EUA: Connecticut legaliza oficialmente a maconha para uso adulto

EUA: Connecticut legaliza oficialmente a maconha para uso adulto

O governador do estado norte-americano assinou a lei de regulamentação da cannabis na última terça-feira. Com isso, os residentes de Connecticut com mais de 21 anos de idade poderão consumir e portar legalmente maconha a partir da próxima semana. A regulamentação também contempla a venda em estabelecimentos, que pode começar a partir de maio do próximo ano, embora ainda não haja data definida.

A regulamentação foi aprovada pelo Senado na semana passada e só faltou a assinatura do governador, que ameaçou vetar o projeto se parte do texto, que incluía todas as pessoas com detenções e condenações por maconha e seus familiares, não fosse apagada. Como candidatos a obter facilidades para solicitar licenças comerciais de maconha. A ameaça do governador causou a eliminação desta seção e a lei foi aprovada para que, possam emitir licenças de negócios através da equidade social, apenas as pessoas que residem em áreas que foram desproporcionalmente afetadas no número de condenações e prisões devido à guerra às drogas.

Com a aprovação desta lei, Connecticut se tornou o 19º estado a regulamentar a maconha para uso adulto nos Estados Unidos e o quarto neste ano, depois de Nova York, Virgínia e, posteriormente, Novo México. “Por décadas, a guerra contra a cannabis causou injustiça e criou disparidades, enquanto fazia pouco para proteger a saúde e a segurança pública. A lei que assinei hoje começa a corrigir alguns desses erros”, disse Lamont em um comunicado à imprensa, compartilhado pelo portal Marijuana Moment.

Referência de texto: Marijuana Moment / Cáñamo

Baseado em fatos: a história da Cannabis

Baseado em fatos: a história da Cannabis

A cannabis tem uma das histórias mais espetaculares de todas as plantas. As culturas ancestrais a usavam para fazer cordas, papel e velas de barco. Médicos a usavam para tratar doenças e as religiões a usavam para se aproximar do divino ou afastar os maus espíritos. No post de hoje, vamos viajar no conhecimento e aprender um pouco mais sobre a história da cannabis.

Atualmente, milhões de pessoas em todo o mundo usam a maconha. Mas, como muitas das frutas e vegetais que consumimos, a cannabis começou como uma espécie selvagem, limitada a certas áreas do planeta.

Desde a descoberta da cannabis, os humanos espalharam a planta por todos os cantos da Terra e a domesticaram de uma forma incrível. Criaram híbridos e variedades diferentes e as usaram para criar medicamentos e materiais industriais.

A planta de cannabis originou-se como uma espécie selvagem, tornando-se rapidamente uma das ervas mais versáteis e controversas da história da humanidade. Era usada para fazer cordas, papel e velas de navios e barcos. A realeza usou a cannabis como medicamento para combater a dor. Os religiosos usaram suas propriedades psicoativas para se sentirem mais próximos de seus deuses.

Na era moderna, os pesquisadores descobriram a complexidade química desta planta. Os criadores (breeders) desenvolveram variedades de cannabis com quantidades muito maiores de canabinoides e terpenos do que suas ancestrais selvagens. Milhares de pessoas estão atualmente presas simplesmente por estarem portando ou cultivando maconha.

Não há dúvida de que a cannabis teve um impacto significativo na cultura humana nos últimos milhares de anos. Então, vamos ver exatamente de onde vem a cannabis, como ela se espalhou pelos países e como essa planta popular é considerada pelo mundo atual.

A origem botânica da maconha

Você provavelmente já desfrutou dos efeitos da planta dezenas de vezes, mas o quanto você realmente conhece sobre a maconha?

Além de explorar a fisiologia e a biologia das diferentes espécies, os botânicos realizam uma taxonomia para analisar as características das plantas e classificá-las em famílias. Além disso, estão sendo feitos estudos de paleobotânica, ou seja, o estudo de fósseis de plantas.

Esses dois ramos da botânica ajudam a estabelecer as origens de certas espécies de plantas. Quando se trata da maconha, os pesquisadores desenvolveram uma imagem detalhada da árvore genealógica da planta.

A classificação oficial da cannabis ocorreu há relativamente pouco tempo. Em 1753, o botânico e zoólogo sueco Carl Linnaeus classificou a erva como “Cannabis sativa L” (L de Linnaeus). Ele escolheu esse nome porque descrevia as características físicas da planta; a palavra “cannabis” significa “semelhante à cana”, enquanto “sativa” significa “plantada ou semeada”. Na época, Linnaeus acreditava que esse gênero incluía apenas uma espécie.

Em 1875, Jean-Baptiste Lamarck (naturalista francês e biólogo evolucionista) questionou essa opinião com base em novos espécimes da planta da Índia. Lamarck chamou essa nova versão da planta de “Cannabis indica” e afirmou que sua fibra era de qualidade inferior à da sativa, mas seu perfil psicoativo era mais forte.

Ao longo dos séculos seguintes, vários botânicos se esforçaram para classificar a cannabis em outras subespécies. Mas essas diferenças mínimas criaram linhas borradas com as quais outros discordaram. Na década de 1970, o botânico de Harvard Richard E. Schultes e os professores William Emboden e Loran Anderson estabeleceram as principais diferenças estruturais entre três subespécies óbvias: sativa, indica e ruderalis.

