por DaBoa Brasil | out 11, 2019 | Curiosidades
Tradicionalmente, o haxixe é feito em duas etapas. A primeira é a extração das glândulas resinosas das flores. E o segundo, mas não menos importante, é a prensagem, onde o pó resultante do primeiro passo se torna uma massa sólida. Conseguiremos isso combinando calor e pressão, o que fará com que as glândulas se juntem formando uma única peça.
Se o haxixe é extraído a seco ou com água e gelo, prensa-lo também facilita o manuseio, conservação e consumo. Embora os tricomas uma vez extraídos possam ser consumidos, sempre serão desperdiçados por razões óbvias. Por outro lado, uma peça compacta e emborrachada, como um bom hash, ocupa pouco espaço, fica mais livre de sujeira e seu manuseio e consumo são mais simples.
Outro aspecto importante é a conservação dos canabinoides, mais propensos à decomposição quando não são prensados após a extração. O exterior de uma peça de haxixe é sempre de uma cor mais escura do que o interior devido à oxidação, que cria uma camada protetora. Além disso, a quebra das glândulas de resina libera terpenoides voláteis que melhoram o aroma e o sabor do haxixe.
Dependendo da variedade usada, do método de extração e até da temperatura, um haxixe pode variar de cor ou textura. Assim, podemos encontrar um belo hash roxo de algumas variedades roxas ou uma cor de creme muito apetitosa. Alguns podem ser muito emborrachados e com apenas o calor das mãos amolecer, enquanto outros podem ser mais frágeis.
A PRENSAGEM DO HAXIXE À MÃO
O primeiro será sempre garantir que as glândulas de resina estejam bem secas, principalmente quando se trata de uma extração com água e gelo. Os fungos também podem atacar se a peça tiver umidade excessiva.
Existem muitos métodos para prensar o haxixe manualmente. O tradicional é pegar uma pequena quantidade de resina fresca e amassá-la com os dedos e as palmas das mãos até que o calor e sua força comecem a fazer o trabalho. 10 minutos depois, sua densidade terá mudado, tornando-se plasticina.
Você também pode usar uma garrafa de vidro. Para fazer isso, encha com água morna, faça um pequeno pacote com resina fresca e filme transparente e use a garrafa como um rolo para compactar a resina em uma placa fina. Você pode remover o haxixe, dar uma ou duas dobras e repetir a operação até obter uma placa uniforme.
Outro método muito curioso e muito eficaz é envolver um pouco de resina em pó em plástico filme transparente. Em seguida, coloque-o dentro do calçado, na área do calcanhar. Você pode usar uma garrafa temperada para esmagá-la levemente e torná-la mais confortável. Após uma hora de caminhada, o haxixe terá se compactado.
Fonte: La Marihuana
por DaBoa Brasil | mar 27, 2019 | Curiosidades, História
O haxixe é a extração de maconha mais famosa e consumida no mundo. É obtido a partir da resina, ou tricomas dos buds, que, uma vez separados da matéria vegetal, são amassados ou prensados até se obter uma substância pastosa e compacta. O calor das mãos é o suficiente para amolecer o haxixe e manipulá-lo facilmente.
Em muitos países, há uma grande tradição de consumir haxixe, em parte devido à influência do Marrocos, o maior produtor mundial. Muitos têm o hábito de misturar cannabis com tabaco, principalmente com haxixe. Tenha em mente que, como muitos outros países, a cultura canábica brasileira é relativamente jovem.
O haxixe que atualmente entra no Brasil é praticamente todo adulterado. Para ter uma ideia, para fazer um grama de haxixe, você precisa de cerca de 10 gramas de buds. Se for um hash double zero, feito apenas com os melhores tricomas externos e considerado da mais alta qualidade, serão necessários cerca de 100 gramas de buds.
A ORIGEM DO HAXIXE
Embora alguns se surpreendam o haxixe não nasceu no Marrocos. De fato, o cultivo de cannabis no país não começou até meados do século passado, por isso é relativamente moderno. A palavra “haxixe” vem da palavra árabe hashish, que tem vários significados, como erva seca e até mesmo cânhamo.
É muito difícil para os pesquisadores identificar o país de origem. Alguns concordam em ser da antiga Pérsia, o que é agora o Irã. Outros apontam para as montanhas do Hindu Kush, um dos primeiros lugares de domesticação da maconha. E outros falam da Índia, onde depois de trabalhar nas plantações, as mãos dos agricultores armazenam a resina que chamam de charas.
