A psilocibina é eficaz no tratamento da dependência de metanfetamina, diz estudo

A psilocibina é eficaz no tratamento da dependência de metanfetamina, diz estudo

Um novo estudo sobre o uso de psilocibina em terapia assistida para tratar transtorno de uso de metanfetamina diz que o tratamento “foi viável para implementação em um ambiente ambulatorial, não pareceu gerar preocupações de segurança e demonstrou sinais de eficácia que justificam uma investigação mais aprofundada”.

O relatório, que não foi revisado por pares, foi publicado pela The Lancet no final do mês passado. Ele descobriu que entre um pequeno grupo de pessoas em um programa de tratamento estimulante, “o desejo por metanfetamina diminuiu enquanto a qualidade de vida, depressão, ansiedade e estresse melhoraram da linha de base para o dia 28 e 90 de acompanhamento”.

A equipe de oito autores, sediada na Austrália, observou que atualmente existem poucos tratamentos eficazes para o transtorno do uso de metanfetamina.

Quatorze pessoas receberam psilocibina em terapia assistida, todas com 25 anos ou mais e que usaram metanfetamina pelo menos quatro dias por mês. Nenhuma tinha doença mental grave ou condições médicas que as desqualificassem para o uso de psilocibina.

Após três sessões preparatórias ao longo de duas semanas, eles receberam uma dose oral única de 25 miligramas de psilocibina, seguida por duas sessões de psicoterapia ao longo de uma semana. Treze dos 14 participantes completaram uma avaliação de acompanhamento pós-dose de 90 dias.

Nenhum evento adverso grave foi relatado, embora alguns participantes tenham relatado dor de cabeça, náusea e sensibilidade ao ruído na semana após a administração de psilocibina.

O uso autorrelatado de metanfetamina caiu de uma média de 12 dias nos últimos 28 dias na linha de base para uma média de zero dias por mês após tomar psilocibina. Após 90 dias, o uso médio de metanfetamina foi de dois dos últimos 28 dias.

Notavelmente, 57% (oito pessoas) estavam totalmente abstêmios do uso de metanfetamina durante o período de 28 dias após a administração de psilocibina — um resultado corroborado por meio de uma triagem de drogas na urina. Após 90 dias, 29% (quatro pessoas) ainda não tinham usado metanfetamina.

“Dos 14 participantes que completaram a intervenção, as medidas de desejo [por metanfetamina], bem-estar mental, depressão, ansiedade e estresse melhoraram desde o início até os dias 28 e 90 de acompanhamento”, diz o relatório.

Os autores disseram que o estudo é o primeiro a explorar a terapia assistida com psilocibina para o tratamento do transtorno por uso de metanfetamina.

“Essas descobertas demonstram a provável viabilidade de conduzir tal tratamento em um ambiente de tratamento ambulatorial público e de conduzir ensaios maiores de [terapia assistida com psilocibina] para essa indicação”, diz o artigo, acrescentando que os resultados se alinham com pesquisas anteriores que sugerem que a psilocibina pode ajudar a controlar os transtornos por uso de tabaco e álcool.

A equipe reconheceu que o pequeno tamanho da amostra e outras limitações — como desequilíbrio de gênero e exclusão de pessoas com psicose e hipertensão induzidas por estimulantes — limitam a generalização das descobertas, mas concluiu que o estudo “fornece sinais precoces de que [a terapia assistida com psilocibina] é viável e segura para ser administrada em um ambiente ambulatorial”.

Décadas depois de pesquisas iniciais mostrarem que a terapia assistida com psicodélicos pode oferecer benefícios profundos para pessoas que sofrem de transtorno por uso de substâncias, mais investigações estão sendo feitas.

No ano passado, por exemplo, dois estudos examinaram os psicodélicos e o transtorno do uso de álcool (TUA).

Um deles descobriu que uma única dose de psilocibina “era segura e eficaz na redução do consumo de álcool em pacientes com TUA”, enquanto o outro conclui que psicodélicos clássicos como psilocibina e LSD “demonstraram potencial para tratar a dependência de drogas, especialmente TUA”.

No ano passado, o Instituto Nacional de Saúde dos EUA também anunciou que destinaria US$ 2,4 milhões para financiar estudos sobre o uso de psicodélicos para tratar transtornos por uso de metanfetamina — financiamento que surgiu quando autoridades de saúde notaram aumentos acentuados nas mortes por metanfetamina e outros psicoestimulantes nos últimos anos, com overdoses fatais envolvendo as substâncias aumentando quase cinco vezes entre 2015 e 2022.

Enquanto isso, em 2023, o Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas (NIDA) dos EUA anunciou uma rodada de financiamento de US$ 1,5 milhão para estudar mais profundamente os psicodélicos e o vício.

