O vice-presidente da Bolívia, David Choquehuanca, anunciou na última segunda-feira na 66ª Comissão de Entorpecentes (CND) da ONU que seu país iniciará um procedimento para acabar com a proibição internacional da folha de coca. O dirigente lembrou que a planta tem vários usos tradicionais em seu país e em outros países da região andina.
David Choquehuanca explicou que a Bolívia iniciará o procedimento formal para solicitar uma revisão da Organização Mundial da Saúde sobre as propriedades da folha de coca. A intenção é que a OMS reconheça que o uso da folha de coca não oferece risco à saúde e que o relatório sirva para recomendar sua reclassificação nas listas de drogas proibidas internacionalmente.
“Em 1961, foi cometido um erro histórico”, disse o vice-presidente à Comissão de Entorpecentes, reunida em Viena. Choquehuanca se referia à Convenção das Nações Unidas sobre Entorpecentes aprovada em 1961, que proibia o uso de folha de coca, maconha e ópio em todo o mundo. Essas plantas constam da Lista I da Convenção, que inclui as substâncias consideradas mais perigosas e às quais se aplica o controle mais rigoroso.
“O uso ritual da folha de coca não é vício em drogas”, disse o vice-presidente boliviano, segundo o jornal Jornada. “Quando as leis são ineficientes, a justiça é injusta”, disse Choquehuanca, que considerou que a proibição da folha de coca causou “seis décadas de discriminação e colonização”. O vice-presidente anunciou que nas próximas semanas o seu país se dirigirá ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para solicitar uma revisão por parte da OMS.
Referência de texto: Cáñamo
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