por DaBoa Brasil | nov 26, 2020 | Curiosidades, História, Psicodélicos
Trata-se de restos mastigados da planta alucinógena datura wrightii que foram encontrados em uma caverna com pinturas rupestres.
Uma equipe de pesquisadores publicou um estudo sobre a descoberta de uma caverna na Califórnia na qual foram encontrados restos mastigados da planta datura e pinturas rupestres da flor. Os achados indicam que a planta alucinógena foi consumida na caverna, e representa a primeira evidência física do consumo de alucinógenos em um local com arte rupestre.
Os autores do estudo começaram a pesquisar a caverna em 2007, e as escavações e datações por carbono revelaram que a caverna foi ocupada de 1530 a 1890. Os restos mastigados da datura foram encontrados nas rachaduras do teto da caverna, e no mesmo teto foi encontrado o desenho de uma espécie de cata-vento que os pesquisadores acreditam poder ser uma representação da flor datura, que ao pôr do sol toma forma de moinho.

Ambas as descobertas levaram os pesquisadores a acreditar que a caverna era um local onde eram realizadas cerimônias em grupos. Conforme publicado pela National Geographic, sabe-se que grupos indígenas da região consumiam um chá feito com a raiz de datura chamada toloache durante os rituais de iniciação dos jovens. Os restos encontrados na caverna podem corresponder aos usados em uma cerimônia de grupo para uma iniciação ou para preparar alguma outra atividade ritual.
Na caverna existem outras manchas vermelhas, mas o catavento é o mais distinto de todos. Está localizada na parte inferior da caverna, a um metro do solo, em uma área que recebe um raio de sol durante o solstício de verão.


Referência de texto: Cáñamo / National Geographic
por DaBoa Brasil | nov 24, 2020 | Política, Psicodélicos
Um senador da Califórnia tentará fazer de seu estado o primeiro a descriminalizar o uso de psicodélicos com uma lei aprovada no Senado. A proposta foi anunciada apenas um mês depois que Oregon aprovou a descriminalização do porte de qualquer tipo de droga e o Distrito de Columbia (Washington DC) aprovou a descriminalização de psicodélicos, ambas medidas pioneiras para o território de um estado, que foram conquistados por meio de votos populares.
“A guerra contra as drogas foi um fracasso abjeto”, disse Scott Wiener, o senador do estado da Califórnia que planeja apresentar a legislação, ao The Guardian. A meta do senador não é fácil de atingir, embora a Califórnia tenha a reputação de ser um estado amigo das políticas de drogas. Apesar de duas cidades da Califórnia (Oakland e Santa Cruz) já terem descriminalizado os psicodélicos no ano passado, essas descriminalizações ocorreram na forma de voto popular. A proposta do senador de realizar medida semelhante para todo o estado por meio do parlamento tem a grande dificuldade de ter de convencer os legisladores a apoiar publicamente a lei.
Este ano, um grupo ativista tentou levar a medida de descriminalização a voto popular nas últimas eleições de novembro, mas não conseguiu coletar assinaturas suficientes para ser aceita. “O simples fato de haver uma possibilidade de que isso possa ser feito por meio da legislatura, em vez de por iniciativa do eleitor, é apenas um sinal de como as coisas avançaram”, disse David Hodges, fundador da Igreja de Plantas Enteogênicas de Zide Door, uma igreja que faz uso de cogumelos e cannabis em Oakland.
Referência de texto: The Guardian / Cáñamo
por DaBoa Brasil | nov 7, 2020 | Psicodélicos, Saúde
Um estudo publicado esta semana mostra que a psilocibina pode ser um tratamento eficaz e de ação rápida para o transtorno depressivo maior. Os resultados do estudo realizado por pesquisadores do Johns Hopkins Bayview Medical Center, em Baltimore, Maryland, foram publicados na quarta-feira pela revista JAMA Psychiatry.
Mais de 17 milhões de pessoas nos EUA sofreram de depressão grave, de acordo com dados do National Institute of Mental Health, sendo o primeiro país com maior número de depressivos no mundo (o Brasil é o segundo, sendo 5,8% da população total). Um dos nomes por trás dessa estatística é Tim Ferriss, empresário e filantropo que ajudou a financiar a pesquisa da psilocibina.
“Acredito que este estudo seja uma prova de conceito extremamente importante para a aprovação médica da psilocibina para o tratamento da depressão, uma condição contra a qual luto pessoalmente há décadas”, disse Ferriss.