Outras pesquisas recentes também sugeriram que os psicodélicos poderiam desbloquear novos caminhos promissores para tratar o vício. Uma análise inédita em 2023 ofereceu novos insights sobre exatamente como a terapia assistida por psicodélicos funciona para pessoas com transtorno de uso de álcool.

No ano passado, entretanto, o Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa (NCCIH) dos EUA, que faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde, identificou o tratamento do transtorno por uso de álcool como um dos vários benefícios possíveis da psilocibina, apesar da substância continuar sendo uma substância controlada de Tabela I pela lei do país norte-americano.

A agência destacou um estudo de 2022 que “sugeriu que a psilocibina pode ser útil para transtorno de uso de álcool”. A pesquisa descobriu que pessoas que estavam em terapia assistida com psilocibina tiveram menos dias de consumo excessivo de álcool ao longo de 32 semanas do que o grupo de controle, o que o NCCIH disse que “sugere que a psilocibina pode ser útil para transtorno de uso de álcool”.

Referência de texto: Marijuana Moment

EUA: um projeto de lei é apresentado em Nova York para permitir o uso terapêutico de cogumelos psilocibinos e MDMA

EUA: um projeto de lei é apresentado em Nova York para permitir o uso terapêutico de cogumelos psilocibinos e MDMA

De acordo com a iniciativa, também seria implementado um teste piloto para permitir o autocultivo de cogumelos mágicos.

Depois do sucesso da regulamentação do uso adulto da maconha em Nova York, nos Estados Unidos, o estado procura agora legalizar o uso medicinal da psilocibina e do MDMA. Há alguns dias, a senadora Nathalia Fernández apresentou um projeto para permitir o consumo terapêutico de cogumelos mágicos. Esta iniciativa já havia sido apresentada no ano passado, mas não pôde ser discutida in loco. Espera-se agora que possa ser debatida na Câmara nos próximos meses, uma vez que haveria novos apoios para a promulgação do regulamento.

Se o projeto de lei for aprovado, um programa de subsídios para terapia assistida com psilocibina seria criado para “fornecer aos socorristas, socorristas aposentados, veteranos e indivíduos de baixa renda o financiamento necessário para receber terapia assistida com psilocibina e/ou MDMA”, afirma o projeto apresentado pela senadora Fernández. Além disso, os pacientes poderão receber tratamentos com “facilitadores certificados”, tanto numa instituição médica qualificada como em casa, caso não possam viajar. “Como Estado, é nosso dever usar todas as ferramentas à nossa disposição para aliviar o sofrimento dos nova-iorquinos”, disse Fernández.

Segundo o projeto de lei apresentado pela senadora Fernández, o regulamento necessita de um financiamento mínimo de US$ 5 milhões para realizar o programa de subsídios para garantir o tratamento com psilocibina e/ou MDMA. Para reduzir custos, o Departamento de Agricultura e Mercados lançaria um programa piloto de autocultivo de cogumelos.

Referência de texto: Cáñamo

A influência dos cogumelos psicodélicos no Natal e na figura do Papai Noel

A influência dos cogumelos psicodélicos no Natal e na figura do Papai Noel

A história do Papai Noel não é uma criação da Coca-Cola, nem de São Nicolau ou uma história infantil, uma teoria propõe que ela existe por causa de um pequeno ser vivo com grandes poderes: o cogumelo Amanita muscaria, também conhecido como agário-das-moscas ou mata-moscas.

Robert Gordon Wasson, um etnomicologista, e o antropólogo John A. Rush investigaram fungos, a perspectiva religiosa e ritualística e também suas propriedades psicotrópicas. Em suas pesquisas, ambos chegaram à conclusão de que o cogumelo Amanita muscaria está intimamente relacionado ao imaginário natalino.

A aparência do cogumelo ‍Amanita muscaria é marcante e característica, com seu chapéu vermelho e pontos brancos. Ele cresce no solo perto de árvores como bétula e pinheiro. Estas últimas, para os povos indígenas do norte, são árvores da vida, um nome que se relacionava com sua grande altura. Portanto, o local onde o cogumelo crescia era um local de valor particular.

‍A toxicidade do Amanita quando ingerido é alta, então antes de tomá-lo eles tinham que desidratá-lo nos galhos dos pinheiros. Uma segunda possibilidade era colocá-la em meias e espalhá-lo sobre o fogo, uma imagem que lembra muito a tradição natalina de pendurar meias de Natal sobre chaminés.

Além disso, as renas foram de grande ajuda para reduzir a toxicidade do cogumelo, já que podem comer Amanita sem sofrer os efeitos psicodélicos. Assim, a urina dos animais era utilizada, já que eles já tinham filtrado os componentes nocivos do cogumelo, mas que ainda mantinham seus efeitos alucinógenos.

