De uns tempos para cá, os grandes jornais do Brasil, como O Globo e a Folha de S. Paulo, começaram a se manifestar à favor da descriminalização da maconha, mostrando suas posições em editoriais e em matérias focando na desconstrução do tema. Com cada vez mais países debatendo e até mesmo regulamentando a maconha e derivados, não tem como o Brasil ficar de fora dessa onda de avanços.

Por conta da força conservadora que rege o Brasil, ainda é um tabu debater sobre “assuntos polêmicos”. Com a criminalização da maconha, não só fazer uso da erva é proibido como também é um delito a disseminação de informações sobre ela. Falar sobre os benefícios da erva pode ser entendido como apologia às drogas.

Do mesmo jeito que um jornal tem força para reforçar o estereótipo das drogas, com matérias que abordam a guerra diária contra o tráfico, também tem de enfraquecer o estigma popular com relação ao uso da maconha por usuários. Com sua influência e poder de alcance, a imprensa tradicional precisa ser uma aliada na luta pela descriminalização não só da maconha, mas de todas as drogas, mostrando quais são os reais impactos da criminalização na sociedade.

O caminho para começar a tratar de forma mais aprofundada a regulamentação da maconha é através de seu uso medicinal, que vem trazendo cada vez mais resultados comprovando seus benefícios no tratamento de diversas doenças. Mas incluir o usuário recreativo no debate é de imensa importância, por ser ele um dos grandes prejudicados com a criminalização.

O usuário de maconha precisa ter voz, mas nos veículos de comunicação tradicionais o tratamento dado aos consumidores da erva ainda é delicado, já que é preciso proteger a identidade da fonte para que não ocorra nenhum tipo repressão. Fumar maconha é visto com preconceito pela imensa maioria da sociedade, o que acaba obrigando o usuário a permanecer “dentro do armário”.

Com o fortalecimento do ambiente digital, vários blogs, sites e canais especializados em conteúdos canábicos deixaram de ser apenas uma ferramenta de militância e, de forma independente, passaram a ser de fato veículos de comunicação que conseguem tratar sem filtros a realidade dos usuários e da maconha no Brasil.

É quase o dilema punk: “Faça você mesmo”. A informação precisa chegar ao maior número de pessoas possível. É com conhecimento e argumentos que se faz possível questionar e cobrar de nossos governantes uma mudança na lei.

Por Francisco Mateus

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