Alguns dos estudos científicos sobre a maconha mais interessantes do ano

Alguns dos estudos científicos sobre a maconha mais interessantes do ano

No campo científico, o ano produziu mais de um estudo digno de revisão. Embora neste assunto não tenhamos sido tão exaustivos (e vários artigos podem nos ter escapado) trazemos uma pequena seleção daqueles que, sem dúvida, devem ser mencionados. Também, a cada ano que passa mais e mais estudos em muitos ramos da ciência são publicados, e a cannabis e outras drogas fazem parte dos campos de pesquisa mais promissores e inexplorados. Assim, o ano de 2020 bateu um recorde de artigos científicos sobre a cannabis, com quase dez artigos científicos publicados diariamente para cada um dos 365 dias do ano.

Começamos falando sobre a Covid, pois um estudo preliminar realizado em laboratório com pele humana artificial observou que alguns extratos de cannabis diminuíam a insuficiência pulmonar devido a casos de inflamação como a produzida pela covid. Os pesquisadores usaram sete variedades diferentes de extratos de cannabis, e três deles reduziram a indução de citocinas relacionadas à inflamação e fibrose pulmonar, enquanto uma das variedades piorou os sintomas. Foi um estudo pequeno com várias limitações, mas aponta para uma possível utilização de extratos de cannabis em futuros tratamentos de inflamação pulmonar por citocinas, como é o caso da covid-19.

Entre os publicados este ano, vale destacar também um pequeno, mas importante, estudo do Reino Unido que obteve resultados muito bons ao administrar maconha rica em THC e CBD a pacientes que sofriam de epilepsias refratárias desde o nascimento. A administração de cannabis reduziu o número de convulsões em todos os participantes em 97%, de modo que quase todos os pacientes passaram de centenas ou milhares de convulsões diárias para algumas dezenas.

Embora haja pouca evidência científica dos benefícios da aplicação de maconha em epilepsias infantis (este é um dos primeiros estudos), em muitos países, inclusive no Brasil, muitas famílias usam a planta para aliviar as convulsões de seus filhos com bons resultados, mas em muitas ocasiões se expondo a ilegalidade ou aquisição de produtos sem controle de qualidade.

Outro estudo envolvendo maconha concluiu que o CBD pode ser um tratamento antibiótico para bactérias resistentes. Os pesquisadores observaram que o CBD foi capaz de matar algumas bactérias gram-negativas, bactérias que têm uma linha de defesa extra que torna difícil a penetração dos antibióticos, e eles acreditam que o CBD poderia ser usado para desenvolver novos antibióticos que ajudem a combater bactérias resistentes a antibióticos atualmente disponíveis.

Ainda neste ano, foram publicados os resultados de um estudo no qual se constatou que as endorfinas não são responsáveis ​​pela chamada euforia do corredor (runner’s high). Tradicionalmente, os efeitos antidepressivos que ocorrem em humanos após o exercício têm sido associados à liberação de endorfinas e seu efeito nos receptores opioides, mas aparentemente não é o caso. Segundo os pesquisadores, tudo aponta para o fato de que a sensação de redução da ansiedade associada ao exercício aeróbio se deve à liberação de endocanabinoides (canabinoides produzidos pelo próprio corpo).

Fora do corpo humano, no último ano um estudo analisou a quantidade de emissões de CO2 produzidas no cultivo industrial de cannabis e chegou à conclusão de que, nos Estados Unidos, para cada quilo de buds secos produzidos no cultivo indoor, são emitidos entre 2.200 e 5.100 quilos de CO2. Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que a eletricidade não é a única grande causa das emissões, mas que os sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado das plantações tinham a maior demanda de energia. O estudo foi realizado com base em diferentes regiões dos EUA e os pesquisadores observaram que a quantidade de CO2 produzida pode variar substancialmente dependendo de onde a cannabis é cultivada, devido às diferenças climáticas e à quantidade de emissões da rede elétrica.

Por último, um estudo realizado na Espanha apresentou 16 novos canabinoides desconhecidos até o momento. Os pesquisadores identificaram 43 canabinoides no óleo extraído de sementes de cannabis, dos quais 16 não haviam sido identificados anteriormente. Entre as novidades do estudo está a identificação de canabinoides que, segundo os pesquisadores, poderiam ter mais efeitos psicoativos do que o THC, hipótese gerada pela observação que deverá ser verificada em estudos futuros.

Referência de texto: Cáñamo

A maconha pode tratar doenças relacionadas à trombocitopenia

A maconha pode tratar doenças relacionadas à trombocitopenia

Um estudo publicado na revista Cell Cycle descobriu que a cannabis pode ser uma opção de tratamento para doenças relacionadas à trompocitopenia, ou plaquetopenia.

As doenças relacionadas à trombocitopenia são condições nas quais o corpo possui poucas plaquetas.

As plaquetas (trombócitos) são células sanguíneas incolores que estão envolvidas na coagulação do sangue. As plaquetas se agregam e formam uma espécie de tampão nas lesões dos vasos sanguíneos, parando o sangramento.

A trombocitopenia pode ser causada por um distúrbio da medula óssea, como leucemia, ou por um problema do sistema imunológico. Também pode acontecer com um efeito colateral de certos medicamentos. Esta doença pode afetar crianças e adultos.

Além disso, as doenças relacionadas à trombocitopenia podem ser leves e causar poucos sinais ou sintomas. Muitas vezes as pessoas que sofrem dessa condição não percebem, até que um exame de sangue seja realizado.

A cannabis para tratar doenças relacionadas à trombocitopenia

Para o estudo os pesquisadores enfatizaram o papel da cannabis em doenças relacionadas à trombocitopenia, especificamente o do canabinoide (sintético) 2-AG. Usaram o canabinoide para testar a fisiologia dos megacariócitos e como reagiram à cannabis.

O megacariócito é a maior célula da medula óssea, portanto é relativamente fácil de ser reconhecida por sua presença ao se observar um aspirado ou uma biópsia desse tecido. Difere das outras células pelo tamanho, sendo poliploide e crescendo por endomitose.