Após o xamã ingerir os cogumelos ou beber a urina da rena, as alucinações e reações do amanita começavam, como sentimentos de alegria, vontade de cantar ou aumento do tônus ​​muscular, tornando qualquer esforço físico mais fácil de ser realizado.

descobriu-se que a cerimônia do solstício de inverno dos povos indígenas do Polo Norte, centenas de anos atrás, especialmente os Koryaks da Sibéria e os Kamchadales, tinha tradições semelhantes às da véspera de Natal do século passado.

‍Nas comunidades ancestrais do Ártico, o solstício de inverno, que ocorre em 21 de dezembro, era uma data cerimonial e festiva. Eram realizados rituais guiados por xamãs que coletavam o cogumelo Amanita muscaria que tem poderosas propriedades psicodélicas.

A lenda diz que, durante suas viagens, os xamãs conseguiam ver o futuro da comunidade, podiam se transformar em animais e voar em direção à Estrela Polar em busca de conhecimento para compartilhar com o resto do povo. Ao final de sua experiência alucinógena, eles retornavam ao grupo em sua yurt (o tipo de moradia típica dos habitantes daquela região naquela época) e se reuniam com os homens importantes do povoado para começar a cerimônia do solstício, além de compartilhar suas visões com a comunidade.

Acredita-se que as jornadas psicotrópicas dos xamãs estejam relacionadas à ideia de que o Papai Noel viaja com seu trenó e renas pelos céus para entregar presentes. O presente dado pelos xamãs era o conhecimento que o cogumelo lhes dava, além de compartilhar porções dele entre os presentes.

Outra semelhança com o imaginário natalino é que a entrada para as yurts era um buraco no teto, porque a porta principal estava coberta de neve. Assim, o xamã fazia sua aparição descendo da parte mais alta da casa, semelhante ao Papai Noel descendo pela chaminé.

A vestimenta é outra semelhança, já que para homenagear o cogumelo Amanita os xamãs se vestiam com roupas vermelhas e brancas, e para se proteger da neve usavam grandes botas de couro de rena que com o tempo ficavam pretas.

‍A expansão do Papai Noel

Com o tempo esse arquétipo xamânico mudou e diz-se que com as viagens dos druidas essa tradição se espalhou para a Grã-Bretanha. Depois, por meio do intercâmbio cultural, foi combinada com mitos germânicos e nórdicos que relatavam aventuras como as de Wotan (deus germânico), Odin (seu equivalente nórdico) e outros deuses, que ao viajarem durante a noite do solstício de inverno, eram perseguidos por demônios em um trenó puxado por um cavalo de oito patas. Dizia-se que um rastro de sangue vermelho e branco caía do trenó e que os cavalos soltavam uma espuma branca até o chão, onde os cogumelos amanita apareceriam no ano seguinte.

Com o tempo, o cristianismo relacionou a tradição do Natal ao bispo turco do século IV, São Nicolau de Bari, que também inspirou o personagem do Papai Noel, já que costumava dar presentes aos necessitados e especialmente às crianças.

“Um Papai Noel alegre, brincalhão e ao mesmo tempo realista” foi a encomenda que a Coca-Cola deu ao ilustrador Haddon Sundblom, em 1931. Daí a imagem atual do Papai Noel.

Assim, mesmo que desconhecido por muitos, o poder do cogumelo Amanita muscaria marcou a história do Natal até hoje. Os ritos nas datas próximas ao solstício de dezembro são preservados até os dias atuais, com claras modificações, mas os cogumelos continuam presentes através de decorações e desenhos natalinos que nos conectam com centenas de anos de tradição.

Referência de texto: Fungi Fundation

Psilocibina pode melhorar o sono e a depressão, enquanto o sono em si pode influenciar a eficácia do psicodélico, mostra estudo

Psilocibina pode melhorar o sono e a depressão, enquanto o sono em si pode influenciar a eficácia do psicodélico, mostra estudo

Uma pesquisa recém-publicada sobre os efeitos psiquiátricos da psilocibina sugere uma relação complicada e potencialmente bidirecional entre os efeitos terapêuticos do psicodélico e o sono. Tomar psilocibina não só parece reduzir os distúrbios do sono em pacientes por até quatro semanas, diz o estudo, mas o sono em si pode realmente modular os benefícios da substância de uma forma “complexa, mas proeminente”.

“Usando nossos próprios dados preliminares, demonstramos que tanto os sintomas depressivos quanto os distúrbios do sono diminuíram significativamente após o uso de psilocibina, embora as melhorias do sono tenham sido menores em comparação aos sintomas depressivos”, explicaram os autores no novo artigo, publicado no mês passado na revista Current Psychiatry Reports. “Distúrbios do sono mais graves na linha de base foram associados a menor probabilidade de remissão da depressão, ressaltando uma interação potencial entre o sono e a eficácia da psilocibina”.

