Foi durante o movimento de contracultura dos anos 60 que o ativismo pela legalização da maconha começou a tomar força. Sob influência de músicos e escritores, a maconha passa para o status de mainstream entre os jovens. Mas uma nuvem cinza paira sobre o ano de 1969, a política de repressão às drogas começa a se espalhar pelo mundo durante o mandato do presidente Richard Nixon. Em meio à esse cenário, o então jornalista e empresário do MC5, John Sinclair, se tornou um símbolo da luta pela maconha legal após ser preso por dar dois baseados à um policial disfarçado.
Sinclair começa sua carreira no jornalismo, escrevendo para o jornal alternativo ‘Fifth Estate’ de Detroit, e também como crítico de jazz na revista ‘Down Beat’. Além de poeta, estava ligado aos movimentos sociais, sendo o criador do ‘White Panther Party’, grupo de americanos brancos de extrema esquerda que tinha como objetivo fortalecer ideias do Partido dos Panteras Negras.
Em 1965, Sinclair entra no ativismo pela maconha ao fundar a organização ‘Detroit LEMAR’. Com a pauta de defesa pela legalização da maconha no estado de Michigan, o grupo era responsável por realizar bate-papos e distribuir materiais informativos sobre a erva.
No ano de 1966, uma nova banda começa a chamar a atenção em Detroit. Com um som pesado, o MC5 logo conquista ouvidos de Sinclair, que em pouco tempo se torna amigo dos integrantes, e em seguida empresário do grupo.
No dia 24 de janeiro de 1967, Sinclair é preso pela Polícia de Narcóticos após dar dois baseados a um policial disfarçado. Considerado culpado, a justiça determina que Sinclair passe seis meses preso e dois anos em liberdade condicional.
A história começa a tomar outra proporção em 1969, quando enfim acontece o julgamento de Sinclair, que é sentenciado a 10 anos de prisão. Imediatamente, o caso começa a tomar grande repercussão dentro do movimento pró-legalização e do círculo artístico. Durante a apresentação do The Who no festival de Woodstock, o ativista político Abbie Hoffman interrompeu a apresentação do grupo inglês para pular do palco para protestar pela prisão de Sinclair.
A expressão ‘Ten for Two’ (dez anos por dois baseados) caí na boca dos ativistas. Sinclair vira símbolo de resistência pela legalização da maconha. Em dezembro de 1971, é realizado o ‘Free John Now Rally’, uma espécie de festival que reuniu músicos, como John Lennon (que compôs a música ‘John Sinclair’ em homenagem ao ativista’) e David Peel, além do poeta Allen Ginsberg e o ativista Bobby Seale. Três dias após os shows, Sinclair é solto da prisão após o Supremo Tribunal de Michigan considerar as leis do estado sobre maconha inconstitucionais.
Por conta do festival, foi criado a ‘Ann Arbor Hash Bash’, uma reunião anual que acontece todo ano em Michigan pela legalização da maconha.
Atualmente, John Sinclair continua exercendo seu ativismo pela legalização da maconha, e além de ser um símbolo do movimento, o jornalista é marca de uma linha de sementes de maconha, a ‘John Sinclair Seeds’, que pode ser encontrada no site https://www.johnsinclairseeds.com/.
Por Francisco Mateus
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