Uma das primeiras referências escritas sobre o haxixe é encontrada na compilação medieval árabe das histórias das “Mil e Uma Noites”. Na história “The Hashish Dining Room” conta a história de um homem rico, que depois de gastar toda a sua fortuna em mulheres, vai a um banho turco. Lá ele ingere uma bola de haxixe e mergulha em um sonho onde é rico novamente. Mas quando acorda descobre que as pessoas, reconhecendo-o, apontam-no e riem dele. Ele não esquece sua experiência com drogas e começa a restaurar o orgulho e a autoconfiança.
Outras lendas atribuem a Qutb ad-Din Haydar, um monge de clausura também o fundador do sufismo, um dos ramos do Islã. Depois de cair em depressão, foi sozinho para o campo. Quando ele retorna, seus discípulos percebem que ele parece um novo homem, feliz e apaixonado pela vida. Haydar atribui sua felicidade ao haxixe, então seus discípulos imediatamente começam a consumi-lo. Tal foi o seu prazer por esta planta, que ele mesmo pediu para ser enterrado cercado por cannabis.
Qualquer que seja sua origem exata, por volta de 900 dC, o haxixe se espalhou rapidamente por todo o mundo árabe, embora na Europa não tenha sido introduzido até o século XVIII. Durante as campanhas napoleônicas no Egito, os soldados receberam haxixe para mantê-los encorajados em tempos de exaustão. Em meados do século XIX, alguns médicos ocidentais começaram a explorar os usos medicinais dessa extração. Há evidências de que algumas figuras literárias importantes da época, como Charles Baudelaire e Victor Hugo, consumiram haxixe.
Fonte: La Marihuana
Adaptação: DaBoa Brasil
por DaBoa Brasil | jun 16, 2017 | Ativismo, Política, Turismo
Era meu segundo dia em Lisboa, e após passar a manhã e a tarde conhecendo a cidade histórica fui à noite me embriagar na boêmia lisboense do Bairro Alto. Por coincidência, em um dos vários bares do bairro, haveria um show do Boogarins. Não deu outra, logo estava dentro de um clube que mais parecia uma caverna: estreito e comprido com paredes de pedra.
Eu tinha algumas moedas de euro no bolso, e que, após contar com certa dificuldade, cheguei à conclusão que dava para beber quatro cervejas de pressão (como é chamado o chopp em Portugal). Durante a primeira cerveja, enquanto o show não começava, fiquei apenas observando os jovens portugueses se divertindo ao som de Novos Baianos. Pois é, Portugal gosta mesmo é do violão de nylon brasileiro.
Antes do Boogarins subir ao palco, fui pegar minha segunda cerveja no bar, e perto dele fiquei por motivos estratégicos. Eis que então, minhas narinas começaram a sentir um cheiro de maconha em meio à fumaça de tabaco. Quando menos percebi, meus olhos já estavam procurando a origem da marofa.
Comecei a perguntar às pessoas perto de mim se alguém tinha maconha. Recebi uma resposta negativa várias vezes. Quando eu estava quase desistindo, vi dois cabeludos com cerveja em mãos em transe com as guitarras do Boogarins. Logo, lancei a pergunta. “Ei companheiros, vocês têm um baseado?”. Eles me olharam sem entender direito o que eu queria. “Oi? Não entendemos”. Refiz a pergunta, desta vez gesticulando com as mãos… “Vocês tem um beck? Maconha?”. “Aaaah, tu queres haxixe? Sim, nós temos!”, respondeu o cabeludo.
A felicidade tomou conta de mim. “Pô, muito obrigado! Já estava ficando desesperado.”. Como bons portugueses, foram extremamente polidos. “Imagina! Tens tabaco?”. Não, eu não tinha tabaco, mas pedi um pouco para um cara em minha frente que estava apertando um cigarro. “Pronto, tenho tabaco aqui. Precisa que eu bole?”, me ofereci para fazer o trabalho. “Não precisa não, mas se você tiver piteira seria bom”.
Comecei a perceber que não é apenas no português que os brasileiros se diferenciam dos portugueses, mas também no modo de fumar maconha. “Piteira? Lá no Brasil nós não temos muito o costume de usar piteira”. Os portugueses ficaram surpresos. “Ora pois, vocês não usam piteira?”. Respondi que não. “Lá no Brasil fumamos cigarro de maconha, sem tabaco, e usamos a ponta da seda como piteira mesmo”. “Que estranho”, comentou o cabeludo.
