por DaBoa Brasil | nov 21, 2017 | Ativismo, Política
Acender um baseado em pleno Mês da Consciência Negra é como acender uma vela de luto. Não há muito o que se celebrar, já que a Lei de Drogas em vigor no Brasil nada mais do que é uma lei racista que tem como objetivo manter as classes e grupos marginais da sociedade em ordem. Ser a favor da proibição das drogas é ser favorável à guerra contra os negros, pois quem conhece a história por trás da criminalização de certas substâncias, sabe que ela só existe por conta do ódio ao povo africano.
A maconha chegou ao Brasil por meio dos escravos, que nos navios negreiros, trouxeram consigo sementes de canábis. Sabe-se que o uso da erva era altamente incentivado pela coroa portuguesa, não só para a produção de produtos feitos com a fibra do cânhamo, mas também para deixar os escravos relaxados e inebriados com a maconha após uma longa jornada de trabalho.
Por tanto, por vários séculos, a maconha esteve relacionada com a cultura africana. No Brasil, um grande exemplo é o Candomblé, que fazia uso da erva durante as celebrações. Porém, foi no ínicio do século XX que os negros começaram a ser perseguidos mais intensamente por conta do uso da maconha. Com o médico Rodrigues Dória, que começou a pesquisar e escrever artigos sobre a relação entre negros e maconha com o alto índice de violência nos centros urbanos.
Para o Dr. Rodrigues Dória, a maconha não só é um legado da cultura africana como é também a responsável por despertar o instinto violento nos negros. Segundo o médico, controlar o uso da maconha seria, portanto, uma forma de controlar as classes mais baixas da sociedade, como forma de manter o status quo social.
Acontece que esta visão etnocêntrica, apesar de extremamente ultrapassada, continua sendo preservada pela maioria da população brasileira. Infelizmente, não será tão cedo que o uso da maconha vai continuar sendo relacionada de forma negativa aos negros. Dizer que não existe racismo no Brasil é a maior idiotice que alguém pode dizer. Enquanto a atual Lei de Drogas continuar em vigor, o racismo legal continuará existindo e fazendo vítimas da ignorância.
Por Francisco Mateus
por DaBoa Brasil | out 25, 2017 | Ativismo, Economia, Política
Brasileiros se mudam para o Uruguai e criam projeto de estudo da cannabis e produção de conteúdo educativo voltado para o público latino-americano.
Quando o Uruguai tornou-se o primeiro país do mundo a legalizar a cannabis, no fim de 2013, já era previsto que essa medida influenciaria de alguma maneira outros países da América Latina. Um passo neste sentido está sendo dado por um grupo de brasileiros que emigraram ao país em busca de liberdade para plantar a erva. O projeto GrowKnow.How funciona como um coletivo de cultivos individuais que se dedica a estudar o universo da cannabis de forma holística e livre de preconceitos. Trabalhando com recursos próprios até agora, o grupo está lançando uma campanha de financiamento coletivo no Catarse para começar a produção de conteúdo educativo, transmitindo o conhecimento acumulado nas suas experiências.
Durante décadas de proibição e repressão, as poucas informações públicas disponíveis sobre a maconha eram de que faz mal e qualquer envolvimento com ela é crime. Depois de algumas gerações educadas com estes conceitos unilaterais, sem um contraponto, formou-se um claro preconceito social contra a cannabis e aqueles que se envolvem com ela.
“Este preconceito é a base que ainda sustenta a proibição. A proibição é a raiz da maior parte dos malefícios atribuídos à cannabis. Hoje já não há tantas barreiras para a informação. Isso significa que este preconceito pode ser revertido.”, avalia o idealizador do projeto, engenheiro químico e desenvolvedor de softwares Ricardo Tolomelli, o Rico.
Há dois anos Rico se mudou para o Uruguai para desenvolver ferramentas digitais para o segmento canábico e poder “tirar o pé do armário”, expressão irônica que significa assumir publicamente que cultiva. Assim como ele, outros brasileiros deixam o país em busca de paz para cultivar sem medo de represálias, mesmo que isso signifique ficar longe de seus familiares e amigos. Em pouco tempo uma pequena rede de amigos se formou em torno do tema e o GrowKnow.How ganhou massa crítica para sair da ideia e tomar forma.
O grupo é multidisciplinar e aberto, pois a proposta do GrowKnow.How é elucidar o universo da cannabis em todos os âmbitos. Não há tabu para o que se investiga: técnicas de cultivo e processamento; uso medicinal, recreativo, espiritual ou terapêutico; aspectos comerciais, ecológicos, utilitários, sociais. Todo tipo de questionamento, reflexão e experimento que possa trazer luz ao tema é interessante. Separados, os membros estudam aquilo que mais lhes interessa, juntos somam o conhecimento e procuram entender as interações entre os diferentes aspectos.
