Um estudo descobriu que a microbiota intestinal afeta a depressão através do sistema endocanabinoide.

Os seres humanos estão cheios de microrganismos que nos ajudam a viver. Vivemos em simbiose com aproximadamente 100 bilhões de bactérias e outros microrganismos que habitam diferentes partes do nosso corpo, como intestino, pulmão ou boca. Esse conjunto de microrganismos é denominado microbiota. Estudos recentes têm mostrado que existe uma relação entre transtornos de humor, como depressão maior, e a alteração da microbiota intestinal. Agora, um estudo publicado em dezembro passado na revista Nature, apresentou resultados que mostram que a microbiota intestinal desregulada causa um humor depressivo em ratos de laboratório através do sistema endocanabinoide.

Para o estudo, os cientistas se basearam em um estudo anterior que mostrou que, se a microbiota intestinal fosse retirada de um paciente com depressão grave e transferida para um rato saudável, este acabaria apresentando sintomas depressivos. No novo estudo, os pesquisadores tentaram explicar como ocorre o efeito em que apenas a transferência de microrganismos intestinais de um rato com sintomas depressivos para um rato saudável é suficiente para que o segundo acione um ciclo de depressão.

A resposta que eles descobriram é que a realocação da microbiota desregulada prejudica o sistema endocanabinoide no intestino, e isso tem um efeito no sistema endocanabinoide no cérebro. As consequências da microbiota intestinal desregulada acabam se manifestando na região cerebral do hipocampo, que está envolvida no desenvolvimento de sintomas depressivos.

“Nossas descobertas fornecem um possível mecanismo para como o estresse crônico, a dieta e a microbiota intestinal geram um ciclo de retroalimentação patológica que contribui para o comportamento depressivo através do sistema endocanabinoide central”, afirmam os pesquisadores do estudo.

Os pesquisadores descobriram que podiam interromper o ciclo de retroalimentação depressivo com a administração de certos probióticos. “Nosso estudo apoia o conceito de que as intervenções dietéticas ou probióticas podem ser alavancas eficazes no arsenal terapêutico para combater as síndromes depressivas associadas ao estresse”, disseram eles.

Referência de texto: Nature / Cáñamo

Pin It on Pinterest

Shares