Para conduzir o estudo, os pesquisadores recrutaram 24 pessoas com um histórico de depressão maior. A maioria dos voluntários experimentou sintomas por cerca de dois anos antes do estudo. Os indivíduos foram desmamados dos medicamentos antidepressivos com a ajuda de seus médicos antes do início do estudo.
Diminuição substancial da depressão
Cada sujeito participou de duas sessões de psicoterapia assistida por psilocibina supervisionadas de cinco horas administradas com duas semanas de intervalo. Os participantes completaram uma avaliação de depressão pontuada ao se inscrever no estudo e novamente uma semana e quatro semanas após o tratamento.
A maioria dos participantes mostrou uma diminuição substancial da depressão após o tratamento, e mais da metade foi considerada em remissão da depressão quatro semanas após o tratamento. Entre os 24 pacientes, 67% mostraram uma redução de mais de 50% nos sintomas de depressão após uma semana, e 71% mostraram progresso semelhante em quatro semanas.
“A magnitude do efeito que vimos foi cerca de quatro vezes maior do que os testes clínicos mostraram para os antidepressivos tradicionais no mercado”, disse o co-autor do estudo Alan Davis, da Universidade Johns Hopkins.
“Os tamanhos de efeito relatados neste estudo foram aproximadamente 2,5 vezes maiores do que os tamanhos de efeito encontrados na psicoterapia, e mais de 4 vezes maiores do que os tamanhos de efeito encontrados em estudos de tratamento de depressão psicofarmacológica”, escreveram os autores do estudo.
Psilocibina mais segura do que antidepressivos
A psilocibina também se mostrou mais segura do que os medicamentos antidepressivos tradicionais, que podem produzir efeitos colaterais, incluindo ideação suicida, ganho de peso e diminuição da libido. A psilocibina também se mostrou eficaz após apenas uma ou duas sessões de tratamento. Os efeitos colaterais da psilocibina incluíram dores de cabeça leves a moderadas e “emoções desafiadoras” durante as sessões.
“Como a maioria dos outros tratamentos para depressão leva semanas ou meses para funcionar e pode ter efeitos indesejáveis, isso pode ser uma virada de jogo se essas descobertas se mantiverem” em testes clínicos futuros, disse Davis.
“Como explicamos a incrível magnitude e durabilidade dos efeitos? A pesquisa de tratamento com doses moderadas a altas de psicodélicos pode revelar paradigmas inteiramente novos para compreender e melhorar o humor e a mente”, disse Ferriss.
A crescente aceitação dos cogumelos psilocibinos agora está se refletindo nas políticas públicas, embora principalmente nas urnas. Nas eleições gerais desta semana nos EUA, os eleitores do Oregon aprovaram uma iniciativa para legalizar o uso terapêutico da psilocibina, enquanto os eleitores de Washington, DC descriminalizaram a posse de psilocibina por adultos. Os eleitores em Denver, Colorado, aprovaram uma medida semelhante em 2019 e, posteriormente, os conselhos municipais de Oakland e Santa Cruz, Califórnia, aprovaram medidas para descriminalizar a psilocibina e outras plantas enteogênicas e fungos em suas jurisdições.
Referência de texto: High Times
por DaBoa Brasil | nov 1, 2020 | Psicodélicos, Redução de Danos, Saúde
Um novo estudo controlado por placebo descobriu que baixas doses de LSD (5 microgramas) podem aumentar a atenção e o humor, mas às vezes ao custo do aumento de ansiedade e confusão.
Há uma abundância de evidências anedóticas afirmando que a microdosagem (a prática de tomar pequenas doses regulares de um composto psicodélico como a psilocibina ou LSD) pode melhorar o humor e o desempenho no trabalho. Até agora, existem relativamente poucos estudos clínicos explorando a validade dessas afirmações, mas os pesquisadores estão cada vez mais interessados neste tópico.
Um estudo publicado recentemente no jornal European Neuropsychopharmacology começou a testar se as microdoses de LSD podem realmente melhorar o humor e a atenção, e descobriu que sim, mas há um porém.
Uma equipe internacional de pesquisadores da Holanda, Suíça e Reino Unido inscreveu 24 usuários recreativos saudáveis de drogas psicodélicas em um estudo controlado por placebo para explorar os efeitos cognitivos da microdosagem. Os participantes, que tinham em média 23 anos de idade, haviam usado drogas psicodélicas no passado, mas foram solicitados a evitar o uso de alucinógenos por três meses antes do início do estudo.
Cada sujeito recebeu uma dose oral de um placebo ou uma mistura de LSD e etanol que continha 5, 10 ou 20 microgramas de LSD. No início do ensaio, cada sujeito foi convidado a preencher questionários avaliando a qualidade do sono das noites anteriores e seu humor geral. Depois de receber a dose de LSD ou placebo, cada participante completou uma bateria de testes cognitivos para avaliar sua criatividade, empatia, percepção de dor, neuroplasticidade e outros fatores.