A equipe de pesquisa de quatro pessoas por trás do relatório representa a Johns Hopkins School of Medicine, a University of California San Francisco, o Imperial College London e a University of Amsterdam. Eles notaram que pesquisas anteriores ignoraram amplamente a influência potencial da psilocibina no sono.

“Embora os ensaios clínicos demonstrem grandes melhorias nos sintomas depressivos”, eles escreveram, “o impacto da psilocibina na qualidade do sono ou nos sintomas de insônia não foi estudado diretamente”.

Os dados para o novo estudo vieram de 886 adultos que expressaram a intenção de usar psicodélicos em um futuro próximo. Os pesquisadores analisaram especificamente 653 indivíduos que relataram planos de usar psilocibina, “dado que ela tem a maior relevância clínica para a depressão”, diz o relatório.

Os participantes preencheram um questionário de 16 itens sobre sintomas de depressão, que incluíam “quatro itens avaliando insônia no início do sono (Item 1 ‘Dificuldade para adormecer’), insônia de manutenção do sono (Item 2 ‘Dormir durante a noite’), insônia matinal (Item 3 ‘Acordar muito cedo’) e hipersonia (Item 4 ‘Dormir demais’)”.

“Queixas de sono foram prevalentes entre os participantes, com todos os 653 participantes relatando pelo menos algum grau (pontuação ≥ 1 de 3) de distúrbio do sono na linha de base”, diz o estudo. “Notavelmente, entre esses participantes, o distúrbio do sono foi o principal sintoma depressivo (26%), superando marginalmente as queixas de humor/cognição (25%)”.

Os resultados mostraram “uma diminuição significativa nos distúrbios do sono” após o uso de psilocibina.

“A magnitude da diminuição na perturbação do sono foi pequena”, escreveram os autores, “mas efeitos maiores foram observados quando a análise foi restrita a participantes que demonstraram perturbações do sono moderadas a graves (escala do sono ≥ 2)” no início do estudo.

Quanto aos sintomas depressivos, entretanto, o estudo encontrou uma diminuição significativa, de “moderada a grande”, ao longo do período do estudo.

Além de mostrar o que eles chamaram de “melhorias significativas em distúrbios do sono por até quatro semanas após o uso de psilocibina”, os autores disseram que os resultados também sugeriram uma relação interessante entre sono e sintomas depressivos entre os participantes do estudo.

Especificamente, distúrbios do sono durante o período do estudo tenderam a prever sintomas depressivos nos participantes. Mas sintomas depressivos não pareceram prever distúrbios do sono.

“A perturbação residual do sono após as intervenções com psilocibina previu sintomas depressivos em pontos de tempo subsequentes”, diz o estudo, “enquanto os sintomas depressivos pós-tratamento falharam em prever mudanças subsequentes no sono”.

“Tomadas em conjunto”, continua, “essas observações fornecem evidências convergentes de uma ligação potencialmente proeminente entre o sono e a ação terapêutica da psilocibina”.

Quanto ao mecanismo subjacente à observação, os autores disseram que os resultados “poderiam ser interpretados através de três vias plausíveis”:

1) as melhorias do sono podem estar causalmente envolvidas no caminho terapêutico do impacto da psilocibina nos sintomas depressivos, direta ou indiretamente; 2) o sono ruim pode interferir diretamente nos mecanismos fisiológicos que fundamentam a ação terapêutica da psilocibina; 3) os distúrbios do sono podem representar uma característica ou endofenótipo presente entre indivíduos que provavelmente demonstrarão uma resposta terapêutica ruim, independentemente de qualquer ação mecanicista relacionada ao sono.

A relação entre sono e sintomas depressivos em indivíduos que usaram psilocibina “sugere um papel altamente complexo, porém proeminente, do sono na ação antidepressiva terapêutica da psilocibina”, diz o estudo.

Uma possível explicação “para a relação entre a gravidade da perturbação do sono e a fraca melhoria dos sintomas depressivos”, diz o estudo, por exemplo, “pode ser que a perturbação crônica do sono interfira nos mecanismos biológicos ou psicológicos responsáveis ​​pela ação terapêutica da psilocibina”.

No entanto, o estudo também descobriu que pessoas que relataram insônia ou hipersonia apresentaram “probabilidade reduzida de remissão” dos sintomas depressivos.

“Superficialmente, essas descobertas podem parecer paradoxais e desafiadoras de conciliar com a noção mais amplamente disseminada de que o sono insuficiente é um fator causal na exacerbação dos sintomas depressivos”, escreveram os autores. “No entanto, a reconhecida relação em forma de U entre a duração do sono e o funcionamento diurno, bem como o risco conhecido de comorbidades médicas e psiquiátricas, dão mais suporte à natureza das relações que observamos”.