A endomitose é um tipo de mitose em que se formam cromossomos individualizados, que mais tarde se encontram no mesmo núcleo. Isso dá origem a células poliploides, ou seja, com maior número de cromossomos do que os da célula original.

Não há nenhuma outra célula humana no corpo humano que cresce e se multiplica assim.

Como mencionamos anteriormente, as doenças relacionadas à trombocitopenia podem ter sua origem em uma condição da medula óssea, ou seja, onde se encontram os megacariócitos.

Após a conclusão do estudo em células da medula óssea, os pesquisadores concluíram que os canabinoides podem ter eficácia clínica no combate a doenças relacionadas à trombocitopenia. Isso ocorre por meio da ativação da maturação dos megacariócitos e da liberação de plaquetas. Essas descobertas no campo da medicina posicionam a maconha com alta relevância.

Alívio dos sintomas de doenças relacionadas à trombocitopenia

Uma pessoa com câncer pode ter sangue com um nível extraordinariamente baixo de plaquetas, ou seja, trombocitopenia. As plaquetas são produzidas na medula óssea. A medula óssea é o tecido macio e esponjoso encontrado nos ossos maiores.

As plaquetas, também chamadas de trombócitos, param o sangramento ajudando o sangue a coagular e obstruindo os vasos sanguíneos danificados.

A trombocitopenia ocorre quando:

  • O corpo não produz plaquetas suficientes.
  • O corpo perde plaquetas.
  • O corpo destrói as plaquetas.

Este efeito colateral é comum em pessoas com câncer, especialmente aquelas que fazem quimioterapia.

Gerenciar os sintomas, que podem incluir trombocitopenia, é uma parte importante do tratamento e cuidado do câncer.

Pessoas com trombocitopenia podem ter alguns destes sintomas:

  • Hematomas inesperados
  • Pequenas manchas roxas ou vermelhas sob a pele chamadas petéquias
  • Sangramento do nariz ou gengivas
  • Nas mulheres, os períodos menstruais são mais intensos do que o normal
  • Evacuações intestinais com sangue ou preto
  • Urina vermelha ou rosa
  • Vomitar sangue
  • Fortes dores de cabeça
  • Tontura
  • Dor nas articulações ou músculos
  • Fraqueza

Pessoas com doenças relacionadas à trombocitopenia também podem ter dificuldade em parar o sangramento pelo nariz ou devido a um corte.

A maconha pode ser muito benéfica no alívio dos sintomas de doenças relacionadas à trombocitopenia. O tratamento da dor é um dos benefícios médicos da maconha.

Pesquisas revelam que a dor é o principal motivo pelo qual os americanos usam maconha.

A erva teve um grande impulso em 2017, depois que as Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina divulgaram um relatório detalhado. Nele dizia que havia evidências substanciais de que a cannabis era eficaz no tratamento da dor crônica em adultos.

No entanto, para Sean Mackey, chefe da Divisão de Medicina da Dor do Stanford University Medical Center , “os dados são contraditórios”. Como ele explica, “certos benefícios” foram encontrados para alguns tipos de dor em uma série de ensaios clínicos randomizados, a maioria em pequena escala.

Em contraste, os resultados de grandes estudos epidemiológicos são bastante ambíguos. Do outro lado estão milhares de pessoas que afirmam que a maconha salvou suas vidas. Principalmente aqueles que sofrem de doenças relacionadas à trombocitopenia.

Referência de texto: La Marihuana

Baseado em fatos: a história da Cannabis

Baseado em fatos: a história da Cannabis

A cannabis tem uma das histórias mais espetaculares de todas as plantas. As culturas ancestrais a usavam para fazer cordas, papel e velas de barco. Médicos a usavam para tratar doenças e as religiões a usavam para se aproximar do divino ou afastar os maus espíritos. No post de hoje, vamos viajar no conhecimento e aprender um pouco mais sobre a história da cannabis.

Atualmente, milhões de pessoas em todo o mundo usam a maconha. Mas, como muitas das frutas e vegetais que consumimos, a cannabis começou como uma espécie selvagem, limitada a certas áreas do planeta.

Desde a descoberta da cannabis, os humanos espalharam a planta por todos os cantos da Terra e a domesticaram de uma forma incrível. Criaram híbridos e variedades diferentes e as usaram para criar medicamentos e materiais industriais.

A planta de cannabis originou-se como uma espécie selvagem, tornando-se rapidamente uma das ervas mais versáteis e controversas da história da humanidade. Era usada para fazer cordas, papel e velas de navios e barcos. A realeza usou a cannabis como medicamento para combater a dor. Os religiosos usaram suas propriedades psicoativas para se sentirem mais próximos de seus deuses.

Na era moderna, os pesquisadores descobriram a complexidade química desta planta. Os criadores (breeders) desenvolveram variedades de cannabis com quantidades muito maiores de canabinoides e terpenos do que suas ancestrais selvagens. Milhares de pessoas estão atualmente presas simplesmente por estarem portando ou cultivando maconha.

Não há dúvida de que a cannabis teve um impacto significativo na cultura humana nos últimos milhares de anos. Então, vamos ver exatamente de onde vem a cannabis, como ela se espalhou pelos países e como essa planta popular é considerada pelo mundo atual.

A origem botânica da maconha

Você provavelmente já desfrutou dos efeitos da planta dezenas de vezes, mas o quanto você realmente conhece sobre a maconha?

Além de explorar a fisiologia e a biologia das diferentes espécies, os botânicos realizam uma taxonomia para analisar as características das plantas e classificá-las em famílias. Além disso, estão sendo feitos estudos de paleobotânica, ou seja, o estudo de fósseis de plantas.

Esses dois ramos da botânica ajudam a estabelecer as origens de certas espécies de plantas. Quando se trata da maconha, os pesquisadores desenvolveram uma imagem detalhada da árvore genealógica da planta.

A classificação oficial da cannabis ocorreu há relativamente pouco tempo. Em 1753, o botânico e zoólogo sueco Carl Linnaeus classificou a erva como “Cannabis sativa L” (L de Linnaeus). Ele escolheu esse nome porque descrevia as características físicas da planta; a palavra “cannabis” significa “semelhante à cana”, enquanto “sativa” significa “plantada ou semeada”. Na época, Linnaeus acreditava que esse gênero incluía apenas uma espécie.

