A clorose férrica, clorose cálcica ou simplesmente clorose, é uma das deficiências mais comuns que afeta as plantas. E isso pode ser causado por vários motivos. No post de hoje contaremos o que é a clorose e como você pode preveni-la ou resolvê-la.
O que é clorose férrica?
O nome clorose vem da clorofila, o pigmento verde que as plantas precisam para realizar a fotossíntese, processo pelo qual as plantas usam a luz solar para converter dióxido de carbono e água em nutrientes e, de passagem, liberar oxigênio no ar.
Para produzir clorofila, as plantas, além de luz, dióxido de carbono e água, precisam de acesso a um nutriente específico: o ferro.
O ferro é vital para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Algumas das funções mais importantes são a transferência de elétrons, a síntese de algumas enzimas e proteínas, a resposta imunológica e, como dissemos, a fotossíntese.
Sem ferro, as plantas não conseguem sintetizar clorofila de forma eficiente, o que afeta negativamente a sua capacidade de produzir alimentos através dele. E consequentemente, a planta começa a amarelar por não conseguir manter a produção de clorofila, que é o que dá a cor verde às folhas.
Este processo é conhecido como clorose ou clorose férrica. As causas pelas quais a planta pode apresentar clorose são muito variadas, como veremos a seguir.
O que causa a clorose férrica?
As principais causas podem ser:
– Substrato pobre em nutrientes.
– pH elevado no substrato.
– Raízes danificadas.
– Rega excessiva.
– Baixas temperaturas.
– Solos ricos em calcário ou com alto teor de manganês, zinco ou cobre.
O ferro, apesar do que dissemos até agora, não é um nutriente geralmente escasso no solo. Na verdade, é um dos elementos mais abundantes na crosta terrestre.
Mas, no entanto, só porque está disponível não significa que a planta o assimile. Sua absorção pode ser interrompida principalmente por um fator chave, que é a presença de carbonatos no solo.
Quando o teor de carbonatos no solo é elevado, o pH do solo torna-se básico, ultrapassando o valor de 7. Este aumento do pH tem consequências diretas na absorção de nutrientes, principalmente de ferro.
Para que elementos como o ferro estejam disponíveis para as plantas, eles devem estar na forma solúvel. Porém, em solos com pH básico, o ferro tende a se tornar insolúvel, o que faz com que as plantas tenham dificuldade em absorvê-lo.
A enzima redutase férrica nas raízes das plantas desempenha um papel crucial na conversão do íon de ferro para uma forma mais solúvel, facilitando sua absorção. Porém, em pH elevado, essa enzima torna-se inativa, agravando ainda mais a disponibilidade de ferro para as plantas.
Outro elemento que afeta a disponibilidade de ferro no solo é o teor de matéria orgânica. A matéria orgânica favorece a presença de microrganismos produtores de sideróforos, conhecidos como “transportadores de ferro”.
Além disso, a matéria orgânica estimula a produção de exsudatos nas raízes das plantas, chamados fotosideróforos, e a formação de ácidos húmicos e fúlvicos. Esses compostos atuam como agentes quelantes ou sequestrantes, ligando-se ao ferro e formando compostos altamente solúveis e móveis que são facilmente absorvidos pelas plantas.
É importante ressaltar que a solução do solo não contém apenas ferro, mas também outros elementos químicos que interagem de forma sinérgica ou antagônica.
Altas concentrações de zinco (Zn) tendem a diminuir a absorção de ferro, e altas proporções de cobre (Cu), zinco (Zn) e níquel (Ni) podem reduzir a atividade da enzima redutase férrica, dificultando ainda mais a disponibilidade de ferro para as plantas.
Como identificar a clorose férrica?
Quando a clorose é causada por deficiência de ferro, pode-se observar amarelecimento parcial das folhas. Estas perdem a cor, enquanto os nervos permanecem verdes.
Por ser um nutriente imóvel, a planta não consegue enviar o ferro armazenado para as áreas onde ele é necessário, que são os brotos de crescimento. É por isso que as primeiras folhas afetadas são as mais novas.
À medida que a carência de ferro progride, as bordas das folhas se curvam para cima. Em casos mais graves, acabam caindo e a planta morrendo.
Como tratar a clorose nas plantas de maconha?
Às vezes, a clorose férrica é resolvida simplesmente garantindo que o pH da água de rega e do substrato seja mantido abaixo de 6,5. Este único gesto permite que a planta assimile o ferro disponível.
Quando a deficiência é grave ou grave, é aconselhável utilizar um quelato de ferro, que é um composto formado pela união de um íon metálico, como neste caso o ferro, com uma molécula orgânica que atua como agente quelante. O agente quelante envolve o íon metálico, formando uma estrutura estável e solúvel em água.
É possível encontrar um quelato de ferro de vários tipos. E a escolha depende da faixa de pH do solo. Cada agente quelante tem uma afinidade específica para certos íons metálicos e uma faixa de estabilidade em termos de pH:
– Fe-EDTA: é estável em uma faixa de pH entre 3 e 6. Embora seja o quelato mais fraco, é comumente usado em aplicações foliares.
– Fe-DTPA: é estável na faixa de pH de 3 a 6,5. Esse tipo é muito popular em cultivos que crescem em substrato, como solo para vasos, já que o pH nesses ambientes costuma ficar abaixo de 6,5.
– EDDHA: é um quelato estável na faixa de pH de 3 a 10. É utilizado quando o pH do solo é superior a 6,5.
Uma das formas mais rápidas e eficientes de corrigir a clorose férrica é através da aplicação de corretores foliares com alto teor de ferro. Mas para evitar que cheguem a esse ponto, não prive as suas plantas de maconha de uma alimentação completa e equilibrada desde o primeiro dia, com um bom substrato e um fertilizante completo que inclua tudo o que necessitam, incluindo o ferro.
Referência de texto: La Marihuana
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