Damian e Stephen Marley lançam clipe dentro de presídio

Damian e Stephen Marley lançam clipe dentro de presídio

O clipe da música “Medication” foi gravado dentro de um presídio na Califórnia comprado recentemente por Damian para a produção de plantas de maconha para uso medicinal.

A música, que em menos de duas semanas atingiu mais de 3 milhões de acessos, trata da erva com um sentido totalmente medicinal. Em algumas cenas é possível ver belas plantas em um pavilhão onde um dia foi local de tristeza para muitas pessoas, entre elas, cultivadores e usuários.

Damian e Stephen Marley são filhos do lendário cantor jamaicano de reggae Bob Marley e mais uma vez apresentam um trabalho de qualidade, fazendo jus ao nome do Rei do Reggae.

Para assistir o clipe da música “Medication” clique aqui.

 

O haxixe português e a legalidade do marginal

O haxixe português e a legalidade do marginal

Era meu segundo dia em Lisboa, e após passar a manhã e a tarde conhecendo a cidade histórica fui à noite me embriagar na boêmia lisboense do Bairro Alto. Por coincidência, em um dos vários bares do bairro, haveria um show do Boogarins. Não deu outra, logo estava dentro de um clube que mais parecia uma caverna: estreito e comprido com paredes de pedra.

Eu tinha algumas moedas de euro no bolso, e que, após contar com certa dificuldade, cheguei à conclusão que dava para beber quatro cervejas de pressão (como é chamado o chopp em Portugal). Durante a primeira cerveja, enquanto o show não começava, fiquei apenas observando os jovens portugueses se divertindo ao som de Novos Baianos. Pois é, Portugal gosta mesmo é do violão de nylon brasileiro.

Antes do Boogarins subir ao palco, fui pegar minha segunda cerveja no bar, e perto dele fiquei por motivos estratégicos. Eis que então, minhas narinas começaram a sentir um cheiro de maconha em meio à fumaça de tabaco. Quando menos percebi, meus olhos já estavam procurando a origem da marofa.

Comecei a perguntar às pessoas perto de mim se alguém tinha maconha. Recebi uma resposta negativa várias vezes. Quando eu estava quase desistindo, vi dois cabeludos com cerveja em mãos em transe com as guitarras do Boogarins. Logo, lancei a pergunta. “Ei companheiros, vocês têm um baseado?”. Eles me olharam sem entender direito o que eu queria. “Oi? Não entendemos”. Refiz a pergunta, desta vez gesticulando com as mãos… “Vocês tem um beck? Maconha?”. “Aaaah, tu queres haxixe? Sim, nós temos!”, respondeu o cabeludo.

A felicidade tomou conta de mim. “Pô, muito obrigado! Já estava ficando desesperado.”. Como bons portugueses, foram extremamente polidos. “Imagina! Tens tabaco?”. Não, eu não tinha tabaco, mas pedi um pouco para um cara em minha frente que estava apertando um cigarro. “Pronto, tenho tabaco aqui. Precisa que eu bole?”, me ofereci para fazer o trabalho. “Não precisa não, mas se você tiver piteira seria bom”.

Comecei a perceber que não é apenas no português que os brasileiros se diferenciam dos portugueses, mas também no modo de fumar maconha. “Piteira? Lá no Brasil nós não temos muito o costume de usar piteira”. Os portugueses ficaram surpresos. “Ora pois, vocês não usam piteira?”. Respondi que não. “Lá no Brasil fumamos cigarro de maconha, sem tabaco, e usamos a ponta da seda como piteira mesmo”.  “Que estranho”, comentou o cabeludo.

O haxixe começou a ser passado entre nós três. “Como é lá no Brasil com maconha?”, perguntou o outro cabeludo. “Lá maconheiro recebe tapa no ouvido de policial se fumar em público. Se plantar então… vai é pro xilindró!”. Ficaram assustados os portugueses. “Pesado. Aqui podemos fumar tranquilamente, e podemos plantar em casa”.

