por DaBoa Brasil | maio 5, 2017 | Ativismo, Eventos
Várias cidades do país irão marchar pela liberdade! São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Natal, Florianópolis, Brasília e Porto Alegre são algumas das muitas cidades que estão representando o cenário canábico brasileiro.
Usuários, cultivadores e simpatizantes da erva estão convocados a mostrar a toda à sociedade que o maconheiro não é o que muitos tentam estereotipar. São médicos, advogados, professores, jornalistas, engenheiros, padeiros, mecânicos, artistas, atletas, pessoas comuns e gente de bem! Todos juntos marchando pelo mesmo objetivo. A liberdade!
Liberdade de escolher qual a medicina mais adequada para o seu tratamento, que muitas vezes não funcionam com tratamentos convencionais. Liberdade para não ser mais perseguido apenas por fazer uso religioso de uma planta usada há milênios por diversas culturas. Liberdade de fazer uso recreacional de uma erva que é 144 vezes menos nociva do que o álcool. Liberdade de cultivar a cura que nasce no quintal e não precisar pagar caro por um fumo de procedência duvidosa sem nenhum controle de qualidade.
Todos que cultivam a consciência, que sabem dos benefícios da maconha, assim como conhecem os malefícios da proibição. Todos vocês são indispensáveis nessa luta! Vamos juntos fazer nossa parte por um futuro mais digno! Vamos à marcha Brasil!
por DaBoa Brasil | maio 2, 2017 | Ativismo, Eventos
Curitiba não tem praia, mas a maresia vai tomar conta da capital paranaense neste sábado (6) com a 11ª edição da Marcha da Maconha. O evento, que tem sua concentração marcada para às 15h na boca maldita, e que acontece também em outras cidades do Brasil e do mundo, tem como objetivo pressionar o governo para que haja uma mudança na legislação brasileira de drogas.
É preciso chapar a sociedade com a fumaça da razão para livrá-la das garras da ignorância e do preconceito. Maconheiro quer fumar camarão verde, tirado do ventre da natureza e sem adulteração em sua composição. Mas na terra tupiniquim, comprar maconha prensada com barata é mais fácil do que comprar um hot dog com batata palha prensado na chapa. A vergonha de se consumir uma erva de péssima qualidade se mistura com a tristeza de ser refém do tráfico.
“Doutor, a maconha não faz mal!” Se diz ao médico que duvida dos benefícios da erva. “Quem mata é o tráfico, doutor. Confesso que a garganta sofre com o prensado diário, mas essa é infelizmente a maconha nossa de cada dia”. Na rua, o guarda te aborda e fala “ei cabeludo, que cheiro é esse? Encosta na parede e cala a boca”. No turbilhão de pensamentos, a mente quer dizer “seu policial, no meu beck, nem sei quanto tem de maconha. A parada é 3 pá 1, mas não sei o que tem nele”. O policial solta o maconheiro, prender garoto branco é perder tempo.
Mas aí, no 3 pá 1, aparece uma semente como um presente divino. Vai pro Distrito 420 e começa a ler sobre como cultivar a própria ganja. É acomodar a semente no papel toalha úmido e só esperar a mamãe natureza agir sobre ela. Em alguns dias, já dá pra ver saindo da casca aquilo que futuramente se tornará a sedutora Maria Joana. Paciência, e cuidado, contando no calendário os dias do período vegetativo e do período de floração. A planta vai crescendo, ficando bonita, e com início de buds.
“Briiiiii” é som da campainha. Ao abrir a porta, o policial logo vai gritando “pro chão maconheiro filho da puta”. Fodeu geral, e não tem pra onde correr. “A vizinha falou que tem vinil do Peter Tosh girando e planta proibida crescendo. Vai pra delega, e a planta vai junto”. Tratamento de bandido para quem só queria ficar chapado sem prejudicar ninguém, ser brasileiro é bacana contanto que siga as regras da caretice social.
Chegando na delegacia, um moleque de bermuda suja e havaiana nos pés está sentado esperando para ser escoltado para a cela. Foi detido como trafica por uma ponta de uma baseado ruim. “Cê levou sorte garoto, vai ser enquadrado como usuário mesmo. A planta foi achada ao lado de um pacote de seda e um dichavador. Mas vai ficar fichado aqui”. Cor da pele e endereço residencial vale mais que R.G.