Em 1875, Jean-Baptiste Lamarck (naturalista francês e biólogo evolucionista) questionou essa opinião com base em novos espécimes da planta da Índia. Lamarck chamou essa nova versão da planta de “Cannabis indica” e afirmou que sua fibra era de qualidade inferior à da sativa, mas seu perfil psicoativo era mais forte.

Ao longo dos séculos seguintes, vários botânicos se esforçaram para classificar a cannabis em outras subespécies. Mas essas diferenças mínimas criaram linhas borradas com as quais outros discordaram. Na década de 1970, o botânico de Harvard Richard E. Schultes e os professores William Emboden e Loran Anderson estabeleceram as principais diferenças estruturais entre três subespécies óbvias: sativa, indica e ruderalis.

Atualmente, essas três categorias são amplamente reconhecidas. Você encontrará esses nomes ao examinar qualquer banco de sementes. Cada uma dessas subespécies oferece algo ligeiramente diferente para o cultivador no que diz respeito a tamanho, rendimento e taxa de crescimento.

Mais recentemente, durante a década de 1980, os pesquisadores colocaram a cannabis na família Cannabaceae. Este grupo contém 170 espécies, incluindo lúpulo, que são os cones cheios de terpeno usados ​​para dar sabor à cerveja.

De onde veio a maconha originalmente?

Antes de nos aprofundarmos na história da cannabis em várias civilizações, devemos primeiramente mencionar como a planta surgiu. Atualmente, as origens geográficas exatas da maconha ainda são controversas. Mas algumas evidências convincentes apontam para três regiões principais.

  • Ásia Central

Em 1950, o autor R.J. Bouquet afirmou, por meio de seu estudo histórico da cannabis, que esta planta se originou na Ásia Central. Ele escreveu que as regiões atuais do Cazaquistão, Mongólia, noroeste da China e extremo leste da Rússia poderiam constituir esse possível local de origem.

  • Índia

Dois outros pesquisadores concordaram com uma teoria ligeiramente diferente. Embora concordassem que a Ásia Central desempenhou um papel como o berço da maconha, Hooker e Vavilov empurraram os limites até o ponto de origem da maconha.

Hooker observou que a cannabis cresceu selvagem nas montanhas do sudoeste do Himalaia. Vavilov também considerou que a planta possivelmente se originou no noroeste da Índia, incluindo Punjab e Caxemira, bem como no Afeganistão, Tajiquistão e Uzbequistão.

  • Tibete

Apesar dessas teorias bastante corretas, pesquisas mais recentes sugeriram uma origem muito mais confiável para a maconha. John McPartland (um lendário pesquisador da cannabis do Reino Unido) publicou um artigo na revista “Vegetation History and Archaeobotany” localizando a origem da cannabis no alto do planalto tibetano.

Mas por que sua conclusão se destaca das demais? Porque é baseada em uma grande quantidade de evidências físicas.

Este planalto elevado, localizado a 3 quilômetros acima do nível do mar, pode parecer um lugar improvável para o surgimento da cannabis, mas é exatamente para onde os dados levaram McPartland e sua equipe de pesquisa.

Eles começaram a vasculhar toneladas de estudos científicos para identificar sítios arqueológicos e geológicos onde outros pesquisadores haviam encontrado pólen de cannabis. Depois de analisar os dados, eles descobriram que a presença mais antiga de pólen de cannabis apareceu no norte da China e no sul da Rússia.

Eles concluíram que a cannabis provavelmente se originou perto do lago Qinghai no planalto tibetano, cerca de 28 milhões de anos atrás. Nesse ponto da história, a cannabis provavelmente cresceu de um ancestral comum compartilhado com a planta do lúpulo.

Dessa região, a cannabis se espalhou naturalmente para a Europa há cerca de 6 milhões de anos, e para o leste da China há cerca de 1,2 milhão de anos. O pólen da cannabis apareceu na Índia mais recentemente, cerca de 30.000 anos atrás.

A história do uso ancestral da maconha

Agora você conhece a taxonomia e as possíveis origens da maconha. Daqui pra frente, vamos nos aprofundar no uso da cannabis ao longo da história antiga. E então daremos uma olhada em como nosso relacionamento com a erva mudou nos últimos tempos.

Republica Checa

A região agora conhecida como República Tcheca pode ser o lugar com o uso mais antigo da cannabis na história da humanidade. As impressões de fibra em fragmentos de argila encontrados na região datam de cerca de 26.000-24.000 anos atrás.

Um dos maiores especialistas mundiais em tecnologia de fibra pré-histórica afirmou: “as estampas foram criadas a partir de tecidos de fibra de plantas selvagens, como urtiga ou cânhamo selvagem (uma variante fibrosa da cannabis, com baixo teor de THC), que foram acidentalmente preservados”. No entanto, até que mais evidências apareçam, o material vegetal usado pelos ancestrais para criar essas impressões continua sendo especulação.

China

Dado que a cannabis quase definitivamente se originou na Ásia Central e no Tibete, é lógico que o primeiro registro verificável de uso humano dessa planta veio de regiões próximas. Os arqueólogos descobriram o uso de fibras de cânhamo na ilha de Taiwan (localizada na costa da China) de cerca de 10.000 anos, durante a Idade da Pedra.

Aqui, as pessoas usavam cordas de cânhamo para decorar potes de barro úmido enquanto o material secava. Além dessas descobertas, os pesquisadores encontraram ferramentas relacionadas ao processamento de fibras de cannabis.

  • A cannabis e a indústria chinesa

Na antiguidade, os chineses também usavam o cânhamo para fazer suas roupas. Esta planta alta e muito útil permitiu-lhes parar de depender de peles de animais.

Além de usar cânhamo em suas vestimentas cotidianas, o Livro dos Ritos (escrito por volta de 200 a.C.) indicava que as pessoas deveriam usar roupas feitas de cânhamo durante os períodos de luto.