Os pesquisadores descobriram que os indivíduos que tomaram LSD experimentaram efeitos positivos e negativos. Os indivíduos que tomaram as microdoses mostraram aumento positivo no humor, na amizade e na felicidade; atenção aumentada; e diminuição dos sentimentos de depressão ou raiva. No entanto, a maioria desses indivíduos também experimentou aumento da ansiedade e confusão, particularmente entre as dosagens mais altas. A maioria dos indivíduos que tomaram a dose de 20mcg também disse que estava tendo mais problemas para se concentrar nos testes.
O estudo também relata que muitos indivíduos que tomaram microdoses foram capazes de reconhecer corretamente que estavam sob a influência. Os participantes que tomaram as microdoses maiores de 10 e 20mcg relataram alterações perceptíveis na consciência desperta, embora nem de longe tão extremas quanto os participantes de outros estudos que tomaram doses recreativas de LSD.
“No geral, o presente estudo demonstrou efeitos seletivos e benéficos de baixas doses de LSD no humor e na cognição na maioria das observações”, escreveram os autores do estudo. “Além disso, efeitos negativos como aumento da ansiedade também foram mostrados. A dose mínima de LSD na qual os efeitos subjetivos e de desempenho foram notáveis é de 5 mcg e os efeitos mais aparentes foram visíveis após 20 mcg”.
Os pesquisadores também testaram os níveis sanguíneos dos indivíduos e descobriram que as concentrações de LSD no sangue variaram amplamente entre os indivíduos que tomaram a mesma dose. Os autores do estudo acreditam que isso pode ser devido ao metabolismo individual da droga e sugerem que essas diferenças nas concentrações sanguíneas também podem influenciar os efeitos cognitivos da microdosagem. Infelizmente, haviam muito poucos participantes inscritos no estudo para testar esta hipótese.
Para explorar mais a questão, os autores recomendam que “sejam sugeridos estudos futuros em populações de pacientes que sofrem de atenção prejudicada, incluindo parâmetros biológicos envolvidos na ligação e metabolismo do receptor de LSD, a fim de compreender a variação interindividual em resposta ao LSD em processos cognitivos e emocionais”.
No final do ano passado, pesquisadores da Nova Zelândia deram início a um estudo semelhante para explorar os efeitos das microdoses de LSD no humor e no foco, e pesquisadores britânicos e americanos estão investigando se o LSD pode ajudar a tratar o Alzheimer. Nenhum desses estudos relatou seus resultados, mas outro estudo descobriu recentemente que as microdoses de LSD podem reduzir a dor aguda tão eficazmente quanto a oxicodona ou a morfina.
Referência de texto: Merry Jane
por DaBoa Brasil | out 30, 2020 | Curiosidades, Psicodélicos, Saúde
Um estudo sobre a psilocibina garante que a substância, que faz a “mágica” dos “cogumelos mágicos”, tem efeitos positivos em longo prazo nas emoções e nas funções cerebrais.
Publicado no Scientific Report em 2020, sugere corajosamente que uma única “viagem” de psilocibina pode mudar a forma como você percebe a realidade para sempre e para melhor. De acordo com o artigo, a psilocibina pode ajudar a forjar novas redes neurais, ajudando as pessoas a se livrar de comportamentos e padrões de pensamento nocivos.
A diferença entre este estudo e outros no mesmo assunto é que aqui eles se concentraram nos efeitos de longo prazo da psilocibina. Doze voluntários saudáveis tomaram uma única dose elevada de psilocibina (25 mg para aproximadamente 70 kg de peso corporal) e completaram uma bateria de medições e avaliações do tipo padrão. Eles mediram o humor, a ansiedade, a depressão, o estresse e os efeitos negativos e positivos um dia antes, uma semana depois e um mês depois da dose de psilocibina. O afeto se refere às emoções, sentimentos ou estado de espírito de um indivíduo.
As respostas antes e depois dos vários check-ups mensais foram comparadas para ver se havia alguma mudança substancial. Além disso, essas descobertas foram complementadas com medições de fMRI para ver como a psilocibina afeta os estímulos emocionais e também para saber se esta substância tem efeitos de longo prazo nas conexões neurais.
