Um novo estudo de caso clínico no Brasil sugere que microdoses regulares de cannabis com alto teor de THC podem potencialmente tratar a doença de Alzheimer (DA).
O estudo de caso, publicado recentemente no Journal of Medical Case Reports, detalha um estudo experimental de 2 anos envolvendo um paciente brasileiro de 75 anos diagnosticado com DA em estágio leve. O paciente havia sido diagnosticado com DA dois anos antes do início do estudo e estava apresentando perda de memória, desorientação espacial e temporal e esquecimento. No início do estudo, o paciente estava sob os cuidados de sua família, pois não conseguia realizar tarefas simples de higiene, culinária ou autocuidado.
Os médicos prescreveram ao paciente memantina, um medicamento tradicional usado para tratar a DA, mas esse medicamento causou efeitos colaterais graves sem melhorar seus sintomas. Com o Brasil tendo um programa limitado de maconha para fins medicinais que permite que pacientes qualificados importem maconha de outros países. A família do paciente começou a importar um extrato de THC:CBD 8:1 e começou a administrar este medicamento diariamente.
Ao longo de 22 meses, pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana no Brasil e da Universidade Johns Hopkins em Baltimore acompanharam a saúde física e mental do paciente. Por recomendação dos pesquisadores, a família do paciente variou sua dose diária de THC entre 500 microgramas a 1 miligrama por dia. Os pesquisadores então conduziram uma série de escalas de avaliação cognitiva padrão para determinar a eficácia do tratamento.
Os pesquisadores relatam que o tratamento mostrou resultados “sem precedentes e muito encorajadores”. Pouco depois de iniciar a microdosagem, o paciente relatou melhorias imediatas na retenção de memória e no desempenho cognitivo. O estudo também observa sérias melhorias na qualidade de vida, incluindo reduções de mudanças de humor e comportamento agressivo. O paciente continuou com as microdoses de cannabis após o término do teste, e uma visita de acompanhamento indicou que o tratamento ainda era altamente eficaz 42 meses após o início do experimento.
“Eu costumava me sentir esquecido, mas nem uma vez após o tratamento”, disse o paciente aos autores do estudo. “Às vezes, eu não sabia onde estava, não aconteceu mais comigo. Eu me via perdido nas ruas, não podia sair de casa sem ajuda; hoje, peguei o ônibus sozinho para fazer minha avaliação clínica. Logo após o início do tratamento, já me sentia mais alerta e animado durante as atividades diárias, e notei que tenho dormido muito melhor”.
“A terapia baseada em canabinoides mostrou-se promissora e está emergindo como crucial para o tratamento de déficits cognitivos, doenças mentais e muitas doenças consideradas incuráveis”, escreveram os autores do estudo. “Há uma necessidade de encontrar uma terapia apropriada para a doença de Alzheimer, e a terapia à base de canabinoides parece ser uma possibilidade viável”.
Mas como o estudo envolveu apenas um único paciente, os pesquisadores não conseguiram concluir que a microdosagem de canabinoides seria realmente capaz de tratar a doença de Alzheimer em todos os pacientes. O estudo de caso apoia outros estudos de caso e ensaios clínicos mostrando que o THC e o CBD podem tratar efetivamente os sintomas da DA. O presente experimento também sugere que esses efeitos positivos podem ser alcançados com doses mais baixas de THC do que se pensava anteriormente.
Um experimento de laboratório do início deste ano também descobriu que o CBN, um canabinoide relativamente inexplorado, também poderia ajudar a reduzir o risco de DA, Parkinson ou doenças semelhantes, protegendo as células cerebrais do envelhecimento. Outro estudo intrigante também relata que microdoses de LSD também podem melhorar o desempenho da memória em pacientes com DA.
Referência de texto: Merry Jane
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