Mas o uso desta planta não se limitou a meras roupas. Eles usaram o cânhamo para fazer cordas, redes de pesca e papel para documentar sua história, filosofia e poemas . O cânhamo aparece em muitos exemplos importantes na literatura chinesa entre 475-221 a.C., incluindo as obras filosóficas de Confúcio e a poesia clássica.

Alguns séculos depois, por volta de 200 d.C., o antigo Dicionário Shuowen expôs o conhecimento chinês sobre a cannabis. Este antigo livro reúne o conhecimento dos aspectos masculino e feminino da cannabis, sugerindo que eles conseguiram identificar essas diferenças com base na produção de flores e pólen.

  • Cannabis e medicina chinesa

A maconha também desempenhou um papel fundamental no antigo sistema médico chinês. Documentos indicam que a cannabis foi usada na medicina chinesa por cerca de 1.800 anos. Esses textos indicam que eles usaram quase todas as partes da planta para fazer seus preparativos, incluindo as sementes, folhas, raízes, caules e flores (ou frutos).

Na China, o poder psicoativo da cannabis também foi aproveitado ao longo da história. O taoísmo começou a se espalhar pela região por volta de 600 a.C., um sistema de crença que afirma que os humanos devem se esforçar para viver em equilíbrio com a natureza e o universo. No início, foi considerado pecado alterar a consciência usando cannabis.

Mais tarde, durante o século I d.C., os taoístas começaram a mergulhar na alquimia e na magia, e os efeitos da cannabis se tornaram um meio interessante de acessar o sobrenatural.

Japão

A cannabis existe no Japão desde o Neolítico. As pessoas dessas terras começaram a usar o cânhamo durante o período Jomon (14.000-300 a.C.), quando viviam como caçadores-coletores e surgiram os primeiros fazendeiros. Este período da história japonesa é caracterizado pelo boom da cerâmica. Muitos artefatos foram decorados com cordas fibrosas, muito provavelmente feitas de cânhamo.

O cânhamo também era usado para produzir roupas e cestos. Arqueólogos encontraram prova disso depois de descobrir sementes de cannabis em sítios pré-históricos na ilha de Kyushu.

Também se acredita que as sementes de cânhamo eram consumidas como fonte de alimento nessa época. As primeiras sementes de cânhamo, junto com o cultivo de papel e arroz em campos inundados, provavelmente chegaram ao Japão importadas da China. Depois de passar pela Coreia, as sementes seguiram pelo canal até Kyushu.

Outro indicador importante de que o cânhamo estava presente durante o período Jomon é uma pintura rupestre. A peça colorida encontrada na costa de Kyushu retrata plantas de cânhamo altíssimas, com suas inconfundíveis folhas verdes em leque.

A religião japonesa Shinto (Xintoísmo) também usava a planta de cannabis. Os sacerdotes agitavam pacotes de gravetos de maconha, acreditando que isso abençoaria seus seguidores e afastaria os espíritos malignos.

Índia

A cannabis desempenhou um papel fundamental no antigo sistema de fé e medicina na Índia e hoje ainda está presente em algumas práticas espirituais. O hinduísmo apareceu pela primeira vez no vale do Indo, próximo ao atual Paquistão, entre 2.300 e 1.500 a.C.

Os textos sagrados desta religião são compostos de quatro Vedas, ou Livros do Conhecimento. Em suas páginas, os autores destacam cinco plantas sagradas; a cannabis faz parte desse panteão, com um suposto anjo da guarda em suas folhas. Os livros descrevem a maconha como um libertador e fonte de felicidade, que foi dada aos humanos para ajudá-los a superar o medo.

  • A lenda de Shiva

Até os deuses da religião hindu consomem esta erva. Os hindus acreditam que Shiva é o terceiro deus de seu triunvirato, e há uma lenda que fala da época em que ele usava cannabis para se reenergizar.

Exausto após uma discussão com sua família, Shiva desmaiou sob uma certa planta. Ao acordar, ele provou as folhas e se recuperou instantaneamente. Depois disso, ele recebeu o título de Senhor do Bhang.

Bhang é uma mistura de cannabis, leite, açúcar e outros vegetais, produzindo uma alta intensa (como comestíveis de maconha) que dura horas. Esta bebida desempenhou um papel especial na cultura indiana, especialmente durante os casamentos, onde ajudou a afastar os maus espíritos. Nas casas, uma xícara de bhang também era oferecida aos convidados como um ato de hospitalidade.

A casa do charas

O charas têm sua origem no vale de Parvati e na Caxemira. Esses extratos de alta qualidade são obtidos quando os cultivadores de maconha esfregam resina fresca entre as mãos para formar uma densa bola de tricomas conhecida como bolas do templo.

Os santos homens usam maconha

Os Sadhus também ocupam um lugar importante na história da cannabis na Índia. Esses devotos seguidores de Shiva dedicam suas vidas à sua fé. Sendo ascetas, os sadhus se abstêm de riqueza material, família e sexo. Este modo de vida se originou no século 8 d.C. e ainda está em vigor atualmente. Os devotos usam cannabis para facilitar a meditação.

Pérsia

Em seu auge, o Império Persa abrangeu uma área que incluía os atuais Irã, Egito, Turquia e partes do Paquistão e Afeganistão. Também conhecido como Império Aquemênida, esta civilização durou durante o período de 559-331 a.C.

Zoroastrismo

A fé zoroastriana, fundada pelo filósofo Zoroastro, tornou-se a religião oficial da região. Antes de o Islã se espalhar para a área, os sacerdotes zoroastrianos usavam cannabis em rituais, e seus hinos até expressavam a importância de proteger a “planta sagrada”.

Era islâmica

Mais tarde, no século 13, o haxixe se tornou uma substância popular na era islâmica. Os especialistas atribuem ao Sheikah Haydar, um santo sufi persa, o aumento da popularidade da cannabis na região.

Como seguidor do Sufismo (o ramo místico do Islã), Haydar levou um estilo de vida ascético. Até que ele descobriu a cannabis. A história conta que ele encontrou uma planta de maconha e decidiu experimentá-la. Após essa primeira experiência, passou a consumir a erva constantemente.