Atualmente, essas três categorias são amplamente reconhecidas. Você encontrará esses nomes ao examinar qualquer banco de sementes. Cada uma dessas subespécies oferece algo ligeiramente diferente para o cultivador no que diz respeito a tamanho, rendimento e taxa de crescimento.

Mais recentemente, durante a década de 1980, os pesquisadores colocaram a cannabis na família Cannabaceae. Este grupo contém 170 espécies, incluindo lúpulo, que são os cones cheios de terpeno usados ​​para dar sabor à cerveja.

De onde veio a maconha originalmente?

Antes de nos aprofundarmos na história da cannabis em várias civilizações, devemos primeiramente mencionar como a planta surgiu. Atualmente, as origens geográficas exatas da maconha ainda são controversas. Mas algumas evidências convincentes apontam para três regiões principais.

  • Ásia Central

Em 1950, o autor R.J. Bouquet afirmou, por meio de seu estudo histórico da cannabis, que esta planta se originou na Ásia Central. Ele escreveu que as regiões atuais do Cazaquistão, Mongólia, noroeste da China e extremo leste da Rússia poderiam constituir esse possível local de origem.

  • Índia

Dois outros pesquisadores concordaram com uma teoria ligeiramente diferente. Embora concordassem que a Ásia Central desempenhou um papel como o berço da maconha, Hooker e Vavilov empurraram os limites até o ponto de origem da maconha.

Hooker observou que a cannabis cresceu selvagem nas montanhas do sudoeste do Himalaia. Vavilov também considerou que a planta possivelmente se originou no noroeste da Índia, incluindo Punjab e Caxemira, bem como no Afeganistão, Tajiquistão e Uzbequistão.

  • Tibete

Apesar dessas teorias bastante corretas, pesquisas mais recentes sugeriram uma origem muito mais confiável para a maconha. John McPartland (um lendário pesquisador da cannabis do Reino Unido) publicou um artigo na revista “Vegetation History and Archaeobotany” localizando a origem da cannabis no alto do planalto tibetano.

Mas por que sua conclusão se destaca das demais? Porque é baseada em uma grande quantidade de evidências físicas.

Este planalto elevado, localizado a 3 quilômetros acima do nível do mar, pode parecer um lugar improvável para o surgimento da cannabis, mas é exatamente para onde os dados levaram McPartland e sua equipe de pesquisa.

Eles começaram a vasculhar toneladas de estudos científicos para identificar sítios arqueológicos e geológicos onde outros pesquisadores haviam encontrado pólen de cannabis. Depois de analisar os dados, eles descobriram que a presença mais antiga de pólen de cannabis apareceu no norte da China e no sul da Rússia.

Eles concluíram que a cannabis provavelmente se originou perto do lago Qinghai no planalto tibetano, cerca de 28 milhões de anos atrás. Nesse ponto da história, a cannabis provavelmente cresceu de um ancestral comum compartilhado com a planta do lúpulo.

Dessa região, a cannabis se espalhou naturalmente para a Europa há cerca de 6 milhões de anos, e para o leste da China há cerca de 1,2 milhão de anos. O pólen da cannabis apareceu na Índia mais recentemente, cerca de 30.000 anos atrás.

A história do uso ancestral da maconha

Agora você conhece a taxonomia e as possíveis origens da maconha. Daqui pra frente, vamos nos aprofundar no uso da cannabis ao longo da história antiga. E então daremos uma olhada em como nosso relacionamento com a erva mudou nos últimos tempos.

Republica Checa

A região agora conhecida como República Tcheca pode ser o lugar com o uso mais antigo da cannabis na história da humanidade. As impressões de fibra em fragmentos de argila encontrados na região datam de cerca de 26.000-24.000 anos atrás.

Um dos maiores especialistas mundiais em tecnologia de fibra pré-histórica afirmou: “as estampas foram criadas a partir de tecidos de fibra de plantas selvagens, como urtiga ou cânhamo selvagem (uma variante fibrosa da cannabis, com baixo teor de THC), que foram acidentalmente preservados”. No entanto, até que mais evidências apareçam, o material vegetal usado pelos ancestrais para criar essas impressões continua sendo especulação.

China

Dado que a cannabis quase definitivamente se originou na Ásia Central e no Tibete, é lógico que o primeiro registro verificável de uso humano dessa planta veio de regiões próximas. Os arqueólogos descobriram o uso de fibras de cânhamo na ilha de Taiwan (localizada na costa da China) de cerca de 10.000 anos, durante a Idade da Pedra.

Aqui, as pessoas usavam cordas de cânhamo para decorar potes de barro úmido enquanto o material secava. Além dessas descobertas, os pesquisadores encontraram ferramentas relacionadas ao processamento de fibras de cannabis.

  • A cannabis e a indústria chinesa

Na antiguidade, os chineses também usavam o cânhamo para fazer suas roupas. Esta planta alta e muito útil permitiu-lhes parar de depender de peles de animais.

Além de usar cânhamo em suas vestimentas cotidianas, o Livro dos Ritos (escrito por volta de 200 a.C.) indicava que as pessoas deveriam usar roupas feitas de cânhamo durante os períodos de luto.

Mas o uso desta planta não se limitou a meras roupas. Eles usaram o cânhamo para fazer cordas, redes de pesca e papel para documentar sua história, filosofia e poemas . O cânhamo aparece em muitos exemplos importantes na literatura chinesa entre 475-221 a.C., incluindo as obras filosóficas de Confúcio e a poesia clássica.