O relatório adverte que a pesquisa sobre o assunto ainda é limitada e que mesmo “as conclusões que podem ser razoavelmente tiradas dessas descobertas exigem um equilíbrio provisório entre as afirmações de causalidade e bidirecionalidade”.

O estudo não foi randomizado e não tinha um grupo de controle, os autores reconheceram, por exemplo. Nem os participantes foram submetidos a uma triagem diagnóstica formal para depressão ou outras condições.

“No entanto, nossa descoberta de que o sono previu significativamente melhorias subsequentes na depressão, enquanto a depressão não previu mudanças no sono, fornece algum suporte para superar as limitações impostas por nosso modelo não randomizado”, escreveram os autores.

“Embora o mecanismo preciso ou a natureza causal dessa relação permaneçam obscuros”, eles concluíram sobre a ligação aparente entre o sono e as ações terapêuticas da psilocibina, “é certamente evidente que o sono representa um alvo investigacional promissor que merece atenção empírica concertada”.

As descobertas do estudo podem ser especialmente relevantes à medida que a psilocibina surge como uma terapia promissora para condições de saúde mental, incluindo transtornos depressivos. Um estudo recente na revista Psychedelics descobriu que até 6 em cada 10 pessoas atualmente recebendo tratamento para depressão nos EUA poderiam se qualificar para terapia assistida com psilocibina se o tratamento fosse aprovado pela Food and Drug Administration (FDA).

“Nossas descobertas sugerem que, se o FDA der sinal verde, a terapia assistida por psilocibina tem o potencial de ajudar milhões de estadunidenses que sofrem de depressão”, disse Syed Fayzan Rab, candidato a MD na Emory University e principal autor do estudo, em declaração sobre o relatório. “Isso ressalta a importância de entender as realidades práticas da implementação desse novo tratamento em larga escala”.

Separadamente, os resultados de um ensaio clínico publicado pela Associação Médica Americana (AMA) em dezembro passado “sugerem eficácia e segurança” da psicoterapia assistida com psilocibina para o tratamento do transtorno bipolar II, uma condição de saúde mental frequentemente associada a episódios depressivos debilitantes e difíceis de tratar.

A AMA também publicou uma pesquisa no ano passado descobrindo que pessoas com depressão grave experimentaram “redução sustentada clinicamente significativa” em seus sintomas após apenas uma dose de psilocibina.

No início deste ano, o governo dos EUA publicou uma página da web reconhecendo os benefícios potenciais que a substância psicodélica pode fornecer — incluindo para tratamento de transtorno de uso de álcool, ansiedade e depressão. A página também destaca a pesquisa com psilocibina sendo financiada pelo governo do país sobre os efeitos da substância na dor, enxaquecas, transtornos psiquiátricos e várias outras condições.

Publicada no site do National Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH), que faz parte do National Institutes of Health, a página inclui informações básicas sobre o que é psilocibina, de onde ela vem, o status legal do medicamento e descobertas preliminares sobre segurança e eficácia. A página do NCCIH destaca três possíveis áreas de aplicação: transtorno de uso de álcool, ansiedade e sofrimento existencial e depressão.

Enquanto isso, neste ano, o chefe do Instituto Nacional de Saúde (NIH) disse que há “evidências crescentes” de que a psilocibina pode representar uma nova opção terapêutica no tratamento do abuso de substâncias, depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental.

Descobertas de outro estudo recente sugerem que o uso de extrato de cogumelo psicodélico de espectro total tem um efeito mais poderoso do que a psilocibina sintetizada quimicamente sozinha, o que pode ter implicações para a terapia assistida com psicodélicos. As descobertas implicam que a experiência de cogumelos enteogênicos pode envolver um chamado “efeito entourage” semelhante ao que é observado com a maconha e seus muitos componentes.

Um estudo separado publicado pela AMA descobriu que o uso de psilocibina em dose única “não foi associado ao risco de paranoia”, enquanto outros efeitos adversos, como dores de cabeça, são geralmente “toleráveis ​​e resolvidos em 48 horas”.

O estudo, publicado no JAMA Psychiatry, envolveu uma meta-análise de ensaios clínicos duplo-cegos nos quais a psilocibina foi usada para tratar ansiedade e depressão de 1966 até o ano passado.

Outro estudo recente com socorristas de emergência sugere que uma única dose autoadministrada de psilocibina pode ajudar a “tratar sintomas psicológicos e relacionados ao estresse decorrente de um ambiente de trabalho desafiador, conhecido por contribuir para o esgotamento ocupacional”.

Referência de texto: Marijuana Moment

Cientistas descobrem restos de plantas alucinógenas em uma antiga xícara egípcia

Cientistas descobrem restos de plantas alucinógenas em uma antiga xícara egípcia

Segundo os pesquisadores, misturas psicodélicas eram preparadas para celebrar rituais religiosos durante o parto.