Estes são os efeitos positivos que relataram durante a pesquisa: Melhores habilidades cognitivas, de memória, imaginação e linguagem, bem como maior resistência física (isso é bastante inesperado). A explicação para isso é bastante técnica, mas sugere-se que os padrões de conectividade no cérebro são compostos de sinapses que ligam estruturalmente diferentes partes do cérebro. Dessa forma, o nível de conectividade no cérebro afeta criticamente a maneira como as redes neurais processam as informações. Se a psilocibina melhora a conectividade, acredita-se que ela aumenta a velocidade das sinapses e permite que as capacidades mentais descritas sejam melhoradas.
O efeito mais esperado, e não menos celebrado por isso, é que parece que a psilocibina afasta os pensamentos negativos e mantém a pessoa em um estado de “boas vibrações”. Você poderia dizer que a psilocibina nos ajuda a ver a vida de forma mais positiva.
Se esses experimentos puderem ser replicados ou confirmados, não descartemos que em alguns anos voltaremos às terapias psicológicas baseadas em psicodélicos. E se eles funcionam tão bem quanto os estudos mostram, não descarte um mundo feliz. Sim, um mundo feliz, não um mundo mais feliz.

Referência de texto: Cáñamo
Foto: Paul Stamets
por DaBoa Brasil | out 6, 2020 | Psicodélicos, Saúde
Esta nova pesquisa destaca como o DMT e a ayahuasca poderiam ser usados para ajudar a tratar a depressão, a ansiedade e doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer.
O DMT pode melhorar a memória e o aprendizado espacial, promovendo o crescimento de novos neurônios no cérebro, de acordo com um novo estudo publicado no Translational Psychiatry journal.
Conforme o campo de pesquisa em psicodélicos terapêuticos cresce, vários estudos relataram que a ayahuasca, uma bebida à base de plantas usada em rituais na América do Sul, pode tratar com eficácia a depressão e outros problemas de saúde mental. A N,N-dimetiltriptamina (DMT), o principal ingrediente psicodélico da ayahuasca, intrigou os cientistas durante décadas porque é encontrada tanto no mundo natural das plantas quanto no corpo de humanos e outros animais.
Para obter mais informações sobre o DMT e seu potencial uso terapêutico, uma equipe de pesquisadores espanhóis e holandeses conduziu um estudo em camundongos para descobrir exatamente como esse composto afeta o cérebro. Os pesquisadores extraíram amostras de tecido do cérebro de 24 camundongos saudáveis e trataram metade dessas culturas com DMT. Ao longo de uma semana, os pesquisadores observaram a taxa de crescimento das células nervosas em cada amostra.
Os autores do estudo descobriram que as células cerebrais tratadas com DMT experimentaram neurogênese, ou “o processo de geração de novos neurônios funcionais”. Nas amostras tratadas com DMT, os pesquisadores descobriram um aumento nas taxas de crescimento de várias células diferentes que estão envolvidas na criação de novos neurônios. “Em conclusão, este estudo mostra que o DMT presente na infusão de ayahuasca promove a neurogênese ao estimular a expansão das populações de progenitores neurais”, explicam os autores.
Os pesquisadores também realizaram um experimento in vivo adicional para determinar se o DMT poderia impactar ativamente a memória ou o aprendizado espacial. O estudo relata que os ratos que receberam a injeção de DMT quatro dias antes do experimento foram capazes de escapar de um labirinto cheio de água mais rápido do que os ratos que não receberam nenhuma substância. Esses resultados levaram os autores a concluir que “a estimulação neurogênica observada após o tratamento com DMT se correlaciona com uma melhora no aprendizado espacial e tarefas de memória in vivo”.
Embora o estudo tenha sido conduzido apenas em ratos, os resultados sugerem que o DMT e a ayahuasca podem potencialmente tratar condições neurológicas e psicológicas em humanos. Os efeitos neurogênicos do DMT podem ajudar a reverter a degradação das células nervosas no Alzheimer ou em outras doenças neurodegenerativas. A neurogênese também foi associada ao aumento da plasticidade neural, ou à capacidade do sistema nervoso de se adaptar às mudanças ambientais, e outros estudos descobriram que o aumento da neuroplasticidade pode ajudar as pessoas a reduzir os sentimentos de depressão ou ansiedade.
“A estimulação dos nichos neurogênicos do cérebro adulto pode contribuir substancialmente para os efeitos antidepressivos da ayahuasca em estudos clínicos recentes”, concluíram os autores. “A versatilidade e a capacidade neurogênica completa do DMT garantem pesquisas futuras a respeito desse composto. Além disso, sua capacidade de modular a plasticidade cerebral indica seu potencial terapêutico para uma ampla gama de distúrbios psiquiátricos e neurológicos, entre os quais estão as doenças neurodegenerativas”.
Referência de texto: Merry Jane
Comentários