A sequência natural do projeto é difundir o que estão descobrindo. Para dar este passo, o GrowKnow.How está organizando no início de dezembro, em La Pedrera – Uruguai, um workshop de quatro dias onde irá abordar alguns temas principais: cultivo, extrações, culinária e aplicações terapêuticas. O evento é para um número limitado de participantes, que chegarão até lá através de uma parceria com o site de experiências canábicas internacionais, o Micasa420. No entanto, o workshop será inteiro registrado em vídeo e junto com o e-Book que está sendo elaborado formará o primeiro pacote de conteúdo educativo do projeto.
Para financiar o evento e iniciar uma produção e veiculação regular de conteúdo, o projeto lança uma campanha de financiamento coletivo. “Romper o preconceito será benéfico para todos, por isso preferimos ser financiados pelo público que entende isso.”, explica Rico.
Para saber mais sobre o projeto e para apoiá-lo, confira a campanha do Catarse e o canal do GrowKnow.How.
– Campanha Catarse,
– Facebook GrowKnow.How
– Instagram GrowKnow.How
por DaBoa Brasil | set 12, 2017 | Ativismo, Política, Saúde
A maconha como “porta de entrada” de outras drogas é um mito político, diz o relatório do Centro Benjamin de Iniciativas de Políticas Públicas.
O Centro Benjamin de Iniciativas de Políticas Públicas da State University of New York (SUNY) em New Paltz publicou um breve relatório, “The Marijuana Gateway Fallacy”, no qual os autores concluem que a ideia de que o uso de maconha é uma porta de entrada para drogas mais pesadas é um mito.
Os realizadores do estudo da SUNY em New Paltz são o epidemiologista Leah Mancini, Eve Waltermaurer e Gerald Benjamin, diretor da Benjamin Center. O estudo descobriu que a teoria de droga de entrada foi promovida e persiste por motivos políticos e “apesar do grande peso e as crescentes evidências científicas contrárias”
O estudo sugere que a ideia de que a cannabis é a droga de entrada tem sido mais prejudicial socialmente do que o uso em si da maconha, já que suas políticas resultantes desviaram a atenção da crise de opiáceos e estigmatizaram as pessoas com antecedentes criminais por seu consumo.
“Manter este mito não só desperdiça recursos, mas realmente prejudica muitas pessoas, principalmente membros de grupos minoritários, que estão sendo criminalizados”, disse Waltermaurer. “A energia poderia ser aplicada melhor para reduzir a epidemia de opiáceos verdadeiramente prejudiciais, e em vez disso é gasto em uma tarefa tola”.
Em um comunicado de imprensa anunciando a emissão da carta, o Centro Benjamin disse que “o apoio à legalização da maconha tornou-se um sentimento maioritário em muitas jurisdições” nos últimos anos, “a tendência em grande parte é impulsionada pelos eleitores mais jovens”.
Fonte: Daily Freeman News
por DaBoa Brasil | jul 31, 2017 | Ativismo, Curiosidades, Economia, Meio Ambiente
Um dispensário no Maine ofereceu maconha de graça através de sua rede social para os voluntários que ajudarem a limpar o bairro. A iniciativa se estenderá a escala por todo o estado. Para participar apenas tem que manter a petição e limpar o lixo para obter a maconha de forma gratuita.
“Maconha gratuita para todos os maiores de 21 anos de idade! Dia de limpeza comunitária – sábado, 22/7/17. Cada pessoa tem de preencher 2 sacos de lixo na manhã de sábado, que começa às 8 horas. Estaremos dando para cada saco cheio que nos chegue um grama de maconha. Esperamos que outros dispensários do Maine queiram fazê-lo com a gente. Vamos limpar os bairros do Maine! Esta ação provou ser um grande sucesso no Colorado, vamos ver como vai ser com a gente. Por favor, compartilhe em todos os lugares.”- assim incentivaram a participar na ação de seus organizadores.”
“Estaremos dando para cada saco de lixo que nos deixem, um grama de maconha.”, disse Dennis Meehan em um serviço de informações local WCSH-6, e acrescentou que a iniciativa foi criada após uma ação semelhante no Colorado. “Esta ação foi um grande sucesso no Colorado, por isso vamos ver como vai ser com a gente.”
Ação concluída com êxito
Como podemos ver no perfil do Facebook da empresa, as ações tiveram um sucesso similar. Na tarde de sábado, o dispensário publicou uma imagem de uma caçamba de lixo que estava cheia até a borda com sacos cheios.
A distribuição gratuita de maconha pode não ser a solução que beneficie o dispensário imediatamente, mas vai certamente aumentará o reconhecimento da sua marca. Da próxima vez, quando os clientes quiserem comprar maconha, talvez voltem ao dispensário com boa consciência que anteriormente lhes deu dois gramas de cannabis.
A legalização da maconha no Maine
Em 30 de janeiro de 2017 entrou em vigor no estado de norte-americano do Maine a lei mais liberal da maconha. A partir da meia-noite de 30 de janeiro, os moradores Maine maiores de 21 anos podem possuir até 2,5 onças (70 gramas).
O limite de 70 gramas é 2,5 vezes maior do que nos outros sete estados que legalizaram a maconha; em todos eles você pode ter apenas uma onça (28 g), apesar de estados como Massachusetts e Oregon permitem um número maior quando armazenado na casa.
