Um grupo fundado por ex-policiais na França quer ser o porta-voz de um “testemunho até agora inaudível”, os policiais em atividade sujeita à obrigação de reserva querem fazer a “observação diária e esmagadora do fracasso da atual política pública de drogas e seus múltiplos efeitos perversos”.

Os membros do grupo uniram vozes individuais com grupos ativistas como IARC e NORML e esperam promover a palavra dentro das equipes de polícia para trazer mais e mais colegas para a causa.

No site do coletivo, diz que a política de repressão aos usuários de drogas nunca conseguiu reduzir os números do uso de substâncias ou crimes. Segundo o coletivo, essa política é inútil porque não é dissuasiva para os consumidores e não tem impacto na resolução de pesquisas de tráfico. Em suma, mobiliza desnecessariamente o tempo e a energia da polícia e é um grande desperdício de recursos públicos. Os usuários de maconha são os mais afetados por essa repressão e representam 90% das prisões pelo uso de substâncias ilícitas.

O grupo também está preocupado com as relações entre a polícia e a população, particularmente nos chamados bairros sensíveis, onde os relatórios são marcados por “ódio e brutalidade”. A repressão aos usuários de drogas prejudica a imagem da polícia, cuja ação é percebida como inútil, contraproducente e, muitas vezes, injusta. Controles de identidade e rebarbas direcionadas criam conflitos com jovens da vizinhança que se sentem injustamente estigmatizados. Ao transmitir essas vozes particulares, o coletivo quer gerar uma nova imagem da polícia que muitas vezes é percebida como o bom pequeno soldado da repressão e um corpo conservador e até mesmo reacionário.

Por fim, os integrantes do coletivo consideram que “a repressão é um obstáculo à prevenção, à informação, ao acesso aos cuidados e à redução de danos, que devem, no entanto, ser prioridades absolutas”. Defendem uma revisão dos problemas de drogas de uma perspectiva de saúde e não judicial com foco na redução de riscos.

O que o coletivo propõe:

– Descriminalização do uso de entorpecentes e regulação do mercado da cannabis. Para isso, será necessário revogar o artigo L.3421-1 do Código de Saúde Pública.

– Fornecer a polícia Naloxone, uma droga contra os efeitos da heroína e pode prevenir a morte por overdose antes que a ajuda chegue.

– A criação de salas de consumo mais seguras para toxicodependentes que consigam consumir com segurança com equipamento esterilizado. Estas salas também reduzem a inconveniência do público criando espaços dedicados ao uso de drogas.

– Lançar uma reflexão global sobre o papel da polícia, seu significado e seus objetivos para restaurar os valores do serviço em seu centro.

O grupo lamenta que a polícia, que supostamente está a serviço da população, tenha se tornado a figura da opressão. Os membros do coletivo desejam apresentar o livre arbítrio do oficial com a noção de desobediência ética. Em outras palavras, os encarregados da aplicação da lei se comprometem a não iniciar processos contra usuários de drogas como eles são obrigados a fazer, mas sim a informá-los sobre as estruturas de proximidade onde podem obter ajuda.

Essa desobediência ética também faz parte de um protesto contra um sistema perverso de serviços policiais chamado política de números. Consiste em um sistema de objetivos quantificados com bônus-chave de desempenho que correm por toda a hierarquia da polícia. Este sistema confunde desempenho e prisão e alimenta a repressão de usuários de drogas e, especialmente, usuários de cannabis para inflar as estatísticas. O grupo denuncia um “sistema tóxico para a segurança pública que justificaria uma comissão de investigação parlamentar”.

Fonte: Newsweed

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