Alguns séculos depois, por volta de 200 d.C., o antigo Dicionário Shuowen expôs o conhecimento chinês sobre a cannabis. Este antigo livro reúne o conhecimento dos aspectos masculino e feminino da cannabis, sugerindo que eles conseguiram identificar essas diferenças com base na produção de flores e pólen.

  • Cannabis e medicina chinesa

A maconha também desempenhou um papel fundamental no antigo sistema médico chinês. Documentos indicam que a cannabis foi usada na medicina chinesa por cerca de 1.800 anos. Esses textos indicam que eles usaram quase todas as partes da planta para fazer seus preparativos, incluindo as sementes, folhas, raízes, caules e flores (ou frutos).

Na China, o poder psicoativo da cannabis também foi aproveitado ao longo da história. O taoísmo começou a se espalhar pela região por volta de 600 a.C., um sistema de crença que afirma que os humanos devem se esforçar para viver em equilíbrio com a natureza e o universo. No início, foi considerado pecado alterar a consciência usando cannabis.

Mais tarde, durante o século I d.C., os taoístas começaram a mergulhar na alquimia e na magia, e os efeitos da cannabis se tornaram um meio interessante de acessar o sobrenatural.

Japão

A cannabis existe no Japão desde o Neolítico. As pessoas dessas terras começaram a usar o cânhamo durante o período Jomon (14.000-300 a.C.), quando viviam como caçadores-coletores e surgiram os primeiros fazendeiros. Este período da história japonesa é caracterizado pelo boom da cerâmica. Muitos artefatos foram decorados com cordas fibrosas, muito provavelmente feitas de cânhamo.

O cânhamo também era usado para produzir roupas e cestos. Arqueólogos encontraram prova disso depois de descobrir sementes de cannabis em sítios pré-históricos na ilha de Kyushu.

Também se acredita que as sementes de cânhamo eram consumidas como fonte de alimento nessa época. As primeiras sementes de cânhamo, junto com o cultivo de papel e arroz em campos inundados, provavelmente chegaram ao Japão importadas da China. Depois de passar pela Coreia, as sementes seguiram pelo canal até Kyushu.

Outro indicador importante de que o cânhamo estava presente durante o período Jomon é uma pintura rupestre. A peça colorida encontrada na costa de Kyushu retrata plantas de cânhamo altíssimas, com suas inconfundíveis folhas verdes em leque.

A religião japonesa Shinto (Xintoísmo) também usava a planta de cannabis. Os sacerdotes agitavam pacotes de gravetos de maconha, acreditando que isso abençoaria seus seguidores e afastaria os espíritos malignos.

Índia

A cannabis desempenhou um papel fundamental no antigo sistema de fé e medicina na Índia e hoje ainda está presente em algumas práticas espirituais. O hinduísmo apareceu pela primeira vez no vale do Indo, próximo ao atual Paquistão, entre 2.300 e 1.500 a.C.

Os textos sagrados desta religião são compostos de quatro Vedas, ou Livros do Conhecimento. Em suas páginas, os autores destacam cinco plantas sagradas; a cannabis faz parte desse panteão, com um suposto anjo da guarda em suas folhas. Os livros descrevem a maconha como um libertador e fonte de felicidade, que foi dada aos humanos para ajudá-los a superar o medo.

  • A lenda de Shiva

Até os deuses da religião hindu consomem esta erva. Os hindus acreditam que Shiva é o terceiro deus de seu triunvirato, e há uma lenda que fala da época em que ele usava cannabis para se reenergizar.

Exausto após uma discussão com sua família, Shiva desmaiou sob uma certa planta. Ao acordar, ele provou as folhas e se recuperou instantaneamente. Depois disso, ele recebeu o título de Senhor do Bhang.

Bhang é uma mistura de cannabis, leite, açúcar e outros vegetais, produzindo uma alta intensa (como comestíveis de maconha) que dura horas. Esta bebida desempenhou um papel especial na cultura indiana, especialmente durante os casamentos, onde ajudou a afastar os maus espíritos. Nas casas, uma xícara de bhang também era oferecida aos convidados como um ato de hospitalidade.

A casa do charas

O charas têm sua origem no vale de Parvati e na Caxemira. Esses extratos de alta qualidade são obtidos quando os cultivadores de maconha esfregam resina fresca entre as mãos para formar uma densa bola de tricomas conhecida como bolas do templo.

Os santos homens usam maconha

Os Sadhus também ocupam um lugar importante na história da cannabis na Índia. Esses devotos seguidores de Shiva dedicam suas vidas à sua fé. Sendo ascetas, os sadhus se abstêm de riqueza material, família e sexo. Este modo de vida se originou no século 8 d.C. e ainda está em vigor atualmente. Os devotos usam cannabis para facilitar a meditação.

Pérsia

Em seu auge, o Império Persa abrangeu uma área que incluía os atuais Irã, Egito, Turquia e partes do Paquistão e Afeganistão. Também conhecido como Império Aquemênida, esta civilização durou durante o período de 559-331 a.C.

Zoroastrismo

A fé zoroastriana, fundada pelo filósofo Zoroastro, tornou-se a religião oficial da região. Antes de o Islã se espalhar para a área, os sacerdotes zoroastrianos usavam cannabis em rituais, e seus hinos até expressavam a importância de proteger a “planta sagrada”.