Mas, aos olhos de Haydar, o uso de maconha não era contra seu estilo de vida. Falava desta planta com veneração, afirmando: “Deus Todo-Poderoso concedeu-te, como um favor especial, o conhecimento das virtudes desta folha…”. Com o tempo, a cannabis se espalhou para a Síria, Egito e Iraque, onde as pessoas se referiam a ela como “a dama de Haydar”.

Citas

Você já ouviu falar dos citas? Se não, você vai pirar. Esses guerreiros eram caras durões que formaram uma cultura nômade e se tornaram mestres da equitação. Eles dominaram a estepe da Eurásia, uma vasta região de pastagens que se estende pela atual Hungria, Bulgária, Ucrânia, oeste da Rússia e Sibéria.

Guerreiros ferozes e o culto aos mortos

Esses guerreiros eram tão temíveis e eficazes que estabeleceram o padrão para os mongóis e hunos que se seguiram. Eles até serviram de inspiração para a cultura Dothraki (sim, aquela dos passeios a cavalo na série Game of Thrones).

Mas que lugar ocupa a cannabis nesta cultura milenar? A maconha desempenhou um papel importante no culto cita aos mortos. Após a morte e o sepultamento de seus líderes, os guerreiros citas tentaram se purificar montando uma estrutura semelhante a uma tenda e enchendo-a com fumaça de cannabis.

O antigo escritor grego Heródoto documentou esse ritual, afirmando: “… os citas pegam a semente do citado cânhamo, deslizam sob os dosséis de lã e, em seguida, jogam a semente nas pedras em brasa”, acrescentando: “os Citas transportados por esta fumaça, gritam”.

Os historiadores acreditam que provavelmente também colocaram flores de cannabis nas pedras para produzir esse efeito aparentemente psicoativo.

Grécia

A cannabis provavelmente chegou à Grécia antiga pelas mãos dos citas, que eram parceiros comerciais dessa cultura e até trabalharam como polícia mercenária em Atenas.

A cannabis apareceu pela primeira vez na Idade Clássica com Heródoto, mas naquela época essa cultura tinha pouco interesse na erva. No entanto, com o tempo, a planta se tornou uma parte importante de seu sistema medicinal e até mesmo de alguns cultos gregos.

A cannabis na medicina grega

A maconha ocupou um lugar importante na Farmacopeia Grega. Os médicos antigos usavam esta planta para tratar inflamação, inchaço e dor de ouvido. Também usaram as raízes, acreditando que poderiam tratar vários tipos de tumores.

O culto a Asclépio

Muitos santuários e templos dos tempos clássicos foram construídos em homenagem a Asclépio, o deus da medicina e da cura. Os historiadores acreditam que os seguidores do culto de Asclépio provavelmente usaram “fogo cita” como incenso durante seus rituais.

História recente

O conhecimento e o uso da cannabis permaneceram intactos ao longo dos séculos e até os tempos mais modernos.

No Brasil

1500: O cânhamo chegou junto com os portugueses, seus navios continham cordas, velas feitas da fibra da planta.

1549: Chegada do pango/limba/diamba/fumo de angola/maconha com escravizados trazidos da África

De acordo com o botânico Manuel Pio Correa a maconha chegou através dos escravizados de Angola (daí a palavra “fumo de angola”), eles escondiam as sementes nos poucos trapos que vestiam ou em pequenos bonecos (como os de voodoo) que traziam consigo.

Maconha na Grã-Bretanha

A Grã-Bretanha tem uma longa história com a planta cannabis. Arqueólogos encontraram evidências que apontam para seu uso industrial, e seu uso como medicamento também foi documentado.

  • O Cânhamo e a Marinha Inglesa

A humilde planta do cânhamo, na forma de cordas, provavelmente desempenhou um papel fundamental no sucesso da Marinha inglesa. Tornou-se um recurso tão importante que o rei Henrique VIII ordenou o uso da terra para o cultivo de cânhamo em 1533. Mais tarde, a rainha Elizabeth I exigiu que ainda mais cânhamo fosse cultivado e multava os agricultores que não cumprissem suas exigências.

  • Uso medicinal

A maconha reapareceu na Grã-Bretanha em 1842, pela mão do médico irlandês William Brooke O’Shaughnessy . Depois de estudar a planta em Bengala, enquanto trabalhava como oficial médico na Companhia das Índias Orientais, ele decidiu trazer parte dessa planta para a sede do império. Alguns historiadores acreditam que poucos meses após seu retorno, até mesmo a Rainha Vitória estava usando cannabis para tratar sintomas de estresse pós-menstrual.

Cânhamo na América do Norte

O cânhamo também era usado na América. Embora com o tempo a planta tenha sido demonizada e perseguida, ela desempenhou um papel importante na América do Norte por vários séculos.

  • A cannabis cruzou o Atlântico

As sementes de cânhamo chegaram pela primeira vez à América do Norte em 1616, no assentamento britânico de Jamestown, onde os fazendeiros cultivavam cânhamo para obter fibras para fazer cordas, roupas e velas de navios. O rei Jaime I exigia que cada proprietário cultivasse 100 plantas de cânhamo para exportação.

  • Os “pais fundadores” respeitavam a cannabis

Muitos dos pais fundadores dos Estados Unidos eram partidários do uso de cannabis. Até George Washington cultivava cânhamo em sua fazenda.

A proibição através dos tempos

Com o tempo, os governantes tiveram opiniões muito diversas sobre a cannabis. Embora alguns respeitassem e venerassem a planta, outros a detestavam. A maconha foi banida repetidamente ao longo da história. Aqui estão alguns exemplos.

  • Arábia

O primeiro relato da proibição da cannabis data de 1378. O emir de Joneima, Soudoun Sheikouni, baniu a maconha na região da Arábia que estava sob seu controle.