Fui tomado pelo haxixe. Sentia meus pés tocando o chão, mas minha mente parecia estar na mesma frequência do som dos instrumentos que saia dos amplificadores. A terceira cerveja molhava minha garganta do mesmo jeito como a água molha a terra seca. Meu espírito estava livre.

Assim que o show acabou, andei chapado pelas ruas de Lisboa pensando em como a liberdade de se fumar maconha tranquilamente se torna um prazer. Sem problemas, sem violência, sem mortes. Portugal descobriu o Brasil com velas de cânhamo. Quando é que o Brasil vai descobrir Portugal como exemplo de política de drogas?

Por Francisco Mateus

Se nada der certo, continuarei sendo maconheiro

Se nada der certo, continuarei sendo maconheiro

Foi numa noite de sexta-feira, quando após fazer uma sauna no carro ao som de Caetano Veloso, eu e meu amigo J.W decidimos ir ao McDonald’s comprar alguns Quarteirões (ou Royale With Cheese, como preferir) para matar a larica que se alastrava por dentro de nossos corpos chapados.

Entramos na fila do Drive Thru com os vidros fechados, concentrando toda a fumaça dentro do carro. Mas foi só chegar na primeira cabine para realizar os pedidos que o carro logo se transformou em uma verdadeira Maria Fumaça.

“Boa noite, qual vai ser o pedido de vocês?” enquanto a atendente anotava nossos pedidos, ela tentava não rir de toda a fumaça que saia de dentro do carro, ainda mais evidenciada pelo frio de Curitiba. “Eh, hân, quatro Quarteirões!” falei. “Quatro Royale With Cheese?” imagino que deve ter pensado a atendente olhando aqueles dois maconheiros dentro de um carro marofado.

Nossas cabeças estavam só pensando nos Quarteirões, pouco nos dando conta do rastro de fumaça que estávamos deixando para trás ao longo do Drive Thru. Na cabine seguinte, a atendente confirma o valor de nosso pedido, mas faz cara de desconfiada. Depois de muito nos encarar, ela solta a pergunta: “Ei, esse cheiro de natureza está vindo do carro de vocês?”. “Cheiro de natureza?” me pergunto. Olho então para J.W e entendemos o que ela queria dizer com a expressão.

“Uh, é do nosso carro mesmo. A gente fez uma sauna e agora estamos aqui para bater uma lárica.”. Então a atendente começa a rir. “Tá certo, tá certo. Vocês vieram ao lugar certo então.”. Então percebo que realmente era fumaça pra caralho que saía do carro. “Tá incomodando o cheiro?” pergunta J.W à atendente. “Claro que não, quem é que não gosta de um cheiro de natureza?” responde a moça.

Em seguida, a moça desaparece da janela e volta com dois sorrisos de papelão. “Presente para vocês.” diz a atendente enquanto entregava os brindes. “Sorrisos! Muito obrigado moça!”, respondo. “Imagina, hehe, um bom rolê para vocês!”.

Atendende de McDonalds, advogado ou jornalista. O emprego não importa quando se é uma pessoa de bem que gosta de fumar maconha. Depois da polêmica desta semana com o “Se nada der certo” promovido pelo Colégio Marista, em que alunos foram vestidos ao colégio de garis, ambulantes e atendentes do McDonalds, percebo que falta nestes jovens empatia e principalmente maconha.

Por Francisco Mateus

Com proibição, pornografia canábica aumenta

Com proibição, pornografia canábica aumenta

Para aqueles que se informam e prezam por uma maconha de qualidade, é incontestável o fato de o prensado brasileiro não chegar nem perto de uma erva de verdade. Muitas vezes com mofo, gosto de amônia e até mesmo insetos, o prensado ilustra bem o resultado destes longos anos de proibição: degradação e podridão.

Pior do que a sensação de consumir o prensado, só a de ser obrigado a ir até a biqueira para ter acesso à maconha. Pois ao voltar para casa com um tijolo verde em um ziplock, a tristeza bate antes dos efeitos da erva.

Acontece que a proibição acaba acarretando em algo pouco falado: a pornografia canábica. O sujeito que só tem acesso ao prensado, na tentativa de suprir a vontade por uma maconha de qualidade, recorre ao Youtube e aos grupos de cultivo para se deliciar mentalmente com as belas flores da canábis e com as bonitas plantas dos cultivadores que podem plantar sua própria erva.