Perdeu a planta, e perdeu a pira. Vai ter que voltar a comprar prensado do tráfico. O 3 pá 1 não vai sair da rua enquanto maconheiro não pedir por mudanças na lei. Melhor do que fumar um beck sozinho, é fumar um baseado king size ao lado de maconheiros que tem o mesmo objetivo que você: o fim do preconceito, o fim da guerra, e uma maconha boa pra queimar.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | abr 25, 2017 | Arte, Ativismo, Entretenimento, Música
O que seria da cultura pop se Bob Dylan não tivesse passado um baseado aos Beatles durante a passagem da banda por Nova York em 1964? Provavelmente seria menos colorida, e muito menos revolucionária. Foi por causa da maconha que a carreira dos Beatles tomou outro rumo, com mais experimentações sonoras e reflexões filosóficas, evidentes nos discos Rubber Soul, Revolver e Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band.
Ninguém se torna gênio após fumar um baseado, mas o que a maconha faz, naqueles que já tem predisposição à criatividade, é tornar as ideias muito mais fáceis de serem executadas e aprimoradas. Não é exagero quando falam que com a maconha a inspiração vem como um “presente divino”, pois de fato a erva de Jah eleva a consciência humana a outro patamar.
O desenvolvimento tecnológico teve também influência da maconha e outras drogas. Steve Jobs, por exemplo, fumava maconha e tomava LSD diariamente durante sua vida de universitário, o que acabou sendo impactante na criação do computador moderno como conhecemos, com uma interface colorida e interativa, como uma trip psicodélica.
É uma imensa hipocrisia em uma mão criminalizar a erva e seus usuários, e na outra venerar pessoas que de algum jeito revolucionaram o mundo por fumarem maconha. O pior é propagar, principalmente por meio de programas educativos, que o uso da erva torna te torna um “sequelado sem futuro e com baixa quantidade de esperma no saco”, se esquecendo que nosso antigo Ministro da Cultura, Gilberto Gil, e a fábrica ambulante de fazer filhos, Mick Jagger, são usuários de maconha.
Criminalizar a maconha, é criminalizar a liberdade de pensamento e criação, e um mundo melhor só poderá ser feito quando não houver barreiras no ato de se fazer arte. Maconha não é a porta de entrada para outras drogas, mas sim, a chave para abrir as portas da percepção. Mas diante da crítica situação da arte e da regulamentação da maconha no Brasil, pelo visto muita gente em Brasília prefere cobrir os olhos com suas orelhas de burro.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | abr 20, 2017 | Ativismo
De uns tempos para cá, os grandes jornais do Brasil, como O Globo e a Folha de S. Paulo, começaram a se manifestar à favor da descriminalização da maconha, mostrando suas posições em editoriais e em matérias focando na desconstrução do tema. Com cada vez mais países debatendo e até mesmo regulamentando a maconha e derivados, não tem como o Brasil ficar de fora dessa onda de avanços.
Por conta da força conservadora que rege o Brasil, ainda é um tabu debater sobre “assuntos polêmicos”. Com a criminalização da maconha, não só fazer uso da erva é proibido como também é um delito a disseminação de informações sobre ela. Falar sobre os benefícios da erva pode ser entendido como apologia às drogas.
Do mesmo jeito que um jornal tem força para reforçar o estereótipo das drogas, com matérias que abordam a guerra diária contra o tráfico, também tem de enfraquecer o estigma popular com relação ao uso da maconha por usuários. Com sua influência e poder de alcance, a imprensa tradicional precisa ser uma aliada na luta pela descriminalização não só da maconha, mas de todas as drogas, mostrando quais são os reais impactos da criminalização na sociedade.
O caminho para começar a tratar de forma mais aprofundada a regulamentação da maconha é através de seu uso medicinal, que vem trazendo cada vez mais resultados comprovando seus benefícios no tratamento de diversas doenças. Mas incluir o usuário recreativo no debate é de imensa importância, por ser ele um dos grandes prejudicados com a criminalização.
O usuário de maconha precisa ter voz, mas nos veículos de comunicação tradicionais o tratamento dado aos consumidores da erva ainda é delicado, já que é preciso proteger a identidade da fonte para que não ocorra nenhum tipo repressão. Fumar maconha é visto com preconceito pela imensa maioria da sociedade, o que acaba obrigando o usuário a permanecer “dentro do armário”.
Com o fortalecimento do ambiente digital, vários blogs, sites e canais especializados em conteúdos canábicos deixaram de ser apenas uma ferramenta de militância e, de forma independente, passaram a ser de fato veículos de comunicação que conseguem tratar sem filtros a realidade dos usuários e da maconha no Brasil.