  • Madagáscar

O próximo caso de proibição ocorreu em 1787 na ilha africana de Madagascar. Quando o rei Andrianampoinimerina subiu ao trono, ele baniu a cannabis em todo o seu reino. Para garantir que seu povo obedecesse a essa ordem, ele aplicou a pena de morte para fazer cumprir sua lei draconiana.

  • Império francês

Napoleão proibiu o uso da maconha em 1800. Depois que suas tropas invadiram o Egito, ele testemunhou os efeitos da cannabis em seus soldados enquanto fumavam haxixe e bebiam bebidas com maconha. Temendo que isso diminuísse a eficácia de sua tropa, ele proibiu o uso de cannabis e fechou os pontos de venda que forneciam aos seus soldados.

  • Brasil

O conselho brasileiro aprovou leis contra a cannabis em 1830, no Rio de Janeiro. A lei estipulava 3 dias de cadeia para escravizados que fossem pegos consumindo o “pango”, enquanto vendedores brancos eram penalizados apenas com multa.

  • Império Otomano

O Império Otomano travou uma guerra contra o haxixe egípcio em 1877. O governo de Constantinopla (a cidade capturada após derrotar o Império Bizantino) ordenou que suas tropas destruíssem todo o haxixe egípcio.

  • Marrocos

Até o berço do melhor hash do mundo sofreu alguma forma de proibição. Em 1890, o sultão Hassan I impôs severas restrições ao cultivo da maconha, concedendo o direito de cultivá-la apenas a certas tribos.

  • Grécia

Apesar da importância da planta cannabis na história da Grécia antiga, em 1890 o governo grego proibiu o cultivo, importação e consumo de maconha.

Século XX

Embora seja apenas um pequeno episódio na relação entre humanos e cannabis, a proibição se espalhou para muitos países durante o século XX. Muitas dessas leis ainda sobrevivem de alguma forma até hoje. Estes são apenas alguns dos países que baniram a maconha durante este período:

  • Jamaica (1913)
  • Serra Leoa (1920)
  • México (1920)
  • África do Sul (1922)
  • Canadá (1923)
  • Panamá (1923)
  • Sudão (1924)
  • Líbano (1926)
  • Austrália (1926)
  • Indonésia (1927)
  • Reino Unido (1928)
  • Estados Unidos (1937)
  • Holanda (1953)
  • Nova Zelândia (1965)
  • Bangladesh (1989)
  • Polônia (1997)

Século XXI

No século 21, as coisas mudaram repentinamente. À medida que a ciência começou a desmantelar as propagandas que em grande parte levaram à proibição durante o século anterior, muitos países retrocederam e começaram a tornar a cannabis mais acessível a seus cidadãos. Os países que legalizaram a cannabis para fins medicinais ou recreativos, ou descriminalizaram a maconha, eles incluem:

  • Luxemburgo
  • Canadá
  • Portugal
  • Bélgica
  • Chile
  • Brasil
  • Áustria
  • México
  • Argentina
  • Dinamarca
  • Suíça
  • Itália
  • Alemanha
  • Grécia
  • Alguns estados dos EUA

A Ciência e a cannabis

Curiosamente, a maior parte da ciência pioneira que lançou as bases para nossa compreensão da planta ocorreu durante o período de intensa proibição do século XX. Embora as propriedades medicinais de toda a planta fossem conhecidas na antiguidade, os cientistas ocidentais conseguiram isolar os ingredientes ativos. Eles também começaram a investigar como a cannabis funcionava no corpo humano e rapidamente descobriram como moléculas como o THC interagem com o sistema endocanabinoide.

Aqui estão alguns dos principais eventos que nos levaram à nossa compreensão atual da cannabis e como ela produz seus efeitos fascinantes:

Início da década de 1930: um grupo de Cambridge liderado por Thomas Easterfield isolou o primeiro canabinoide na forma de CBN, um produto da decomposição do THC.

1940: o químico americano Roger Adams isolou o CBD pela primeira vez.

1964: Raphael Mechoulam e seus colaboradores foram os primeiros a isolar o THC.

1973: os pesquisadores confirmaram os efeitos de alteração da mente do THC em experimentos com animais e humanos.

Início da década de 1990: os pesquisadores descobriram e reproduziram os receptores que compõem o sistema endocanabinoide. Descobriram o receptor CB1 em 1990 e o receptor CB2 em 1993.

1992: foi descoberto o primeiro endocanabinoide conhecido pela ciência: a anandamida.

1995: Mechoulam e seus colegas identificaram um segundo endocanabinoide: 2-AG.

A era moderna

Atualmente, a maconha continua a se recuperar do tratamento draconiano que recebeu durante o século XX. À medida que nosso conhecimento científico sobre a planta aumenta, mais países estão legalizando a erva.

Os cientistas especializados na cannabis estão constantemente descobrindo novas aplicações médicas para a planta. Os pesquisadores estão examinando mais de 100 canabinoides e 200 terpenos presentes nos buds da maconha. A maioria desses fitoquímicos oferece benefícios por si próprios e também parecem ter um efeito sinérgico quando usados em conjunto.

Muitas mentes inovadoras estão dando continuidade ao trabalho de nossos ancestrais. Eles estão explorando os usos industriais do cânhamo: de um combustível ou um material de construção, a um recurso para limpar solos contaminados.

Origem da palavra cannabis

O nome da cannabis vem da palavra grega “κάνναβις” (kánnabis), que era originalmente uma palavra cita, e a palavra “cânhamo” também pode ser uma variante de um termo cita. Essas palavras citas passaram para as línguas indo-europeias. Em 1548, o Oxford English Dictionary registrou o primeiro uso da expressão “cannabis sativa”.

Origem da palavra marijuana

O nome “marijuana” ou “marihuana” para se referir à cannabis, tem uma etimologia mais popular. A palavra “marihuana” teve origem no México, entre nativos de língua espanhola, e está relacionada ao nome feminino de María Juana, mas ainda não sabemos a história da ligação entre isso. Durante a década de 1930, essa palavra foi exagerada pela imprensa norte-americana, para fazer a cannabis ter uma consonância estrangeira que a tornasse mais perigosa e, assim, distanciar o povo dos EUA dela. Outra teoria é que a palavra marijuana vem do termo chinês “ma”, usado para o cânhamo. Acredita-se que os exploradores chineses tenham chamado a flor da cannabis de “ma ren hua”, que significa flor de semente de cânhamo. Esta palavra pode ter sido escolhida pelos nativos da América que falam espanhol.