Diferentes civilizações antigas utilizavam substâncias, tanto para fins ritualísticos como recreativos. Mas até agora não havia muita informação sobre o império egípcio. Acontece que um grupo de pesquisadores descobriu resíduos de substâncias psicodélicas dentro de um copo com mais de dois mil anos e no qual também havia vestígios de fluidos corporais e álcool.

As descobertas, que já tinham sido divulgadas no ano passado, foram publicadas recentemente na revista Scientific Reports e, pela primeira vez, podem ser identificados os restos químicos das misturas que eram bebidas em copos decorados com a cabeça de Bes, uma antiga divindade egípcia da fertilidade, proteção, cura medicinal e purificação mágica. “Os egiptólogos há muito especulam para que serviam os copos com a cabeça de Bes e que tipo de bebida, como água sagrada, leite, vinho ou cerveja. Os especialistas não sabiam se essas xícaras eram usadas na vida cotidiana, para fins religiosos ou em rituais mágicos”, disse Branko van Oppen, coautor do estudo e curador de Arte Grega e Romana do Museu de Arte de Tampa, no EUA, e onde se encontra a peça analisada. Na análise foram encontradas quatro categorias de substâncias: base alcoólica, aromatizantes, fluidos corporais e substâncias psicotrópicas.

A detecção de leveduras de fermentação sugere que o recipiente continha vinho, já que os antigos egípcios costumavam usar uvas para fazer as bebidas parecerem sangue. Entre os fluidos corporais, os pesquisadores sustentaram que se tratava de uma mistura de sangue, leite materno e muco vaginal, nasal e salivar. Enquanto as plantas psicodélicas foram encontradas restos de nenúfar azul egípcio (lótus azul do Nilo) e arruda síria, duas espécies de plantas que são alucinógenas e sedativas. Havia também espécies de Cleome, outra planta que pode ser usada para induzir o parto ou realizar um aborto, dependendo da dose.

“Os egiptólogos acreditam que as pessoas visitavam as chamadas câmaras de Bes em Saqqara quando queriam confirmar uma gravidez bem-sucedida, porque a gravidez no mundo antigo era repleta de perigos. Portanto, esta combinação de ingredientes pode ter sido utilizada num ritual mágico que induzia o sono no contexto deste perigoso período de parto. Esta pesquisa nos fala sobre os rituais mágicos do período greco-romano no Egito”, disse van Oppen.

Referência de texto: Cáñamo

Estudo sobre psicodélicos destaca as melhores maneiras de lidar com uma bad trip (viagem ruim)

Estudo sobre psicodélicos destaca as melhores maneiras de lidar com uma bad trip (viagem ruim)

Uma nova pesquisa sobre como as pessoas lidam com experiências psicodélicas desafiadoras sugere que algumas maneiras de administrar uma bad trip podem ser mais úteis do que outras, embora os autores tenham dito que suas descobertas também indiquem que não há uma abordagem única para todos. Assim, eles aconselham terapeutas e outros facilitadores de psicodélicos a se familiarizarem com uma variedade de práticas de gerenciamento diferentes.

O artigo, publicado no periódico Scientific Reports, é uma redação de dois novos estudos. Um analisou os resultados de uma pesquisa qualitativa com 16 pessoas que participaram de retiros psicodélicos de vários dias na Holanda e no México. Esse estudo examinou como os participantes lidaram com experiências desafiadoras, descobrindo que suas abordagens geralmente se enquadravam em quatro temas principais.

O outro estudo foi baseado em uma pesquisa online com 869 pessoas, das quais 555, ou cerca de dois terços (64,24%), relataram ter tido algum tipo de desafio durante suas experiências psicodélicas. Foi perguntado aos participantes como eles tentaram lidar com esses desafios e quão eficazes esses métodos eram.

As descobertas, diz o novo relatório, “enfatizam a interação complexa entre experiências emocionais e mecanismos de enfrentamento, destacando a necessidade de abordagens terapêuticas flexíveis e personalizadas”.

“Aqui apresentamos uma investigação de métodos mistos sobre as estratégias que os indivíduos empregam para navegar em experiências psicodélicas difíceis e sua relação com o avanço emocional”.

A equipe de três autores do Departamento de Pesquisa em Psicologia Clínica, Educacional e da Saúde da University College London disse que os resultados indicam que, embora os psicodélicos possam oferecer benefícios terapêuticos mesmo quando as experiências são desafiadoras, a obtenção efetiva desses benefícios depende em grande parte de como as pessoas lidam com uma viagem difícil.

“Nossas descobertas sugerem que o papel terapêutico paradoxal de experiências psicodélicas desafiadoras pode depender do tipo de desafio enfrentado e da capacidade do indivíduo de empregar estratégias de resposta adaptativas”, eles escreveram.

