30 miligramas por mililitro. Além disso, as regras para a importação de produtos à base de canabidiol foram flexibilizadas, desburocratizando o processo.
A liberação do uso do canabidiol no Brasil foi determinada pela Anvisa em 2015, depois de uma movimentação feita pela sociedade civil amparada por uma medida judicial.
Fonte: Uol Notícias
por DaBoa Brasil | dez 12, 2016 | Política
Preso por ter sementes, folhas secas e maconha prensada, um senhor de 70 anos foi absolvido pela juíza Luana Cavalcante de Freitas, da Vara do Único Ofício do Quebrangulo (AL), depois de ter sido provado que as substâncias eram para consumo próprio. O idoso sofre de câncer de próstata e passou a usar a droga para reduzir os efeitos da doença, mas sem prescrição médica.
Além de folhas e sementes, idoso também foi preso com maconha prensada.
Em abril de 2015, a Polícia Militar alagoana recebeu uma denúncia de que existia plantação de pés de maconha na casa do idoso. Ao fazer uma diligência no local, encontraram 42 gramas de sementes de maconha, 42 gramas da droga prensada e 128 gramas de folhas secas da planta.
A defesa do idoso argumentou que o rito estabelecido na Lei de Drogas (11.343/2006) foi desrespeitado. O Artigo 28 da norma determina que “quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar” será advertido sobre os efeitos da substância, prestará serviços à comunidade e cumprirá medida educativa.
A defesa do idoso também alegou que não há nenhum exame toxicológico nos autos e pediu que a conduta fosse considerada atípica. Ao se manifestar, o Ministério Público de Alagoas pediu a desclassificação do crime de tráfico para porte de drogas para consumo pessoal.
Para inocentar o réu, a juíza citou o princípio da lesividade, segundo o qual uma conduta só pode ser considerada crime quando se ajustar ao tipo penal, sob o ponto de vista formal (adequação do fato à norma), e demonstrar relevância material. “Ou seja, é a conduta que provoca uma lesão ou ameaça de lesão intolerável ao bem jurídico tutelado”, explicou.
De acordo com Luana de Freitas, o princípio da lesividade está diretamente ligado ao da alteridade, que define como conduta criminosa apenas aquela que lesiona ou ameaça bem jurídico de terceiro. “Se a conduta não extrapola o âmbito individual, o Estado não pode criminalizar a conduta. Por conta desse princípio que não existe punição para tentativa de suicídio ou autoflagelo”, comparou a juíza.
Estudos e pesquisas
A juíza destacou em sua decisão que o tema é controverso e que inúmeros estudos científicos comprovam que a maconha possui um grau de nocividade e dependência mais baixo do que o álcool e o cigarro.
“Não parece que se possa extrair a conclusão de que o uso abusivo da maconha pode ocasionar danos a saúde, como ocorre, aliás, com qualquer substância, e não apenas com os entorpecentes, como com o açúcar”, disse a juíza, complementando que outras tantas pesquisas comprovaram que a droga em questão tem benefícios terapêuticos que ajudam a reduzir os efeitos de doenças como câncer, aids, glaucoma, esclerose múltipla e epilepsia.
Destacou ainda que países como Portugal, Espanha, Canadá, Uruguai, Holanda, Israel, além de alguns estados dos EUA estão legalizando o uso medicinal e recreativo da maconha. “Uma vez que levam em consideração que os benefícios superam os malefícios e a sua proibição contribui para o aumento do tráfico de drogas.”
Luana de Freitas também respondeu aos argumentos de que, em casos como esse, o bem jurídico violado seria a saúde pública: “Soa incoerente, uma vez que existem drogas lícitas que matam milhares por ano, sendo necessário um gasto enorme do dinheiro público por conta disso. Ademais, criminalizar o uso de drogas acaba afastando os usuários do sistema de saúde, principalmente pelo estigma que carrega o usuário”.
Para ler a decisão clique aqui.
Processo 0000101-82.2015.8.02.0033
Fonte: ConJur
por DaBoa Brasil | set 23, 2016 | Saúde
Um estudo recente descobriu que nos Estados Unidos pela primeira vez, pelo menos desde 2002, os norte-americanos de meia-idade são mais propensos a fumar maconha do que adolescentes.
No Canadá, o Dr. Robert Mann, do Centro de Dependência e Saúde Mental (CAMH), diz que eles estão vendo mais pessoas idosas do que jovens usando maconha, também.
“Vimos que o uso de maconha entre adultos mais velhos tem vindo a aumentar ao longo do tempo”, acrescentou Mann.
O estudo americano, publicado pelos Centros de Controle de Doenças e Prevenção de Doenças mostra que a maconha aumentou nos EUA nos últimos 13 anos, especialmente entre as pessoas com idades entre 26 anos ou mais.
Verificou-se que apenas 7,4% dos residentes nos EUA com idades entre 12 e 17 anos fumavam em 2014, em comparação com 8% das pessoas que tem idade entre 35-44 anos e marca a primeira vez desde 2002, pelo menos, no qual estadunidenses de meia-idade fumavam menos que os adolescentes.
Em Ontário (Canadá), por sua vez, um pouco menos de 9% dos adultos pesquisados pela CAMH Monitor em 1996 disseram que tinham consumido maconha no último ano. Em 2013, esse grupo tinha aumentado para 14,1%.
“Se começar a usá-la quando você é um adolescente, é mais provável que use como um adulto e à medida que envelhecem”, disse Mann.
O estudo do CDC e do Monitor CAMH não são diretamente comparáveis.
No Canadá, as últimas estatísticas federais sobre o consumo de maconha vêm do levantamento de 2013 de Tabaco, Álcool e Drogas, que pesquisou os canadenses com 15 anos ou mais.
Essa pesquisa mostrou que os canadenses de 15-19 e adultos 20-24 (26%) consumiram mais maconha no ano anterior do que pessoas com 25 anos e mais (8%).
Fonte: Toronto Sun
por DaBoa Brasil | ago 29, 2016 | Política
Quando várias formas de descriminalização da maconha e sua legalização são fortalecidas em países importantes como o Canadá e os Estados Unidos, países menores estão saindo de trás das sombras da reforma na política sobre a planta.
Agora, relatórios fora da Tailândia mostram várias organizações governamentais que procuram a descriminalização da erva.
Em um fórum público grupos, governo e indústria privada na Tailândia concordaram que a maconha não pertencia à lista de drogas ilegais categoria 5 no país. Por enquanto, as penalidades para quem é pego com substâncias dessa classificação incluiu uma pena de prisão de 1 a 15 anos e multas substanciais.
A Polícia de Repressão ao Crime, Polícia de Repressão às Drogas, Conselho Agrícola Nacional e o Conselho de Estado (um departamento do Primeiro-Ministro) enviaram representantes a reunião pública.
A Unidade de Controle de Drogas da Polícia da Tailândia disse que o Departamento de Saúde Pública da Tailândia teria de emitir leis adicionais para controlar a maconha, desde que a descriminalização torne-se uma realidade.
De acordo com MThai, o Conselho da Agricultura está investigando o assunto e está desenvolvendo uma proposta de descriminalização para o gabinete.
A descriminalização da maconha na Tailândia poderia ser o catalisador para varrer reformas em toda a região, como quando o Uruguai se tornou o primeiro país do mundo a legalizar o uso recreativo da maconha.
A legalização no Uruguai provocou um debate e uma reforma na América do Sul, como resultado, outros países, como a Colômbia começaram a considerar grandes mudanças em suas políticas com a planta.
Fonte: arizonamedicalmarijuanadoctors
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