Era islâmica

Mais tarde, no século 13, o haxixe se tornou uma substância popular na era islâmica. Os especialistas atribuem ao Sheikah Haydar, um santo sufi persa, o aumento da popularidade da cannabis na região.

Como seguidor do Sufismo (o ramo místico do Islã), Haydar levou um estilo de vida ascético. Até que ele descobriu a cannabis. A história conta que ele encontrou uma planta de maconha e decidiu experimentá-la. Após essa primeira experiência, passou a consumir a erva constantemente.

Mas, aos olhos de Haydar, o uso de maconha não era contra seu estilo de vida. Falava desta planta com veneração, afirmando: “Deus Todo-Poderoso concedeu-te, como um favor especial, o conhecimento das virtudes desta folha…”. Com o tempo, a cannabis se espalhou para a Síria, Egito e Iraque, onde as pessoas se referiam a ela como “a dama de Haydar”.

Citas

Você já ouviu falar dos citas? Se não, você vai pirar. Esses guerreiros eram caras durões que formaram uma cultura nômade e se tornaram mestres da equitação. Eles dominaram a estepe da Eurásia, uma vasta região de pastagens que se estende pela atual Hungria, Bulgária, Ucrânia, oeste da Rússia e Sibéria.

Guerreiros ferozes e o culto aos mortos

Esses guerreiros eram tão temíveis e eficazes que estabeleceram o padrão para os mongóis e hunos que se seguiram. Eles até serviram de inspiração para a cultura Dothraki (sim, aquela dos passeios a cavalo na série Game of Thrones).

Mas que lugar ocupa a cannabis nesta cultura milenar? A maconha desempenhou um papel importante no culto cita aos mortos. Após a morte e o sepultamento de seus líderes, os guerreiros citas tentaram se purificar montando uma estrutura semelhante a uma tenda e enchendo-a com fumaça de cannabis.

O antigo escritor grego Heródoto documentou esse ritual, afirmando: “… os citas pegam a semente do citado cânhamo, deslizam sob os dosséis de lã e, em seguida, jogam a semente nas pedras em brasa”, acrescentando: “os Citas transportados por esta fumaça, gritam”.

Os historiadores acreditam que provavelmente também colocaram flores de cannabis nas pedras para produzir esse efeito aparentemente psicoativo.

Grécia

A cannabis provavelmente chegou à Grécia antiga pelas mãos dos citas, que eram parceiros comerciais dessa cultura e até trabalharam como polícia mercenária em Atenas.

A cannabis apareceu pela primeira vez na Idade Clássica com Heródoto, mas naquela época essa cultura tinha pouco interesse na erva. No entanto, com o tempo, a planta se tornou uma parte importante de seu sistema medicinal e até mesmo de alguns cultos gregos.

A cannabis na medicina grega

A maconha ocupou um lugar importante na Farmacopeia Grega. Os médicos antigos usavam esta planta para tratar inflamação, inchaço e dor de ouvido. Também usaram as raízes, acreditando que poderiam tratar vários tipos de tumores.

O culto a Asclépio

Muitos santuários e templos dos tempos clássicos foram construídos em homenagem a Asclépio, o deus da medicina e da cura. Os historiadores acreditam que os seguidores do culto de Asclépio provavelmente usaram “fogo cita” como incenso durante seus rituais.

História recente

O conhecimento e o uso da cannabis permaneceram intactos ao longo dos séculos e até os tempos mais modernos.

No Brasil

1500: O cânhamo chegou junto com os portugueses, seus navios continham cordas, velas feitas da fibra da planta.

1549: Chegada do pango/limba/diamba/fumo de angola/maconha com escravizados trazidos da África

De acordo com o botânico Manuel Pio Correa a maconha chegou através dos escravizados de Angola (daí a palavra “fumo de angola”), eles escondiam as sementes nos poucos trapos que vestiam ou em pequenos bonecos (como os de voodoo) que traziam consigo.

Maconha na Grã-Bretanha

A Grã-Bretanha tem uma longa história com a planta cannabis. Arqueólogos encontraram evidências que apontam para seu uso industrial, e seu uso como medicamento também foi documentado.

  • O Cânhamo e a Marinha Inglesa

A humilde planta do cânhamo, na forma de cordas, provavelmente desempenhou um papel fundamental no sucesso da Marinha inglesa. Tornou-se um recurso tão importante que o rei Henrique VIII ordenou o uso da terra para o cultivo de cânhamo em 1533. Mais tarde, a rainha Elizabeth I exigiu que ainda mais cânhamo fosse cultivado e multava os agricultores que não cumprissem suas exigências.

  • Uso medicinal

A maconha reapareceu na Grã-Bretanha em 1842, pela mão do médico irlandês William Brooke O’Shaughnessy . Depois de estudar a planta em Bengala, enquanto trabalhava como oficial médico na Companhia das Índias Orientais, ele decidiu trazer parte dessa planta para a sede do império. Alguns historiadores acreditam que poucos meses após seu retorno, até mesmo a Rainha Vitória estava usando cannabis para tratar sintomas de estresse pós-menstrual.

Cânhamo na América do Norte

O cânhamo também era usado na América. Embora com o tempo a planta tenha sido demonizada e perseguida, ela desempenhou um papel importante na América do Norte por vários séculos.