A nova lei também permite que as pessoas com mais de 21 anos podem cultivar até seis plantas de maconha em floração. Além disso, eles podem ter 12 plantas em fase de vegetação e são permitidas as sementes e um número limitado de mudas.
Fonte: Fakty Konopne
por DaBoa Brasil | jul 26, 2017 | Arte, Ativismo, Curiosidades, Entretenimento, História, Música, Política
Faz cinquenta anos que os Beatles se posicionaram a favor da legalização da maconha no Reino Unido. Enquanto o debate sobre a legalização da cannabis pareça estar longe do fim, é certo que nunca houve uma chamada internacional tão importante em prol da legalização ou de outra forma de regulamentação na sociedade.
As pessoas pró-legalização devem saber e lembrar que em julho de 1967 no jornal The Times apareceu um anúncio de página inteira que foi assinado por 64 dos membros mais proeminentes da sociedade britânica da época e que pediam a legalização da maconha. Entre os signatários se encontravam os integrantes de uma das bandas mais importantes da história, The Beatles.
Como podemos ler na Bíblia dos Beatles, os membros da banda estavam entre os 64 signatários escolhidos como os melhores e mais brilhantes da Grã-Bretanha para dar impulso ao debate sobre a legalização da maconha e que apareciam em um anúncio de uma página completa no Times de Londres em 24 de Julho de 1967. O anúncio tomou impulso com a prisão do aclamado fotógrafo e fundador da International Times, John Hopkins, e sua sentença de nove meses por posse da erva, o grupo tentou chamar a atenção sobre o que consideravam uma política pública desnecessariamente dura.
No anúncio, podia-se ler que a maconha era “a menos prejudicial das drogas de prazer, e… em particular, muito menos prejudicial que o álcool”. “Fumar cannabis está muito expandido nas universidades e o costume foi retomado por escritores, médicos, empresários, músicos, cientistas e sacerdotes. Essas pessoas não se encaixam no estereótipo empregado do criminoso viciado em drogas”.
Nenhum integrante do famoso grupo de Liverpool estava na reunião em que foi planejada e produziu o anúncio, mesmo que as suas assinaturas não são oferecidas sem pensar; Na verdade, foi Paul McCartney quem finalmente acabou pagando a conta depois de se encontrar pessoalmente com um casal de líderes de grupo. Enquanto esperava, em vão, manter em segredo o seu apoio financeiro, os temores de uma reação pública contra o grupo eram infundadas.
Embora o anúncio não tenha sido bem sucedido em termos de legalização da maconha no Reino Unido, a sua publicação provocou uma discussão pública que geraram pequenas, mas significativas mudanças nas leis de drogas do país, como reduzir de dez para cinco anos de prisão a pena máxima para a posse.
Fonte: Ultimate Classic Rock
por DaBoa Brasil | jul 14, 2017 | Ativismo
Por mais incrível que pareça, a Rede Globo está desempenhando um ótimo papel em desconstruir o estigma popular da maconha por meio de reportagens. Antes tarde do que nunca. Todo tipo de informação que acrescente na discussão da descriminalização das drogas é bem-vinda, ainda mais quando ela vem da mais influente emissora do país.
O colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, já adiantou a informação de que a Anvisa irá, até o fim do ano, regulamentar a maconha no Brasil para fins medicinais e terapêuticos. Mas sabe-se que o preconceito das pessoas com relação a erva é ainda muito enraizado, prova disso são os comentários em posts do facebook que colocam o usuário de maconha no mesmo grupo dos dependentes químicos e criminosos.
Só uma mudança na política de drogas por parte do Supremo Tribunal Federal não é o bastante para mudar a mentalidade do brasileiro. Enquanto que em vários países do mundo a maconha é vista como algo banal, o Brasil insiste, principalmente por meio dos políticos, em manter o tabu vigente no país. E o único jeito de combater a ignorância, é por meio de informação.
A última edição do Profissão Repórter consegue exemplificar bem a mudança de postura da Globo para falar sobre a maconha. A reportagem mostrou que planta tem sim vários benefícios medicinais comprovados por pesquisas científicas, e para determinadas doenças ela é a única forma de tratamento eficaz. Por tanto, a Globo bate de frente com a recente declaração do ministro Osmar Terra que disse que a maconha não tem nenhum uso médico comprovado.
Não foram apenas os usuários medicinais que foram abordados de uma forma mais natural. Os usuários recreativos, que representam os grandes consumidores de maconha, foram retratados como reféns de um sistema falho, que apenas aumenta o problema de saúde e segurança pública. O usuário de maconha quer usar maconha sim, do mesmo jeito do fumante que quer fumar cigarro mesmo sabendo de seus malefícios.
E para exemplificar como a legalização da maconha pode trazer mudanças positivas a todos, mas respeitando a individualidade de cada pessoa, o Uruguai foi o grande modelo da reportagem. Tirar o lucro das drogas das mãos dos grandes traficantes e direcionar para o estado é a forma encontrada pelo governo do então presidente Mujica para enfraquecer o crime organizado. E funcionou.
O Brasil está na direção certa; atrasado, mas avançando em passos lentos e pequenos.
Por Francisco Mateus
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