Na Espanha, assim como no Brasil, as indústrias farmacêuticas estão se articulando pelo monopólio do mercado medicinal da maconha. O Conselho Geral das Faculdades Farmacêuticas do país europeu divulgou um comunicado no qual garante que o seu papel deve ser “fundamental” na regulação do uso terapêutico da planta.

Quase em sintonia com a publicação da consulta pública realizada pelo Ministério da Saúde para formalizar o Real Decreto que regulamentaria o uso medicinal da maconha na Espanha, a indústria farmacêutica já começou a pressionar publicamente para ser protagonista na produção de medicamentos derivados da planta. O Conselho Geral das Faculdades Farmacêuticas (CGCOF) divulgou um comunicado que garante que o seu papel deva ser “fundamental” no regulamento que estabelece as condições de preparação e distribuição de medicamentos manipulados à base de maconha.

“Trabalharemos nesta linha para garantir que, em qualquer solução que seja adotada, haja sempre um farmacêutico em todo o processo, e para colaborar ativamente na farmacovigilância e na educação em saúde para uma utilização segura”, afirmou o CGCOF no documento publicado na semana passada.

As futuras regulamentações seriam um “primeiro avanço” para as pessoas que sofrem de um número limitado de doenças e, pela primeira vez, poderiam ter acesso aos seus medicamentos em mercado regulamentado. No entanto, a o ministério propõe neste caso um modelo onde a produção ficará nas mãos das empresas farmacêuticas e em que serão deslocadas as associações civis que, nos seus clubes, há anos atendem usuários terapêuticos e pacientes.

O grupo de farmacêuticos está entusiasmado com a ideia de que as empresas produtoras de medicamentos monopolizem um negócio que, na Espanha, começa a ser regulamentado no mercado do país. Com efeito, o CGCOF confirmou que esta será a linha de trabalho acordada com o Ministério da Saúde, após reunião que realizaram na véspera da publicação da referida consulta pública.

“A utilização de princípios ativos como medicamentos exige evidência clínica demonstrada de qualidade, eficácia e segurança, através de ensaios clínicos, autorização de colocação no mercado, indicações específicas, composição conhecida, forma farmacêutica adequada, demonstração de atividade e dosagem adequada para cada patologia”, afirmaram os farmacêuticos – que desconhecem que todas estas práticas são realizadas pelo ativismo há décadas em absoluto sigilo.

Referência de texto: Cáñamo

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