Com os mais variados tipos de seeds, a “água na boca aumenta”. O sujeito consegue se imaginar fumando uma maconha Indica e conseguindo dormir maravilhosamente bem, enquanto que com uma boa Sativa, correr no parque seria muito mais prazeroso.

É difícil saber que tipo de maconha é o prensado. Porém, com tanta maconha boa e bonita na internet, a vontade de ficar chapado é iminente. Assim, a masturbação canábica, que é o ato de se fumar um baseado com maconha prensada, entra em cena para conseguir conter o desejo do usuário. Mesmo não tendo o mesmo gosto e nem os mesmos efeitos de uma maconha de verdade, é o suficiente para dar o mínimo de brisa.

Para quem está cansado de masturbação e pornografia canábica, fazer barulho é importante para pressionar o governo para que ocorra uma mudança na legislação de drogas. Quem não chora dali, não mama daqui, diz o ditado. Gozar de prazer com a flor da canábis precisa ser um direito de todos.

Por Francisco Mateus

Seja marginal, seja herói, seja maconheiro

Seja marginal, seja herói, seja maconheiro

Quem escreve este texto é um dos muitos transgressores da lei. Um criminoso pacifista, que tem como máscara os olhos vermelhos e os lábios secos. Digo criminoso porque detenho a arma que mais incomoda governantes e policiais: o conhecimento ilegal.

Diante de um estado repressor, a detenção de um usuário de maconha se mostra benéfica quando colocada nas estatísticas. Quanto mais usuários forem detidos, maior será a popularidade política entre seus apoiadores. Na mídia, matérias sobre apreensão de drogas e prisão de traficantes, além de reforçar o sistema repressor em vigor em nosso país, causam o mesmo efeito orgástico de vídeos pornográficos nos grupos reacionários da classe média brasileira.

Aqueles que conhecem os efeitos da maconha sabem o quão inofensivo o mero usuário é. Porém, o que coloca a sociedade em verdadeiro perigo é o conhecimento de um maconheiro. Enquanto a população continua sedada e sendo alimentada com imagens de guerra, os maconheiros se entorpecem com a flor da planta canábis e abrem a cabeça para um novo modelo de sociedade.

Quem fuma maconha todos os dias sabe como a proibição de uma planta é ridícula, e tentar exterminar da face da terra algo que nasce naturalmente soa ainda mais patético. Se as sociedades consomem maconha, para vários fins, desde muito antes do nascimento de Cristo, o que leva as pessoas a acharem que um tratado feito entre países em 1961 vai de fato acabar com tal hábito? Se o mundo funcionasse pelas lógicas escritas do sistema imposto, viveríamos em um lugar muito mais pacífico, mas não é isso que vemos.

O homem sempre achou que poderia ter controle sobre todas as coisas ao redor, até sobre seus próprios comportamentos. Quando há em jogo interesses financeiros, tal controle fica ainda mais forte. Aliado ao domínio religioso e à falta de conhecimento da população, torna-se uma tarefa fácil manter o status quo por décadas.

Fumar maconha é muito mais do que simplesmente ficar chapado, é um ato de resistência.
Mesmo com tantas mortes, prisões e ameaças, ter convicção de que este sistema está falido e cada vez mais mortal é ser um mártir, e por isso se expressar, seja por música, literatura ou até mesmo plantando maconha, é uma forma de tentar mudar o mundo sem violência e fazendo uso apenas do conhecimento.

Como já disse o pensador Gabriel, “a paz é contra a lei e a lei é contra a paz”. No Brasil, as coisas só mudam por meio do radicalismo. É preciso milhares de mulheres serem mortas buscando aborto clandestino para então o Supremo Tribunal Federal- mesmo contra a vontade do Congresso- reconhecer que o aborto é um direito legítimo de toda pessoa do sexo feminino.