O haxixe começou a ser passado entre nós três. “Como é lá no Brasil com maconha?”, perguntou o outro cabeludo. “Lá maconheiro recebe tapa no ouvido de policial se fumar em público. Se plantar então… vai é pro xilindró!”. Ficaram assustados os portugueses. “Pesado. Aqui podemos fumar tranquilamente, e podemos plantar em casa”.
Fui tomado pelo haxixe. Sentia meus pés tocando o chão, mas minha mente parecia estar na mesma frequência do som dos instrumentos que saia dos amplificadores. A terceira cerveja molhava minha garganta do mesmo jeito como a água molha a terra seca. Meu espírito estava livre.
Assim que o show acabou, andei chapado pelas ruas de Lisboa pensando em como a liberdade de se fumar maconha tranquilamente se torna um prazer. Sem problemas, sem violência, sem mortes. Portugal descobriu o Brasil com velas de cânhamo. Quando é que o Brasil vai descobrir Portugal como exemplo de política de drogas?
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | ago 28, 2024 | Política
A grande maioria das pessoas que tiveram as penas perdoadas pertence à região do Rife, zona mais emblemática do cultivo da planta no país africano, onde 80% da renda da população está relacionada à maconha.
Recentemente, o rei do Marrocos, Mohammed VI, concedeu perdão a um total de 4.831 pessoas presas por crimes relacionados com a maconha. A grande maioria são pequenos agricultores que vivem na região do Rife, situada no norte do país e a zona mais emblemática no que diz respeito ao cultivo da planta para posterior produção de kief (haxixe). A medida foi anunciada pelo ministério da justiça do país no dia 19 de agosto, um dia antes do 71º feriado nacional da Revolução do Rei e do Povo, em que a coroa costuma conceder diversas anistias.
O perdão massivo da realeza marroquina aconteceu 3 anos após a aprovação da lei que permite a produção de maconha para fins terapêuticos. De acordo com a agência de notícias local, MAP, cerca de 548 pessoas perdoadas estavam na prisão e outras 137 foram condenadas a cumprir pena de prisão, mas ainda estavam em liberdade. O restante foi processado antes da legalização medicinal no país.
Com base em um estudo da ONG Global Initiative, estima-se que na zona do Rife existam entre 96.000 e 140.000 famílias que vivem direta ou indiretamente da indústria da maconha, a grande maioria das quais são pequenos agricultores que se encontram em uma situação economicamente vulnerável. Em 2016, o então presidente da região, Ilyas al Omari, garantiu que 80% da renda da população do Rife estava relacionada à cannabis.
O Rife também concentrou a principal oposição política ao regime marroquino em Rabat. Entre 2016 e 2017, ocorreram grandes revoltas e uma repressão brutal que ainda mantém vários ativistas presos. Por este motivo, a legalização da maconha procurou acalmar as tensões na área e permitir uma saída econômica para os seus residentes, uma vez que Marrocos só permite a produção da planta nesta região.
Referência de texto: LeMonde / Cáñamo
por DaBoa Brasil | mar 27, 2024 | Política
Os países europeus estão gradualmente voltando a sua atenção para a reforma da maconha, à medida que a legalização da planta para uso adulto e medicinal se torna cada vez mais o novo status quo em estados dos EUA. Enquanto a Alemanha se prepara para lançar o seu programa de uso adulto no próximo mês, a Suíça adotou uma abordagem alternativa no forma de um programa piloto de legalização para uso adulto.
No início de março, as autoridades suíças publicaram os primeiros dados do seu estudo piloto em Zurique, oferecendo informações iniciais sobre a procura de maconha legal no país, juntamente com algumas tendências emergentes de consumo.
Os resultados do estudo serão utilizados para determinar quais, se houver, implicações para a saúde pública que a disponibilidade de cannabis para uso adulto pode infligir à Suíça, bem como ao resto da Europa.
A Suíça está atualmente realizando testes nas cidades de Lausanne, Zurique, Liestal, Allschwil, Berna, Bienne e Lucerna, juntamente com os cantões de Basileia e Genebra.
Uma primeira análise dos consumidores de maconha no programa piloto suíço
No que diz respeito aos dados recentemente partilhados sobre o estudo “ZüriCan”, um total de 2.100 pessoas podem participar, sendo 1.928 atualmente incluídas e elegíveis para comprar maconha como parte do estudo.
