Um novo estudo afirma que existe uma relação entre o alívio do estresse pós-traumático e os canabinoides.

O medo desempenha um papel fundamental no início e manutenção do estresse pós-traumático. Um novo estudo da Universidade de Leiden, na Holanda, explora os efeitos da anandamida, um canabinoide produzido naturalmente pelo corpo humano, e seu papel na extinção do medo. O estudo tentou inibir a produção desse canabinoide para testar seu efeito sobre o medo.

Este estudo, se corroborado, pode ser usado para iniciar tratamentos com maconha que ajudem pessoas que sofrem de algum tipo de estresse pós-traumático. Embora muitas pessoas com esta síndrome já usem a cannabis, ainda está longe de saber como realizar um tratamento eficaz para esta condição.

Quando você fica “chapado” com THC, o que acontece é que os receptores endocanabinoides se intoxicam. No entanto, outros efeitos mais sutis ocorrem em alguns dos receptores quando eles interagem com a cannabis. Por exemplo, o sistema imunológico tem conexões com os receptores canabinoides tipo 2 (CB2).

Anandamida recebe seu nome da palavra sânscrita para “felicidade”. Essa sensação leve, às vezes chamada de “euforia do corredor”, tem vida curta porque a anandamida é liberada em conjunto com a amida hidrolase de ácido graxo (FAAH), uma enzima que decompõe a anandamida. Felicidade com curto prazo de validade, mas eficaz.

A equipe da Universidade de Leiden, liderada por Mario van der Stelt, se perguntou o que aconteceria se eles fizessem o oposto, se reduzissem a quantidade de anandamida produzida pelo cérebro em vez de reduzir FAAH. Dessa forma, pudemos ver uma imagem mais realista dos efeitos desse endocanabinoide em nossos corpos.

Os pesquisadores compararam o comportamento em ratos normais e em ratos com supressão de anandamida. Os camundongos com produção de anandamida bloqueada estavam muito mais estressados (como evidenciado por níveis mais elevados de cortisol) do que os ratos normais. Os ratos com supressão de anandamida também se apegaram ao medo condicionado por muito mais tempo do que os ratos normais.

Esta é uma descoberta muito técnica, mas relevante para a comunidade científica. É o primeiro estudo desse tipo a mostrar que a redução dos níveis de anandamida tem consequências negativas no comportamento emocional. Isso poderia explicar por que o TEPT se desenvolve: seria a falta desse componente que os mantém emocionalmente desequilibrados.

A chave estará nas terapias com maconha que influenciam o aumento da produção de anandamida, como está sendo feito com microdoses de LSD? O futuro é quem dirá.

Referência de texto: Cáñamo

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