A grande maioria das pessoas que tiveram as penas perdoadas pertence à região do Rife, zona mais emblemática do cultivo da planta no país africano, onde 80% da renda da população está relacionada à maconha.
Recentemente, o rei do Marrocos, Mohammed VI, concedeu perdão a um total de 4.831 pessoas presas por crimes relacionados com a maconha. A grande maioria são pequenos agricultores que vivem na região do Rife, situada no norte do país e a zona mais emblemática no que diz respeito ao cultivo da planta para posterior produção de kief (haxixe). A medida foi anunciada pelo ministério da justiça do país no dia 19 de agosto, um dia antes do 71º feriado nacional da Revolução do Rei e do Povo, em que a coroa costuma conceder diversas anistias.
O perdão massivo da realeza marroquina aconteceu 3 anos após a aprovação da lei que permite a produção de maconha para fins terapêuticos. De acordo com a agência de notícias local, MAP, cerca de 548 pessoas perdoadas estavam na prisão e outras 137 foram condenadas a cumprir pena de prisão, mas ainda estavam em liberdade. O restante foi processado antes da legalização medicinal no país.
Com base em um estudo da ONG Global Initiative, estima-se que na zona do Rife existam entre 96.000 e 140.000 famílias que vivem direta ou indiretamente da indústria da maconha, a grande maioria das quais são pequenos agricultores que se encontram em uma situação economicamente vulnerável. Em 2016, o então presidente da região, Ilyas al Omari, garantiu que 80% da renda da população do Rife estava relacionada à cannabis.
O Rife também concentrou a principal oposição política ao regime marroquino em Rabat. Entre 2016 e 2017, ocorreram grandes revoltas e uma repressão brutal que ainda mantém vários ativistas presos. Por este motivo, a legalização da maconha procurou acalmar as tensões na área e permitir uma saída econômica para os seus residentes, uma vez que Marrocos só permite a produção da planta nesta região.
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