Mesmo com a Anvisa reconhecendo recentemente a maconha como planta medicinal, o caminho para o fim da guerra é longo, e muitas armas serão apontadas para aqueles que não querem mais se submeter às políticas governamentais. Até que a maconha seja totalmente legalizada, é preciso que todos os usuários continuem na militância e buscando conhecimento. Seja marginal, seja herói, seja maconheiro.

Por Francisco Mateus

Marcha da Maconha espalha a marofa em Curitiba

Marcha da Maconha espalha a marofa em Curitiba

A garota entra em delírio porque a cachorra está com um baseado gigante na boca. Não demora muito para então o animal virar atração das pessoas que se aglomeram em plena Rua XV de Novembro para a 11ª Marcha da Maconha de Curitiba. De longe os policiais apenas observam a crescente movimentação de maconheiros que vai aos poucos tomando conta do calçadão. “Tá legalizado? Não tá! Mas pra hoje vamos ter que ficar só controlando a movimentação” diz o policial.

O cheiro de maconha vai se alastrando pelo centro. Por todo lugar, gente dichavando, bolando, fumando e passando um baseado. Bondade dos cosmos por ter dado sol a aquele sábado de outono; beck molhado por conta de chuva deixa qualquer maconheiro desanimado.

O bloco BatuCannabis começa a ajeitar os instrumentos e logo dá as primeiras batidas no surdo. Mais à frente, os militantes se posicionam com faixas e cartazes. “Vamos legalizar galera!” grita um dos organizadores do evento. Vai chegando perto da hora do início da marcha. Jornalistas e fotógrafos registram com fotos e vídeos os maconheiros se organizando. Eis que “Beeeeeeeh”, a buzina do megafone do organizador avisa às milhares pessoas ali presentes que é hora de marcha. “Deu quatro e vinte!”.

Juntar milhares de maconheiros pode ser complicado. É cada um com seu baseado, uns com prensado fraco, outros com murruga forte. Alguns mais chapados, outros menos. A sequela atinge os manifestantes assim que a marcha sai da Boca Maldita. A caminhada segue um tanto quanto desarmoniosa, por conta do passo lento de alguns, mas logo toma ritmo, e o povo de Curitiba vira plateia do movimento canábico. “Se você pensa que maconha mata/ Maconha não mata não/ Maconha vem da natureza/ Quem mata é a proibição.”

É claro que a Marcha recebe muita cara feia à medida que passa pelas ruas apertadas do centro de Curitiba. A fumaça, que pode ser vista de longe como uma grande nuvem, chega até os prédios e entra nos apartamentos. No alto, os velhos fecham as janelas e fazem um gesto de mal cheiro para os maconheiros na rua.

A Marcha da Maconha é apenas a marofa de um baseado, que pode ser sentida e causar um leve efeito nas pessoas ao redor, mas sem dar todo o barato de um trago. Com cada vez mais usuários saindo do armário e se engajando por uma mudança da lei de drogas, mais forte vem se tornando a pressão em cima do governo. Não dá para ficar fumando maconha no sofá da sala enquanto assiste Cheech Chong e come pizza. Tem que fazer a cabeça na rua e gritar “Ei Polícia, Maconha é uma delícia!”.

Assim que a noite cai, a marcha chega ao seu ponto final, na frente do Palácio do Iguaçu, sede do governo do estado. A luz das motos dos policiais que protegem o palácio evidencia a fumaça que cerca o aglomerado de pessoas. O pessoal da BatuCannabis continua fazendo barulho, enquanto alguns manifestantes se revezam para lançar discursos de ordem. “Se manifestar à favor da legalização da maconha é se manifestar pela liberdade de você fazer o que quiser com seu corpo. O corpo é seu! Ninguém tem o direito de dizer se você pode ou não usar maconha!”.

A paz está presente na cabeça de quem quer fazer o bem e fumar maconha. A Marcha da Maconha põe em cheque um estereótipo que precisa ser quebrado, e prova como um grupo visto como marginal pela sociedade pode ter uma conduta pacífica mesmo sob o efeito de uma substância psicoativa. Não dá mais para viver com ideias antiquadas. O sinal está verde, e a gente precisa seguir em frente.

Por Francisco Mateus

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