Finalmente, podemos saber por que a maconha ajuda muitas pessoas com problemas intestinais crônicos, como a Doença Inflamatória Intestinal (DII).

Segundo publicou a Popular Science, um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Massachusetts e da Universidade de Bath foi o primeiro a demonstrar o processo físico pelo qual a cannabis afeta a doença inflamatória intestinal (DII), abrindo a possibilidade de criar novos medicamentos para estas doenças crônicas.

Não se sabia exatamente como os canabinoides tinham um efeito anti-inflamatório nos intestinos irritados antes deste estudo.

No intestino, uma fina camada de células epiteliais medeia entre nossos corpos e o “zoológico” microbiano que mora lá dentro. Beth McCormick, da Universidade de Massachusetts foi estudar o papel dessas células na regulação do microbioma intestinal por mais de uma década, e o ponto de partida para esta pesquisa atual foi a descoberta anterior de um caminho químico pelo qual as células epiteliais ajudam os neutrófilos, um tipo de glóbulo branco, a atravessar o intestino e a comer alguns dos micróbios. Mas isso foi claramente apenas metade da resposta. A fim de produzir equilíbrio, algo mais tinha que evitar que muitos neutrófilos entrassem e matassem os micróbios pacíficos e incluindo o intestino, levando à DII.

No novo estudo publicado há alguns dias no Journal of Clinical Investigation, uma via química produz substâncias que impedem que os neutrófilos passem através das células epiteliais para o intestino. E acontece que essas substâncias, pelo menos em camundongos, são endocanabinoides. Essas substâncias gordurosas se ligam aos mesmos receptores químicos que os canabinoides encontrados na maconha. Os pacientes que não tinham essa via secundária “eram mais propensos a desenvolver colite ulcerativa”, diz McCormick.

Embora a pesquisa seja em camundongos, ajuda a explicar por que os canabinoides parecem fornecer alívio para as pessoas com doença inflamatória intestinal (DII), uma vez que desempenham a mesma função que os endocanabinoides produzidos pelo corpo. Embora mais pesquisas sejam necessárias, McCormick diz que abre a possibilidade de criar novos tratamentos para a DII que funcionem na nova via, como talvez, os agentes terapêuticos extraídos da maconha.

Richard Peek, gastroenterologista da Universidade Vanderbilt, diz que as descobertas de McCormick “podem não ser específicas para o intestino”. As células epiteliais são encontradas na superfície dos órgãos em todo o corpo, então este mecanismo de ação também pode existir em outros sistemas, diz. Isso também mudaria nossa compreensão das respostas autoimunes em outras partes do corpo.

Esta é uma boa notícia para as milhões de pessoas que sofrem de DII. Richard Peek acha que esta descoberta abre novas possibilidades para a legalização da maconha medicinal. Para McCormick, sua “abordagem imparcial” foi a chave para encontrar esse resultado: não procuraram explicar o mecanismo de ação da maconha, eles simplesmente a encontraram. “Às vezes, como diz no campo, o esquilo cego encontra a noz”, diz Beth McCormick.

Fonte: Popular Science

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