No primeiro estudo, os autores disseram que identificaram quatro temas principais no enfrentamento, “refletindo um espectro de estratégias de resposta cognitiva, comportamental e social”:

“O tema Respostas Internas incluiu estratégias introspectivas como aceitação, diálogo interno, questionamento do desafio e construção de significado. O tema Prática Incorporada e Engajamento com o Ambiente enfatizou estratégias físicas como respiração intencional, movimento e engajamento sensorial para gerenciar experiências difíceis. O tema Respostas Interpessoais destacou a dinâmica social, onde os participantes evitavam interações sociais ou, alternativamente, buscavam ajuda ou revelavam experiências pessoais. Por fim, o tema Respostas do Facilitador enfatizou o papel crítico dos guias ou terapeutas em fornecer suporte físico e emocional e introduzir novos elementos para auxiliar os participantes durante momentos desafiadores”.

Enquanto isso, insights do segundo estudo indicaram que “o avanço emocional durante experiências desafiadoras” — e, por sua vez, o provável valor terapêutico de uma experiência psicodélica — “envolvem os participantes adotando um número maior de estratégias úteis de enfrentamento”.

Os autores escreveram que os fatores nas estratégias de enfrentamento também se alinharam aos temas identificados no primeiro estudo.

Em geral, “as análises revelaram que estratégias que fomentam a aceitação e a observação cognitiva foram frequentemente usadas e percebidas como mais eficazes no gerenciamento de experiências psicodélicas desafiadoras”, diz o estudo, embora acrescente que “algumas das estratégias menos frequentemente usadas também foram consideradas substancialmente úteis por alguns indivíduos, sugerindo que uma abordagem única para gerenciar desafios psicodélicos pode ser inadequada”.

De acordo com os dados, os entrevistados sentiram que alguns mecanismos de enfrentamento — como tentar deixar ir, observar seus processos mentais ou se envolver com o ambiente natural — eram particularmente eficazes. Outros — incluindo consumir álcool ou outra droga, direcionar raiva ou agressão à experiência desafiadora, tentar dormir ou pedir ajuda espiritual — foram considerados pelos entrevistados em geral como menos eficazes.

No entanto, para cada método incluído, pelo menos algumas pessoas acharam a prática inútil e pelo menos algumas outras a classificaram como “substancialmente útil”.

“Na prática, embora certas estratégias possam ser mais eficazes em geral”, diz o estudo, “os terapeutas devem ser bem versados ​​em um amplo espectro de estratégias de resposta e reconhecer que diferentes estratégias podem ser mais ou menos eficazes para diferentes indivíduos ou tipos específicos de desafios”.

Outra observação notável foi o impacto negativo do medo, com os autores notando que “o medo intensificado (incluindo experiências de pânico e ansiedade) tinha menos probabilidade de ocorrer simultaneamente com o avanço emocional em nossa amostra”.

Experiências desafiadoras envolvendo luto ou morte, por sua vez, “foram mais comumente associadas a avanços emocionais”, eles escreveram.

Embora estudos adicionais sejam necessários, o relatório diz que uma possibilidade é que “os participantes em nossa amostra que relataram desafios elevados baseados no medo ficaram presos em ciclos prolongados de feedback negativo durante o uso de psicodélicos, inibindo assim experiências de avanço emocional”.

“Em resumo”, conclui o novo artigo, “nossas descobertas sugerem que o papel terapêutico positivo paradoxal de experiências psicodélicas desafiadoras pode depender do tipo de desafio enfrentado e da capacidade do indivíduo de empregar estratégias de resposta adaptativas”.

Ela incentiva mais pesquisas sobre os mecanismos explicativos por trás das associações observadas, que, segundo ela, poderiam melhorar tanto a segurança quanto a eficácia da terapia psicodélica. “De fato, nossas descobertas sugerem que o gerenciamento do medo durante a experiência psicodélica aguda pode ser um determinante importante do resultado em terapias assistidas por psicodélicos”, escreveram os autores.

Eles também aconselham que pesquisas futuras “devem abordar as limitações deste estudo usando modelos longitudinais, conduzindo ensaios clínicos controlados e recrutando amostras diversas para fortalecer a base de evidências e esclarecer os mecanismos causais subjacentes aos efeitos terapêuticos dos psicodélicos”.

A nova pesquisa olhou especificamente para os chamados “psicodélicos clássicos” ou seus análogos, incluindo psilocibina, ayahuasca, LSD, DMT e mescalina. Pessoas cujas experiências foram limitadas a MDMA, cetamina ou outros não foram incluídas, a menos que esse uso fosse combinado com psicodélicos clássicos.

