Sha’Carri Richardson, a velocista estadunidense que foi desqualificada das Olimpíadas no ano passado por testar positivo para THC, não pode acreditar que o Comitê Olímpico tenha ignorado outra atleta que positivou para trimetazidina (uma substância classificada como dopping) que competirá nos Jogos Olímpicos de Inverno. “Podemos obter uma resposta séria sobre a diferença entre a sua situação e a minha?”, escreveu a atleta no Twitter.

“Está tudo na pele”, disse a velocista Richardson em outra mensagem na rede social, que não encontra explicação que justifique que o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) tenha tomado uma decisão contrária à que tomou no caso dela. “A única diferença que vejo é que sou uma jovem negra”, disse Richardson.

Sha’Carri Richardson foi suspensa da sua classificação para os 100 metros rasos por teste positivo para uso de cannabis, sendo uma das atletas favoritas com maior chance de ganhar o ouro na competição. Seu caso causou comoção e o executivo dos Estados Unidos e a Agência Antidoping do país mostraram mensagens de apoio à velocista, que explicou que havia usado maconha devido ao processo de luto pelo qual passava pela recente morte de sua mãe.

Por outro lado, a patinadora russa Kamila Valieva, depois de saber que testou positivo para trimetazidina, foi autorizada pelo Tribunal Arbitral do Esporte a participar dos Jogos Olímpicos de Pequim 2022. Assim como a cannabis, a trimetazidina está classificada na lista de drogas proibidas da Agência Mundial Antidoping, neste caso como moduladora do metabolismo cardíaco. A decisão do tribunal foi justificada dizendo que a suspensão de sua próxima participação “causaria um dano irreparável diante das circunstâncias”. Apesar de ter sido liberada para continuar competindo nas próximas provas, a medalha de ouro conquistada por Kamila Valieva na prova por equipes ainda está em análise e pode acabar sendo anulada.

Richardson comparou as duas situações no twitter, lembrando que a cannabis não é usada para melhorar a capacidade física, enquanto a trimetazidina é uma droga usada para melhorar o desempenho esportivo. “Eu falhei em dezembro e o mundo agora sabe disso; meu resultado foi publicado em uma semana e meu nome e talento foram sacrificados”, escreveu. Richardson lembrou que nenhum atleta negro foi autorizado a continuar competindo enquanto é investigado por um teste de doping positivo, como está acontecendo com a patinadora russa.

Referência de texto: Cáñamo

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