Origem da palavra maconha

A origem da palavra maconha vem do termo quimbundo “ma’kaña”, que quer dizer “erva santa”.

A maconha tem uma história rica e complexa. Esperançosamente, a humanidade moderna continuará a mover a cannabis para longe da proibição e em direção à liberdade. Esperançosamente, as gerações futuras lerão sobre o século 21 e como as pessoas daquela época se voltaram para a maconha para criar um mundo melhor.

Fontes Externas:

UNODC – Bulletin on Narcotics – 1950 Issue 4 – 002 https://www.unodc.org
Cannabis utilization and diffusion patterns in prehistoric Europe: a critical analysis of archaeological evidence https://www.researchgate.net
Cannabis in Chinese Medicine: Are Some Traditional Indications Referenced in Ancient Literature Related to Cannabinoids? https://www.ncbi.nlm.nih.gov
Shuowen jiezi 說文解字 (www.chinaknowledge.de) http://www.chinaknowledge.de
Cannabis in Chinese Medicine: Are Some Traditional Indications Referenced in Ancient Literature Related to Cannabinoids? https://www.ncbi.nlm.nih.gov
Japanese History: Hemp in Prehistoric Times | Herb Museum http://www.herbmuseum.ca
Hempen Culture In Japan http://www.japanhemp.org
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Cannabis | Green Shinto http://www.greenshinto.com
Ancient Scythians spread the use of cannabis in death rituals https://www.digitaljournal.com
Luigi Arata, Nepenthes and cannabis in ancient Greece – PhilPapers https://philpapers.org
Cannabis in Ancient Greece – theDelphiGuide.com https://thedelphiguide.com
BBC News | PANORAMA | History of Cannabis http://news.bbc.co.uk
Cannabinoid pharmacology: the first 66 years https://bpspubs.onlinelibrary.wiley.com
Isolation and structure of a brain constituent that binds to the cannabinoid receptor | Science https://science.sciencemag.org
Identification of an endogenous 2-monoglyceride, present in canine gut, that binds to cannabinoid receptors – ScienceDirect https://www.sciencedirect.com
Taming THC: potential cannabis synergy and phytocannabinoid-terpenoid entourage effects https://www.ncbi.nlm.nih.gov
Hempcrete: Alberta company uses hemp to build tiny homes https://www.cbc.ca
Industrial Hemp’s Energy Potential – Biofuels – Hemp Gazette https://hempgazette.com
Industrial Hemp for Bioremediation | Florida Hemp Coalition https://floridahempcoalition.org

Referência de texto: Royal Queen

Dicas de cultivo: como fazer uma tenda de cultivo para maconha

Dicas de cultivo: como fazer uma tenda de cultivo para maconha

Ao iniciar um cultivo indoor, a opção mais prática é comprar uma tenda de cultivo. Atualmente, o mercado nos oferece tendas de diversos tamanhos e qualidades, desde as mais baratas com materiais que atendem aos padrões mínimos necessários, até os mais profissionais com os melhores componentes e tecnologias do momento.

Mas nem sempre é isso que um cultivador está procurando, principalmente no Brasil, onde a maioria da população vive com menos de um salário mínimo, por isso, a segunda opção é trabalhar um pouco mais e construir sua própria tenda com o tamanho desejado e com componentes personalizados. Mas o que deve ser levado em consideração ao fazer uma área de cultivo? No post de hoje vamos tentar tirar todas as suas dúvidas.

A primeira coisa, logicamente, é calcular suas medidas e adaptá-las ao espaço disponível. Assim que terminar sua tenda, será trabalhoso desfazê-la. Se for pequena ou grande, a solução é complicada. Sempre será mais fácil trabalhar com medidas exatas do que calcular na sorte.

Uma ótima opção é utilizar placas de MDF, material hidrorrepelente que evita umidade e infiltração de água. Não é caro e é um material de alta qualidade. Com grossas barras de madeira, é possível fabricar uma estrutura estável do tamanho desejado. E então aparafuse as placas nessa estrutura. Tenha em mente também em quantos acessos você irá querer ter para, se possível, acessar de forma confortável ao interior desta área de cultivo. Com algumas dobradiças é possível fazer uma ou mais portas. Existe também a opção de fazer a armação da sua tenda com canos PVC, essa é uma opção mais viável e facilita na hora de desmontar.

O próximo passo é fazer buracos para a entrada e saída de ar. Para calcular a extração necessária, existe uma fórmula muito simples. Seria o volume do espaço de cultivo multiplicado por 60. Multiplique o número resultante por 1,5 ou 2 e terá um número aproximado. Se a tenda fosse de 1x1x1, o volume seria de 1 m3. Se multiplicar por 60, terá 60. Um extrator de 60m3/h seria suficiente, mas se quiser instalar um filtro de carbono já seria insuficiente. Para isso, multiplique por 1,5 ou 2. Então terá 90 ou 120. O extrator ideal seria aquele que estivesse nesta faixa, de 90 a 120 m3/h.

A intração é suficiente com metade do fluxo do extrator. Se for 120 m3/h, um intrator de 60 m3/h seria adequado. Como os extratores têm boca redonda, faça os buracos circulares adaptados ao diâmetro do extrator. O buraco de intração ficará sempre na parte inferior do gabinete. O buraco de extração, no lado oposto e na parte superior. Vamos pensar que o ar quente sempre sobe, e é na parte superior do armário onde ele vai se concentrar e onde deve ser feita a extração. Não esqueça também de fazer os furos necessários para passar a fiação da lâmpada e extratores.

As placas geralmente têm acabamento em madeira, o que não é uma superfície reflexiva. O próximo passo é pintar todo o interior do armário de branco. Ou melhor ainda, se possível, use mylar, como aqueles usados em tendas próprias de cultivo. Existem muitos tipos de mylar, do mais barato ao mais caro. Será sempre a melhor opção e, embora colocá-lo possa ser uma dor de cabeça, qualquer pessoa com um pouco de habilidade conseguirá fazer. Não esqueça de reforçar o piso da tenda, pois você não quer o excesso de água da rega vazando para fora da área de cultivo.