Separadamente, um estudo publicado neste ano descobriu que combinar psicodélicos com uma pequena dose de MDMA pareceu reduzir esses sentimentos de desconforto e destacar aspectos mais positivos da experiência.

As descobertas desse estudo, também publicadas no Scientific Reports, sugeriram que “o uso concomitante de MDMA com psilocibina/LSD pode proteger contra alguns aspectos de experiências desafiadoras e melhorar certas experiências positivas”, disse, potencialmente permitindo um melhor tratamento de certos transtornos de saúde mental.

“Em relação à psilocibina/LSD isoladamente, o uso concomitante de psilocibina/LSD com uma dose baixa (mas não média-alta) de MDMA autorrelatada foi associado a experiências desafiadoras totais, tristeza e medo significativamente menos intensos”, escreveram os autores, “bem como maior autocompaixão, amor e gratidão”.

Enquanto isso, um estudo publicado pela Associação Médica Americana (AMA) descobriu que o uso de psilocibina em dose única “não foi associado ao risco de paranoia”, enquanto outros efeitos adversos, como dores de cabeça, são geralmente “toleráveis ​​e resolvidos em 48 horas”.

O estudo, publicado no JAMA Psychiatry, envolveu uma meta-análise de ensaios clínicos duplo-cegos nos quais a psilocibina foi usada para tratar ansiedade e depressão de 1966 até o ano passado.

Um estudo diferente, publicado no periódico Psychedelics, descobriu recentemente que cerca de 6 em cada 10 pessoas que atualmente recebem tratamento para depressão nos EUA poderiam se qualificar para terapia assistida por psilocibina se o tratamento fosse aprovado pela Food and Drug Administration (FDA).

“Nossas descobertas sugerem que, se o FDA der sinal verde, a terapia assistida por psilocibina tem o potencial de ajudar milhões de estadunidenses que sofrem de depressão”, disse Syed Fayzan Rab, da Emory University e principal autor do estudo, em declaração sobre o relatório. “Isso ressalta a importância de entender as realidades práticas da implementação desse novo tratamento em larga escala”.

Resultados de um ensaio clínico publicado pela Associação Médica Americana (AMA) em dezembro passado “sugerem eficácia e segurança” da psicoterapia assistida por psilocibina para o tratamento do transtorno bipolar II, uma condição de saúde mental frequentemente associada a episódios depressivos debilitantes e difíceis de tratar.

A AMA também publicou uma pesquisa no ano passado descobrindo que pessoas com depressão grave experimentaram “redução sustentada clinicamente significativa” em seus sintomas após apenas uma dose de psilocibina.

No início deste ano, o próprio governo dos EUA publicou uma página da web reconhecendo os benefícios potenciais que a substância psicodélica pode fornecer — incluindo para tratamento de transtorno de uso de álcool, ansiedade e depressão. A página também destaca a pesquisa com psilocibina sendo financiada pelo governo sobre os efeitos da droga na dor, enxaquecas, transtornos psiquiátricos e várias outras condições.

Publicada no site do National Center for Complementary and Integrative Health (NCCIH), que faz parte do National Institutes of Health, a página inclui informações básicas sobre o que é psilocibina, de onde ela vem, o status legal do medicamento e descobertas preliminares sobre segurança e eficácia. A página do NCCIH destaca três possíveis áreas de aplicação: transtorno de uso de álcool, ansiedade e sofrimento existencial e depressão.

Outra aplicação promissora para psicodélicos pode ser o controle da dor. O NCCIH observa em sua página sobre psilocibina que a agência está atualmente financiando pesquisas para estudar a segurança e eficácia da terapia assistida com psicodélicos para dor crônica, enquanto outras pesquisas financiadas pelo governo do país norte-americano estão investigando “o efeito da psilocibina em pessoas com dor lombar crônica e depressão em relação às suas emoções e percepções de dor”.

Uma pesquisa separada publicada este ano sobre a psilocibina descobriu que é improvável que uma única experiência com a droga mude as crenças religiosas ou metafísicas das pessoas — embora possa afetar sua percepção sobre se animais, plantas ou outros objetos experimentam consciência.

Descobertas de outro estudo recente sugerem que o uso de extrato de cogumelo psicodélico de espectro total tem um efeito mais poderoso do que a psilocibina sintetizada quimicamente sozinha, o que pode ter implicações para a terapia assistida com psicodélicos. As descobertas implicam que a experiência de cogumelos enteogênicos pode envolver um chamado “efeito entourage” semelhante ao que é observado com a maconha e seus muitos componentes.

Outro estudo recente com socorristas sugere que uma única dose autoadministrada de psilocibina pode ajudar a “tratar sintomas psicológicos e relacionados ao estresse decorrente de um ambiente de trabalho desafiador, conhecido por contribuir para o esgotamento ocupacional”.

Referência de texto: Marijuana Moment

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