  • A cannabis cruzou o Atlântico

As sementes de cânhamo chegaram pela primeira vez à América do Norte em 1616, no assentamento britânico de Jamestown, onde os fazendeiros cultivavam cânhamo para obter fibras para fazer cordas, roupas e velas de navios. O rei Jaime I exigia que cada proprietário cultivasse 100 plantas de cânhamo para exportação.

  • Os “pais fundadores” respeitavam a cannabis

Muitos dos pais fundadores dos Estados Unidos eram partidários do uso de cannabis. Até George Washington cultivava cânhamo em sua fazenda.

A proibição através dos tempos

Com o tempo, os governantes tiveram opiniões muito diversas sobre a cannabis. Embora alguns respeitassem e venerassem a planta, outros a detestavam. A maconha foi banida repetidamente ao longo da história. Aqui estão alguns exemplos.

  • Arábia

O primeiro relato da proibição da cannabis data de 1378. O emir de Joneima, Soudoun Sheikouni, baniu a maconha na região da Arábia que estava sob seu controle.

  • Madagáscar

O próximo caso de proibição ocorreu em 1787 na ilha africana de Madagascar. Quando o rei Andrianampoinimerina subiu ao trono, ele baniu a cannabis em todo o seu reino. Para garantir que seu povo obedecesse a essa ordem, ele aplicou a pena de morte para fazer cumprir sua lei draconiana.

  • Império francês

Napoleão proibiu o uso da maconha em 1800. Depois que suas tropas invadiram o Egito, ele testemunhou os efeitos da cannabis em seus soldados enquanto fumavam haxixe e bebiam bebidas com maconha. Temendo que isso diminuísse a eficácia de sua tropa, ele proibiu o uso de cannabis e fechou os pontos de venda que forneciam aos seus soldados.

  • Brasil

O conselho brasileiro aprovou leis contra a cannabis em 1830, no Rio de Janeiro. A lei estipulava 3 dias de cadeia para escravizados que fossem pegos consumindo o “pango”, enquanto vendedores brancos eram penalizados apenas com multa.

  • Império Otomano

O Império Otomano travou uma guerra contra o haxixe egípcio em 1877. O governo de Constantinopla (a cidade capturada após derrotar o Império Bizantino) ordenou que suas tropas destruíssem todo o haxixe egípcio.

  • Marrocos

Até o berço do melhor hash do mundo sofreu alguma forma de proibição. Em 1890, o sultão Hassan I impôs severas restrições ao cultivo da maconha, concedendo o direito de cultivá-la apenas a certas tribos.

  • Grécia

Apesar da importância da planta cannabis na história da Grécia antiga, em 1890 o governo grego proibiu o cultivo, importação e consumo de maconha.

Século XX

Embora seja apenas um pequeno episódio na relação entre humanos e cannabis, a proibição se espalhou para muitos países durante o século XX. Muitas dessas leis ainda sobrevivem de alguma forma até hoje. Estes são apenas alguns dos países que baniram a maconha durante este período:

  • Jamaica (1913)
  • Serra Leoa (1920)
  • México (1920)
  • África do Sul (1922)
  • Canadá (1923)
  • Panamá (1923)
  • Sudão (1924)
  • Líbano (1926)
  • Austrália (1926)
  • Indonésia (1927)
  • Reino Unido (1928)
  • Estados Unidos (1937)
  • Holanda (1953)
  • Nova Zelândia (1965)
  • Bangladesh (1989)
  • Polônia (1997)

Século XXI

No século 21, as coisas mudaram repentinamente. À medida que a ciência começou a desmantelar as propagandas que em grande parte levaram à proibição durante o século anterior, muitos países retrocederam e começaram a tornar a cannabis mais acessível a seus cidadãos. Os países que legalizaram a cannabis para fins medicinais ou recreativos, ou descriminalizaram a maconha, eles incluem:

  • Luxemburgo
  • Canadá
  • Portugal
  • Bélgica
  • Chile
  • Brasil
  • Áustria
  • México
  • Argentina
  • Dinamarca
  • Suíça
  • Itália
  • Alemanha
  • Grécia
  • Alguns estados dos EUA

A Ciência e a cannabis

Curiosamente, a maior parte da ciência pioneira que lançou as bases para nossa compreensão da planta ocorreu durante o período de intensa proibição do século XX. Embora as propriedades medicinais de toda a planta fossem conhecidas na antiguidade, os cientistas ocidentais conseguiram isolar os ingredientes ativos. Eles também começaram a investigar como a cannabis funcionava no corpo humano e rapidamente descobriram como moléculas como o THC interagem com o sistema endocanabinoide.

Aqui estão alguns dos principais eventos que nos levaram à nossa compreensão atual da cannabis e como ela produz seus efeitos fascinantes:

Início da década de 1930: um grupo de Cambridge liderado por Thomas Easterfield isolou o primeiro canabinoide na forma de CBN, um produto da decomposição do THC.

1940: o químico americano Roger Adams isolou o CBD pela primeira vez.

1964: Raphael Mechoulam e seus colaboradores foram os primeiros a isolar o THC.

1973: os pesquisadores confirmaram os efeitos de alteração da mente do THC em experimentos com animais e humanos.

