Acender um baseado em pleno Mês da Consciência Negra é como acender uma vela de luto. Não há muito o que se celebrar, já que a Lei de Drogas em vigor no Brasil nada mais do que é uma lei racista que tem como objetivo manter as classes e grupos marginais da sociedade em ordem. Ser a favor da proibição das drogas é ser favorável à guerra contra os negros, pois quem conhece a história por trás da criminalização de certas substâncias, sabe que ela só existe por conta do ódio ao povo africano.

A maconha chegou ao Brasil por meio dos escravos, que nos navios negreiros, trouxeram consigo sementes de canábis. Sabe-se que o uso da erva era altamente incentivado pela coroa portuguesa, não só para a produção de produtos feitos com a fibra do cânhamo, mas também para deixar os escravos relaxados e inebriados com a maconha após uma longa jornada de trabalho.

Por tanto, por vários séculos, a maconha esteve relacionada com a cultura africana. No Brasil, um grande exemplo é o Candomblé, que fazia uso da erva durante as celebrações. Porém, foi no ínicio do século XX que os negros começaram a ser perseguidos mais intensamente por conta do uso da maconha. Com o médico Rodrigues Dória, que começou a pesquisar e escrever artigos sobre a relação entre negros e maconha com o alto índice de violência nos centros urbanos.

Para o Dr. Rodrigues Dória, a maconha não só é um legado da cultura africana como é também a responsável por despertar o instinto violento nos negros. Segundo o médico, controlar o uso da maconha seria, portanto, uma forma de controlar as classes mais baixas da sociedade, como forma de manter o status quo social.

Acontece que esta visão etnocêntrica, apesar de extremamente ultrapassada, continua sendo preservada pela maioria da população brasileira. Infelizmente, não será tão cedo que o uso da maconha vai continuar sendo relacionada de forma negativa aos negros. Dizer que não existe racismo no Brasil é a maior idiotice que alguém pode dizer. Enquanto a atual Lei de Drogas continuar em vigor, o racismo legal continuará existindo e fazendo vítimas da ignorância.

Por Francisco Mateus

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