Por mais incrível que pareça, a Rede Globo está desempenhando um ótimo papel em desconstruir o estigma popular da maconha por meio de reportagens. Antes tarde do que nunca. Todo tipo de informação que acrescente na discussão da descriminalização das drogas é bem-vinda, ainda mais quando ela vem da mais influente emissora do país.

O colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, já adiantou a informação de que a Anvisa irá, até o fim do ano, regulamentar a maconha no Brasil para fins medicinais e terapêuticos. Mas sabe-se que o preconceito das pessoas com relação a erva é ainda muito enraizado, prova disso são os comentários em posts do facebook que colocam o usuário de maconha no mesmo grupo dos dependentes químicos e criminosos.

Só uma mudança na política de drogas por parte do Supremo Tribunal Federal não é o bastante para mudar a mentalidade do brasileiro. Enquanto que em vários países do mundo a maconha é vista como algo banal, o Brasil insiste, principalmente por meio dos políticos, em manter o tabu vigente no país. E o único jeito de combater a ignorância, é por meio de informação.

A última edição do Profissão Repórter consegue exemplificar bem a mudança de postura da Globo para falar sobre a maconha. A reportagem mostrou que planta tem sim vários benefícios medicinais comprovados por pesquisas científicas, e para determinadas doenças ela é a única forma de tratamento eficaz. Por tanto, a Globo bate de frente com a recente declaração do ministro Osmar Terra que disse que a maconha não tem nenhum uso médico comprovado.

Não foram apenas os usuários medicinais que foram abordados de uma forma mais natural. Os usuários recreativos, que representam os grandes consumidores de maconha, foram retratados como reféns de um sistema falho, que apenas aumenta o problema de saúde e segurança pública. O usuário de maconha quer usar maconha sim, do mesmo jeito do fumante que quer fumar cigarro mesmo sabendo de seus malefícios.

E para exemplificar como a legalização da maconha pode trazer mudanças positivas a todos, mas respeitando a individualidade de cada pessoa, o Uruguai foi o grande modelo da reportagem. Tirar o lucro das drogas das mãos dos grandes traficantes e direcionar para o estado é a forma encontrada pelo governo do então presidente Mujica para enfraquecer o crime organizado. E funcionou.

O Brasil está na direção certa; atrasado, mas avançando em passos lentos e pequenos.

Por Francisco Mateus

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