Início da década de 1990: os pesquisadores descobriram e reproduziram os receptores que compõem o sistema endocanabinoide. Descobriram o receptor CB1 em 1990 e o receptor CB2 em 1993.

1992: foi descoberto o primeiro endocanabinoide conhecido pela ciência: a anandamida.

1995: Mechoulam e seus colegas identificaram um segundo endocanabinoide: 2-AG.

A era moderna

Atualmente, a maconha continua a se recuperar do tratamento draconiano que recebeu durante o século XX. À medida que nosso conhecimento científico sobre a planta aumenta, mais países estão legalizando a erva.

Os cientistas especializados na cannabis estão constantemente descobrindo novas aplicações médicas para a planta. Os pesquisadores estão examinando mais de 100 canabinoides e 200 terpenos presentes nos buds da maconha. A maioria desses fitoquímicos oferece benefícios por si próprios e também parecem ter um efeito sinérgico quando usados em conjunto.

Muitas mentes inovadoras estão dando continuidade ao trabalho de nossos ancestrais. Eles estão explorando os usos industriais do cânhamo: de um combustível ou um material de construção, a um recurso para limpar solos contaminados.

Origem da palavra cannabis

O nome da cannabis vem da palavra grega “κάνναβις” (kánnabis), que era originalmente uma palavra cita, e a palavra “cânhamo” também pode ser uma variante de um termo cita. Essas palavras citas passaram para as línguas indo-europeias. Em 1548, o Oxford English Dictionary registrou o primeiro uso da expressão “cannabis sativa”.

Origem da palavra marijuana

O nome “marijuana” ou “marihuana” para se referir à cannabis, tem uma etimologia mais popular. A palavra “marihuana” teve origem no México, entre nativos de língua espanhola, e está relacionada ao nome feminino de María Juana, mas ainda não sabemos a história da ligação entre isso. Durante a década de 1930, essa palavra foi exagerada pela imprensa norte-americana, para fazer a cannabis ter uma consonância estrangeira que a tornasse mais perigosa e, assim, distanciar o povo dos EUA dela. Outra teoria é que a palavra marijuana vem do termo chinês “ma”, usado para o cânhamo. Acredita-se que os exploradores chineses tenham chamado a flor da cannabis de “ma ren hua”, que significa flor de semente de cânhamo. Esta palavra pode ter sido escolhida pelos nativos da América que falam espanhol.

Origem da palavra maconha

A origem da palavra maconha vem do termo quimbundo “ma’kaña”, que quer dizer “erva santa”.

A maconha tem uma história rica e complexa. Esperançosamente, a humanidade moderna continuará a mover a cannabis para longe da proibição e em direção à liberdade. Esperançosamente, as gerações futuras lerão sobre o século 21 e como as pessoas daquela época se voltaram para a maconha para criar um mundo melhor.

Fontes Externas:

UNODC – Bulletin on Narcotics – 1950 Issue 4 – 002 https://www.unodc.org
Cannabis utilization and diffusion patterns in prehistoric Europe: a critical analysis of archaeological evidence https://www.researchgate.net
Cannabis in Chinese Medicine: Are Some Traditional Indications Referenced in Ancient Literature Related to Cannabinoids? https://www.ncbi.nlm.nih.gov
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Japanese History: Hemp in Prehistoric Times | Herb Museum http://www.herbmuseum.ca
Hempen Culture In Japan http://www.japanhemp.org
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Ancient Scythians spread the use of cannabis in death rituals https://www.digitaljournal.com
Luigi Arata, Nepenthes and cannabis in ancient Greece – PhilPapers https://philpapers.org
Cannabis in Ancient Greece – theDelphiGuide.com https://thedelphiguide.com
BBC News | PANORAMA | History of Cannabis http://news.bbc.co.uk
Cannabinoid pharmacology: the first 66 years https://bpspubs.onlinelibrary.wiley.com
Isolation and structure of a brain constituent that binds to the cannabinoid receptor | Science https://science.sciencemag.org
Identification of an endogenous 2-monoglyceride, present in canine gut, that binds to cannabinoid receptors – ScienceDirect https://www.sciencedirect.com
Taming THC: potential cannabis synergy and phytocannabinoid-terpenoid entourage effects https://www.ncbi.nlm.nih.gov
Hempcrete: Alberta company uses hemp to build tiny homes https://www.cbc.ca
Industrial Hemp’s Energy Potential – Biofuels – Hemp Gazette https://hempgazette.com
Industrial Hemp for Bioremediation | Florida Hemp Coalition https://floridahempcoalition.org

Referência de texto: Royal Queen

A história do cultivo hidropônico

A história do cultivo hidropônico

A hidroponia é um método de cultivo muito comum e com grandes vantagens. É também conhecido como cultivo hidropônico, palavra que vem do grego “hidro” (água) e “ponos” (trabalho). Trata-se de um sistema que, acredita-se, o homem adaptou como seu, mas está mais longe de ser verdade. Na natureza podemos encontrar muitos exemplos de plantas que sobrevivem graças aos nutrientes transportados ou contidos na água.

A origem e o local exato da primeira cultura hidropônica são muito difíceis de localizar. Supostamente, os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do mundo antigo, construída no século 6 a.C. durante o reinado de Nabucodonosor II. As regas eram feitas do ponto mais alto, embora não haja evidências de que fossem técnicas de hidroponia.