E por último já temos uma tenda de cultivo robusta na qual as nossas plantas vão se sentir bem. Resta apenas instalar a iluminação, extração e intração, verificar se não há vazamentos de luz do lado de fora e testar se todo o equipamento funciona corretamente antes de iniciar o cultivo. É muito gratificante, uma vez terminado, observar sua área de cultivo para contemplar um grande trabalho. E mais gratificante quando suas plantas crescerem, colorirem e florescerem no espaço que você preparou especialmente para elas.

Referência de texto: La Marihuana

Redução de Danos: efeitos negativos de soltar a fumaça de maconha pelo nariz

Redução de Danos: efeitos negativos de soltar a fumaça de maconha pelo nariz

Não há evidências claras de que soltar a fumaça de maconha pelo nariz seja ruim, no entanto, é um hábito que pode ser evitado.

Sabe-se que soltar a fumaça pelo nariz expõe a cavidade nasal aos mesmos danos que ocorrem nos pulmões e na boca. Fumar geralmente não é um hábito saudável. Todos já sabemos disso. E muito menos cigarros de tabaco, que constituem milhares de produtos químicos que afetam nosso corpo.

Uma pesquisa mostrou que, embora fumar maconha não esteja ligado ao desenvolvimento de câncer de pulmão, a fumaça não afeta positivamente as funções pulmonar, brônquica e respiratória. Embora exalar a fumaça da maconha pelo nariz geralmente permita uma melhor percepção do sabor da erva, ao soltar a fumaça você expõe os seios da face e as vias nasais à irritação.

Quanto mais você repetir o ato de soltar a fumaça pelo nariz, maior será a probabilidade de você sentir irritação nessa área, embora, obviamente, isso dependa da frequência com que você fuma e também dos métodos de consumo utilizados.

É uma má ideia soltar fumaça de maconha pelo nariz?

Exalar toda fumaça é ruim. Mas soltar a fumaça pelo nariz pode ser pior? Aqui estão seis razões pelas quais esse método deve ser evitado.

Calor

Como sabemos, a fumaça é quente. Ao liberar a fumaça da maconha pelo nariz, a sensação de calor nos pulmões e no sistema respiratório pode causar irritação.

Além disso, a fumaça do material vegetal queimado contém ingredientes de alcatrão quente que podem causar ferimentos e irritação nos tecidos moles do nariz, garganta e trato respiratório.

Envelhecimento

Fumar é um fator importante no envelhecimento. A fumaça é uma impureza que pode causar estresse oxidativo que afeta a pele e outros tecidos expostos a ela.

Embora não haja evidências claras de que a fumaça de cannabis contribua para o desenvolvimento de câncer de pele ou nariz, soltar a fumaça pelo nariz certamente acelerará o envelhecimento da pele.

Maior exposição a agentes cancerígenos

Até agora, os estudos não mostraram nenhuma correlação entre fumar maconha e câncer de cérebro, laringe ou garganta. No entanto, a queima de materiais vegetais aumenta a exposição a agentes cancerígenos conhecidos, como benzeno, tolueno e naftaleno. Porém, a exposição a esses compostos pode ser eliminada passando do ato de fumar para a vaporização.

O mesmo estudo descobriu que vaporizar a maconha a 185°C reduz o risco de exposição a esses carcinógenos em 100%. Claro, esses números podem variar dependendo do tipo de vaporizador.

Sequidade

A boca seca é um dos efeitos colaterais mais indesejáveis ​​de fumar maconha. O uso da maconha causa boca seca porque os canabinoides nela contidos – como o tetrahidrocanabinol (THC) – se ligam aos receptores canabinoides.

Esses receptores estão presentes na glândula salivar submandibular, o par de glândulas localizadas abaixo da parte posterior da boca que são responsáveis ​​pela produção de aproximadamente 70% de nossa saliva.

Liberar fumaça de cannabis pelo nariz pode irritar seus tecidos e fazer você sentir sequidão.

Microbiologia do nariz

Como o resto do corpo, a cavidade nasal é um ecossistema no qual se encontram microrganismos e vírus benéficos e nocivos.

Ao liberar a fumaça da cannabis pelo nariz, todo o ecossistema também sente o efeito.

Embora não tenha havido estudos sobre os efeitos de soltar a fumaça da maconha pelo nariz, pesquisas sobre o tabaco mostraram que o tabagismo está associado a alterações graves na flora nasal.

Em particular, a fumaça do tabaco pode aumentar o número de bactérias patogênicas, de modo que é provável que seus usuários estejam infectados. Embora a fumaça do tabaco esteja associada à imunossupressão, não está claro se a fumaça da maconha tem o mesmo efeito.

Mas o próprio fato do impacto negativo da fumaça do tabaco é muito importante, porque uma grande parte dos usuários de maconha também a misturam com o tabaco.

Redução de danos para continuar fumando

No entanto, você pode reduzir os danos se realmente gostar de fumar a erva. Por exemplo, pode se exercitar e manter uma alimentação saudável, o que fará com que seu sistema respiratório fique blindado.

Se você gosta de praticar esportes, aproveite, pois aumenta a função imunológica e reduz a inflamação nos pulmões e no nariz. O movimento também promove a circulação sanguínea e o transporte de nutrientes.

Uma dieta rica em frutas e vegetais pode trazer muitos benefícios, mas alguns alimentos como o abacaxi podem ser especialmente úteis para infecções pulmonares e sinusais.

Além disso, comer alimentos prebióticos (alho, cebola, alho-poró, aspargos) nos ajudaria a corrigir as alterações na microbiota do nariz derivadas do fumo.

Agora você não só sabe o que pode acontecer ao soltar fumaça pelo nariz, mas também sabe como ajudar seus pulmões a continuar usando maconha.

Leia também:

Referência de texto: La Marihuana

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