É quase o dilema punk: “Faça você mesmo”. A informação precisa chegar ao maior número de pessoas possível. É com conhecimento e argumentos que se faz possível questionar e cobrar de nossos governantes uma mudança na lei.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | abr 12, 2017 | Ativismo, Entretenimento, Turismo
A Área Calma de Curitiba, implantada durante a gestão do prefeito Gustavo Fruet em 2015, foi uma medida cujo os efeitos se mostraram evidentes em menos de um ano. Não muito bem recebida por motoristas, mas vista com bons olhos por ciclistas e pedestres, estima-se que com a área que limita a velocidade dos carros em 40km/h, o número de acidentes tenha tido uma redução de 33% nos primeiros 11 meses, de acordo com dados do BPTran.
Os benefícios da redução de velocidade nas áreas centrais da cidade não atingem apenas aqueles que não andam de carro, mas também, os maconheiros curitibanos. Apesar de ser crime dirigir sob o efeito de qualquer tipo de substância (seja álcool ou maconha), não há como negar que a redução na velocidade dos carros gera maior segurança para o motorista que conduz o veículo chapado e às pessoas ao redor.
Ao contrário do álcool, a maconha é uma droga relaxante. A mente viaja em um turbilhão de pensamentos e ideias, enquanto o corpo reage a estímulos com muita calma, e também lerdeza. Portanto, o indivíduo que dirige chapado, quase sempre vai preferir trafegar em uma velocidade mais baixa do que o normal, devido às limitações motoras e psíquicas induzidas pela erva.
A velocidade limite de 40km/h faz com que o maconheiro aproveite “a pira” de dirigir chapado enquanto ouve Pink Floyd. Paranoia é algo ruim em qualquer lugar, ainda mais em uma via de 60km/h onde os carros trafegam loucamente sem dar sinalização alguma. Ter a Área Calma é, indiretamente, benéfico ao maconheiro, que vai dirigir mais relaxado e com mais segurança.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | abr 8, 2017 | Arte, Ativismo, Entretenimento, Música
A maconha está intrinsecamente ligada à música. Na Música Popular Brasileira, que tem na formação de sua identidade a influência de vários estilos musicais, a combinação da erva com o violão é evidente. Em entrevista, Gilberto Gil já chegou a afirmar que a maconha é capaz de desencadear uma maior liberdade auditiva, e que tanto a Bossa Nova quanto o Reggae, pela suavidade, são gêneros que foram beneficiados pela droga.
Prova disso está no fato de o pai da Bossa Nova, João Gilberto, ter usado maconha durante os anos 50, tendo sido até apelidado de “Zé Maconha”. Para o músico, a maconha lhe despertava uma sensação mística inexplicável, capaz de aguçar sua sensibilidade para a percepção de sons e cores. Não é à toa que o disco “Chega de Saudade” é considerado um divisor de águas na MPB.
Pode ser que o “País dos Baurets” a qual os Mutantes fazem referência no disco “Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets”, seja o próprio Brasil. Provavelmente depois de Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias terem queimado um ‘bauret’ com Tim Maia, é que eles perceberam que há uma forte ligação entre a planta e a música que nasce no país. O ambiente influencia a pira criativa de quem fuma, seja no Leme ou no Pontal,
Na introdução da música “Tropicália”, de Caetano Veloso, fala-se: “Quando Pero Vaz Caminha/ Descobriu que as terras brasileiras/ Eram férteis e verdejantes /Escreveu uma carta ao rei:/ Tudo que nela se planta,/ Tudo cresce e floresce”. Só o que Pero Vaz Caminha não sabia ao chegar no Brasil em uma caravela com velas de cânhamo, é que a planta seria no século XX fortemente repreendida.
Mas até em meio à repressão, a maconha não deixou de ser fonte de inspiração para ritmos e letras de música. Na verdade, foi em meio à perseguição da polícia com os maconheiros, principalmente dos morros, que Bezerra da Silva propagou um dos maiores ensinamentos aos usuários de maconha na música “Malandragem Dá Um Tempo”, com os versos “Vou apertar, mas não vou acender agora/ Se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora”.
Em mais de 50 anos, as “letras cannábicas” da MPB continuam atuais. Após abandonar o rock da Jovem Guarda, Erasmo Carlos cantou, sob influência da música latina, o que todo maconheiro sente em relação à erva: “Eu quero Maria Joana” pois “só ela me traz beleza nesse mundo de incerteza”. A maconha vai ser sempre fonte de inspiração para muitos músicos, independente de sua criminalização. Enquanto houver sol, praia, violão e maconha, o Brasil vai continuar sendo o “País dos Baurets”.
Por Francisco Mateus
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