Por sua vez, os astecas costumavam cobrir jardins chamados chinampas. Esse antigo método de cultivo, com seu máximo desenvolvimento nos séculos XV e XVI, consistia na criação de grandes balsas de madeira em lagos e lagoas do Vale do México, que cobriam com terra.

Assim, eles foram capazes de criar uma cidade flutuante e ganhar terreno no lago. Nessas jangadas eles cultivavam flores e vegetais. Técnica semelhante foi utilizada pela cultura Diaguita, que vivia no norte da Argentina e Chile, Bolívia, Peru e Paraguai. Seu método escalonado usava a mesma água para irrigar todos os cultivos.

Na Roma antiga, também há evidências de cultivo usando hidroponia, embora não seja suficiente descrevê-lo como cultivo hidropônico. Durante o mandato do imperador Tibério, entre o século I a.C. e o primeiro d.C., o cultivo do pepino na hidroponia foi introduzido por ser uma de suas hortaliças favoritas e que ele consumia diariamente.

HISTÓRIA ESCRITA DA HIDROPONIA

Embora o estudo da hidroponia tenha 2.400 anos, as primeiras informações escritas sobre ele datam de 1.600. A experiência do estudioso belga Jan van Helmont é recolhida em vários documentos, sobre o fato de as plantas obterem substâncias nutritivas da água.

Mas só em 1627 foi publicado o primeiro trabalho sobre o crescimento de plantas sem solo, o trabalho de Francis Bacon. Com a hidroponia alcançando certa popularidade, no ano de 1699, o naturalista inglês John Woodward observou que o crescimento das plantas neste sistema se deve a certas substâncias obtidas a partir da água.

Ele também observou que na água da chuva (destilada) as plantas cresciam pior do que em outros tipos de água. Seus experimentos foram realizados cultivando hortelã para publicar posteriormente.

Em 1804, o naturalista suíço e estudioso de fisiologia vegetal Nicolas-Théodore de Saussure foi mais longe no desenvolvimento da hidroponia. Ele o fez afirmando que as plantas são feitas de elementos químicos que ele obtém não apenas da água, mas também do solo e do ar. Ele também estudou o processo de fermentação bioquímica ou a conversão de amidos em açúcares, além de muitos outros processos vegetais.

Sob o título “Recherches chimiques sur la végétation” você pode ler grande parte de suas obras, que constituem uma autêntica bíblia da hidroponia.

Ao longo da década de 1960, os botânicos alemães Julius von Sachs e Wilhelm Knop aperfeiçoaram o crescimento de plantas terrestres sem solo em soluções minerais. Rapidamente se tornou uma técnica padrão para pesquisa e ensino que ainda hoje é amplamente usada.

Em 1928, o professor William Frederick Gericke, da Universidade da Califórnia, sugeriu a hidroponia para a produção de plantas agrícolas. Ele mostrou que os tomates e outras plantas cultivadas por ele e sem solo, eram maiores em tamanho do que as cultivadas em terra. Isso o levou a escrever em 1929 o artigo “Aquaculture: A means of Crop-production”.

Esses relatórios do professor Gericke causaram grande sensação e as pessoas começaram a pedir informações adicionais sobre esta nova técnica. Gericke se recusou a revelar seus segredos, o que o levou a abandonar a universidade. Em 1940, ele escreveu o livro “The Complete Guide to Soilless Gardening”. Agora sim, a bíblia da hidroponia.

HIDROPONIA NA II GUERRA MUNDIAL

Durante a Segunda Guerra Mundial e nas campanhas do Pacífico, as tropas americanas praticavam a hidroponia em grande escala em ilhas onde o solo era inadequado. Assim, eles conseguiram fornecer vegetais frescos para as tropas em algum momento, economizando um grande orçamento no transporte de alimentos de seu país.

Na década de 1960, o britânico Alen Cooper desenvolveu a Nutrient Film Technique (NFT). O Earth Pavilion, no Epcot Center da Disney em operação desde 1982, apresentava várias técnicas de cultivo hidropônico.

Até a NASA fez uma extensa pesquisa para seu Sistema de Suporte Ecológico Controlado de Vida ou CELSS. Na década de 1980, várias empresas começaram a comercializar sistemas hidropônicos. Esses sistemas evoluíram e hoje podemos encontrar equipamentos hidropônicos para uma única planta a preços muito acessíveis. Existem muitos cultivadores que se orgulham dos rendimentos mais elevados alcançados até agora com esses sistemas.

Agora que conhecemos sua história, nos perguntamos sobre o futuro.

A hidroponia será o futuro da produção de alimentos da humanidade? A privatização da terra, as mudanças climáticas e o alto custo -econômico e saudável- dos alimentos sugerem que sim.

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Referência de texto: La Marihuana

Relatório alerta para o aumento de mulheres presas na América Latina

Relatório alerta para o aumento de mulheres presas na América Latina

Um relatório reflete o número crescente de mulheres encarceradas na América Latina nos últimos 20 anos, a maioria por crimes relacionados a drogas.

O número de mulheres encarceradas nos países latino-americanos aumentou dramaticamente nas últimas duas décadas e continua crescendo mais rápido do que prisões de homens. Isso foi incluído no relatório “Mulheres presas por crimes relacionados às drogas na América Latina”, publicado pela WOLA, uma organização de pesquisa e defesa dos direitos humanos nas Américas. O relatório alerta que na maioria dos países analisados ​​ultrapassa um aumento de 140% nas mulheres encarceradas em um período de 20 anos ou menos.