Significativamente mais homens (80,7%) do que mulheres (18%) ou pessoas não binárias (1,2%) participam. Esta disparidade foi prevista, tendo os investigadores referenciado uma pesquisa online realizada a nível nacional em 2016, que também revelou que a maioria dos consumidores suíços de maconha eram homens. A faixa etária dos 28 aos 32 anos é também a mais frequentemente representada no estudo, com uma idade média de 35 anos.
Os dados também analisam mais de perto os hábitos de consumo dos participantes do estudo, com a maioria consumindo maconha quatro ou mais vezes por semana.
“A participação no estudo parece ser particularmente atraente para pessoas que consomem com frequência”, afirmam os pesquisadores por meio de tradução. “No entanto, pessoas que usam cannabis apenas algumas vezes por mês também participam do estudo. Isso nos permitirá comparar pessoas com diferentes hábitos de consumo em nosso estudo”.
Os pesquisadores também observam que aproximadamente um quarto dos participantes tinha evidências de um transtorno por uso de cannabis antes de terem acesso aos produtos do estudo – confirmado através de um questionário de triagem, o Teste de Identificação de Transtorno por Uso de Cannabis (CUDIT, sigla em inglês). Os pesquisadores observam que esta tendência reflete outros estudos semelhantes.
Reconhecer e aprimorar o foco nesta variável também pode ser valioso do ponto de vista da pesquisa:
“A distribuição regulamentada de maconha pode criar uma estrutura que promova o consumo de cannabis de menor risco. Em particular, os consumidores de maconha que têm consumo problemático têm acesso mais fácil a serviços de aconselhamento e tratamento”, observam os autores. “…o pessoal de vendas nos pontos de referência foi especialmente treinado para aconselhar e prevenir, de modo que seja possível um aconselhamento individual e direcionado. Como os participantes do estudo sempre compram a cannabis do estudo da mesma fonte, uma relação mais próxima de confiança pode se desenvolver ao longo do tempo, na qual desenvolvimentos problemáticos também podem ser identificados e discutidos”.
Tendências de produtos e ‘insights promissores’
O programa oferecia originalmente cinco opções, mas em dezembro de 2023 foi expandido para incluir nove produtos diferentes de cannabis – cinco produtos de flores e quatro produtos de haxixe – com níveis variados de THC e CBD. Os investigadores observam que os participantes do estudo solicitaram “todos os produtos”, com um total de aproximadamente 16.500 vendas até agora e um total de cerca de 140 kg de produtos de cannabis vendidos em embalagens de cinco gramas.
No entanto, os dados não incluíram quaisquer análises adicionais em torno do comportamento do consumidor ou da popularidade de produtos específicos.
A empresa europeia de maconha Cannavigia está trabalhando com o Gabinete Federal Suíço de Saúde Pública no estudo, nomeadamente para acompanhar as vendas de maconha e fornecer dados sobre tendências de consumo através do seu Sistema de Dispensários de Cannabis.
De acordo com Tobias Viegener, chefe de marketing da Cannavigia, essas descobertas iniciais já estão fornecendo alguns insights importantes.
“Os dados iniciais do piloto ‘ZüriCan’, publicado este mês, revelam insights promissores sobre a funcionalidade do mercado regulamentado de cannabis e sua aceitação entre os participantes”, disse ele à Forbes. “Este nível de envolvimento indica uma recepção positiva e um sistema de distribuição eficaz, estabelecendo uma base sólida para informar futuras políticas e regulamentações sobre a cannabis”.
Outro estudo sobre maconha chegará à Suíça em breve
Em 18 de março, as autoridades também divulgaram o anúncio do mais recente estudo do país, que terá a duração de cinco anos e poderá contar com até 7.500 participantes – o maior ensaio da Suíça até à data.
O estudo também incluirá um grupo de comparação, com os consumidores continuando adquirindo maconha através do mercado ilícito, enquanto os outros grupos localizados em Winterthur, Schlieren e Horgen terão acesso a produtos regulamentados através de farmácias e locais de venda participantes.
O software Cannavigia também será usado no estudo piloto recentemente anunciado no Cantão de Zurique.
De acordo com o Departamento Federal de Saúde Pública, “o objetivo do ensaio piloto no cantão de Zurique é investigar as consequências sociais e econômicas da legalização do consumo (de uso adulto) de cannabis na Suíça. Além disso, deverão ser estudados os efeitos de um programa de autorregulação para a prevenção do consumo excessivo de cannabis. Isso envolve um ensaio clínico randomizado.
Referência de texto: High Times
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