De acordo com o relatório, o alto número de encarceramentos sofridos por mulheres nesses países se deve às leis punitivas sobre drogas e aponta que os crimes relacionados com drogas são os mais amplamente atribuídos a mulheres presas na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela. O texto lembra que, em toda a população carcerária mundial, os crimes relacionados a drogas são a causa de 19% dos encarceramentos masculinos, enquanto, no caso das mulheres, os crimes relacionados a drogas são a causa de 35%.

A pesquisa conclui que o encarceramento de mulheres não altera o funcionamento dos mercados de drogas, nem reduz o tráfico de drogas. Isso ocorre porque as mulheres “principalmente desempenham funções menores, de alto risco e facilmente substituíveis, enquanto as que lideram essas redes criminosas raramente acabam na prisão”, afirma o relatório.

Dados coletados pela WOLA mostram que no Brasil, Chile, Costa Rica, Panamá e Peru, a proporção de mulheres encarceradas por crimes relacionados às drogas é pelo menos 30% maior do que no caso de homens encarcerados por esse motivo. “O uso excessivo da prisão preventiva é um fator fundamental que contribui para o encarceramento excessivo de mulheres por crimes relacionados às drogas na América Latina”, destaca a organização.

O relatório conclui com um apelo à adoção de recomendações para desenvolver e implementar políticas sobre drogas e encarceramento com uma perspectiva de gênero, com base em critérios de direitos humanos e saúde pública. “Políticas que também levem em conta as interseccionalidades e múltiplas vulnerabilidades das mulheres em situação de pobreza ou extrema pobreza; LGBTI +, afrodescendentes, estrangeiras ou indígenas; e gestantes e/ou com filhos”, diz o relatório.

Referência de texto: Cáñamo

Senado mexicano votará pela legalização federal da maconha nas próximas duas semanas

Senado mexicano votará pela legalização federal da maconha nas próximas duas semanas

De lá, o projeto irá para outra casa do Congresso, onde também se espera que seja aprovado e, assim, estabeleça o México como um dos maiores mercado de maconha legal do mundo.

O Senado mexicano votará um projeto de lei de legalização da maconha em algum momento nas próximas duas semanas, de acordo com o Senador Ricardo Monreal. A votação demorou a chegar e alguns observadores pensam que, finalmente, esta pode ser a jogada decisiva.

Monreal, do partido MORENA e líder do senado, disse que o projeto, que permitiria às empresas privadas vender maconha para o público, “ provavelmente será aprovado ” pelo Senado antes do final de outubro.

De lá, o projeto de lei seguirá para a Câmara dos Deputados, uma câmara baixa do Congresso, onde especialistas acreditam que também deve ser aprovado.

O México vem ganhando impulso em direção à legalização desde 2018, quando a Suprema Corte do país decidiu que proibir a cannabis era uma violação constitucional dos direitos dos cidadãos ao “livre desenvolvimento da personalidade”. O tribunal então ordenou que os legisladores aprovassem um projeto de lei legalizando a maconha dentro de um ano. Depois de argumentar que os legisladores estouraram o prazo, o tribunal concedeu uma prorrogação até 15 de dezembro deste ano.

As coisas voltaram a ficar sérias em agosto passado, quando o presidente Andrés Manuel López Obrador disse que os legisladores voltariam ao projeto de legalização assim que voltassem das férias de verão. “Já houve consultas”, disse o presidente, “e se eles vão decidir sobre esse assunto, ou seja, vai haver uma reforma jurídica”.

O projeto de lei que o Senado deverá votar criaria uma estrutura que permite que adultos maiores de 18 anos cultivem e possuam até 28 gramas de maconha para uso pessoal. Mas, porte de até 200 gramas seria descriminalizado.

Os indivíduos também poderiam cultivar até 20 plantas, desde que sua produção anual não exceda 480 gramas. Os pacientes médicos podem se inscrever para cultivar mais de 20 plantas, se necessário. O consumo público de maconha seria permitido em qualquer lugar, exceto em espaços regulamentados como “100% livres de fumo”. As vendas de maconha seriam tributadas em 12%, com parte da receita destinada a programas de uso indevido de drogas. E, todas essas novas estipulações seriam supervisionadas por um órgão governamental recém-criado, o Instituto Mexicano de Regulação e Controle da Cannabis.

Assim como acontece com as batalhas de legalização em outras áreas ao redor do mundo, no entanto, construir a igualdade social na lei final é uma grande preocupação política, já que enormes corporações multinacionais estão tentando entrar no enorme mercado mexicano da maconha.

A organização de direitos civis México Unido tuitou que medidas devem ser tomadas para evitar que tais intrusos monopolizem o comércio. O grupo afirmou que o projeto não deveria ser aprovado até que aborde ativamente a “questão da distribuição dos benefícios do mercado entre os mais afetados” pela longa e trágica proibição da maconha.

Ativistas têm cultivado, colhido e fumado maconha no “The Garden of Maria” desde fevereiro passado. Esta pequena área é um pedaço de terra fértil em frente ao prédio do Senado na Cidade do México. A polícia não demonstrou interesse em fechar o jardim, o que deu esperança a muitos cidadãos de uma eventual legalização. Arriba México!

Referência de texto: Merry Jane

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